18 de outubro, 2022

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Exposição permanente do Santuário reabre após remodelação 

A exposição "Fátima Luz e Paz" foi inaugurada há 20 anos, esteve encerrada durante a pandemia e reabriu agora, após uma remodelação que beneficiou o espaço e que traz novidades.

 

A exposição permanente do Museu do Santuário de Fátima reabriu as portas, no passado domingo, depois de uma remodelação de que foi alvo, durante o tempo da pandemia. Neste 18 de outubro, em que se celebra o Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja, o Santuário de Fátima ofereceu uma vista guiada aos jornalistas, onde deu a conhecer as principais novidades desta remodelação.

Agora, os visitantes vão poder admirar a coroa de Nossa Senhora de Fátima de todas as perspetivas, uma vez que o expositor onde é mostrada assume um lugar central, logo na primeira sala. A sinalética e contextualização dos espaços foi melhorada, com painéis produzidos a partir da documentação histórica e fotográfica do Museu e novas peças foram integradas na mostra, nomeadamente o báculo que o cardeal D. António Marto ofereceu a Nossa Senhora de Fátima, no final do seu mandato como bispo de Leiria-Fátima.

A peça mais antiga do acervo do Museu do Santuário - um cálice de 1610  - pode também ser vista na renovada exposição, que reúne apenas ofertas que os peregrinos deixam a Nossa Senhora.

“Cada peça que está aqui representa uma vivência muito especial. Nós temos desde a coroa preciosa, a peça mais importante da exposição, mas também ofertas de movimentos, de dioceses, de países, temos algumas custódias, temos ofertas de Papas,  mas depois temos ofertas de pessoas anónimas, desde vestidos, bandeiras e estandartes”, referiu o reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas, nas boas-vindas aos jornalistas, ao destacar a mais valia da exposição na ajuda que dá na perceção "do significado do acontecimento, mas também a forma como muitas pessoas o foram vivendo”.

O reitor do Santuário sublinhou ainda o "valor simbólico e o sentido de cada oferta" que ali é mostrada e que são expressão "de um conjunto enorme de vivências de cada peregrino".

“O museu nasceu para preservar a memória dos acontecimentos e protagonistas, mas também a memória dos peregrinos: todos os que nesta memória centenária aqui acorreram. Esta é uma das especificidades significativas do museu, que recolhe o testemunho e ofertas dos que aqui acorreram e que são conhecidos, como as ofertas do Papas que visitaram este local, mas também de pessoas anónimas, que são significativas pela sua força simbólica”, acrescentou.

No ano de 2019, antes de encerrar para remodelação, a exposição permanente foi visitada por mais de 75 mil peregrinos, sobretudo por portugueses, italianos, espanhóis e polacos.

A exposição "Fátima Luz e Paz" pode ser visitada diariamente entre as 9h00 e as 12h15 e 14h00 e as 17h15, no piso inferior do edifício da reitoria do Santuário de Fátima.

 

A história de Fátima contada através dos afetos

Uma das mais icónicas imagens dos três Pastorinhos abre as portas da exposição, que após a remodelação de que foi alvo, faz acompanhar os objetos expostos de novos painéis com informação gráfica sobre os temas relacionados.

O visitante é depois conduzido, através de um percurso estrito e sinuoso, até ao cenário da I Grande Guerra Mundial. Daqui, o azimute aponta para “a paz que Fátima traz à história da humanidade”, com uma primeira referência ao Anjo da Paz, que, em 1916, antecipa aos três videntes as aparições através das quais Nossa Senhora lhes confia a mensagem de Fátima.
Num pequeno auditório onde é exibido um pequeno filme, é dada a conhecer ao visitante a narrativa das Aparições, numa contextualização que o prepara para a “exposição de afetos” que vai ver.

“Esta exposição é feita apenas de ex-votos – ofertas que os peregrinos deixam a Nossa Senhora. Umas com mais valor material que outras, mas todas elas com a mesma valia museológica”, afiança o diretor do museu, Marco Daniel Duarte, que nos conduz pela exposição.

Apesar de todas as ofertas concorrerem com a mesma importância, há uma peça-chave que assume lugar de destaque na exposição: a coroa de Nossa Senhora de Fátima, também ela composta de jóias de valor oferecidas pelas mulheres portuguesas, mas também por uma bala de latão que, apesar de não ter valor material, tem o seu valor imaterial por se tratar do projétil que atingiu o Papa João Paulo II no atentado de 13 de maio de 1981, em Roma.

“Esta bala é uma imagem do que é esta exposição: a reunião de vários objetos que foram oferecidos a Nossa Senhora e que materializam uma relação incomensurável”, sintetiza o responsável.

Pela sua importância, a coroa preciosa assume lugar central logo na primeira sala, onde também se concentram os objetos de aparato: custódias, cálices, crucifixos e as jóias de ornamento pessoal que já podiam ser vistas nesta exposição.

 

  • Objetos provenientes dos cinco continentes estão reunidos na exposição. As oferendas são constituídas sobretudo por ourivesaria e peças têxteis e de artesanato feitas de argila, madeira, marfim e prata, que integram um vasto acervo que ainda não se encontra totalmente estudado.

 

Depois de se admirarem peças preciosas de ouro, prata, gemas e cristal de rocha, o visitante é convidado a ver objetos de valia imaterial, ligados ao mundo do desporto, às artes e ofícios ou a estágios da vida humana mais decisivos ou que exigem mais risco. Uma farda militar, um traje de toureiro e um de estudante podem ser vistos numa das vitrines, onde passa a estar exposto uma das novidades desta remodelação: um acordeão oferecido a Nossa Senhora pela acordeonista e compositora Eugénia Lima, nos últimos momentos da sua vida.

Na lateral do corredor que conduz à sala seguinte, o Rosário feito com peças do muro de Berlim ganha maior destaque nesta renovada exposição.

“Trata-se de uma peça com uma mensagem espiritual muito forte e que os peregrinos gostam de ver”, explica Marco Daniel Duarte.

A marcar o desejo da bênção de Nossa Senhora para os momentos de passagem podem ver-se vestidos de Batismo e de noiva no espólio de oferendas. 

 

  • Uma custódia oferecida a Nossa Senhora de Fátima por uma comunidade de peregrinos polacos, em 2017, pode ser admirada na exposição. A peça é constituída por uma escultura de Nossa Senhora que, no seu ventre ostenta o lugar para a exposição da hóstia eucarística e, aos pés, num crescente lunar, tem encrustada uma pedra escolhida na lua. 

 

As viagens da Virgem Peregrina de Fátima pelo mundo são apresentadas numa sala dedicada a esta epopeia, onde, à vista de um mapa com fotografias exemplificativas, que contextualizam o início do percurso pelos cinco continentes, são mostrados alguns dos objetos oferecidos durante este périplo e que dão uma “ideia daquilo que é o fenómeno de Fátima ao longo do último século”.

Depois de um percurso pela esfera dos peregrinos anónimos, a exposição termina com o foco naqueles que foram os peregrinos mais emblemáticos de Fátima: os bispos diocesanos e os Papas. Nesta galeria podem ser vistas alfaias litúrgicas, mitras, cruzes peitorais e anéis daqueles que governaram a diocese de Leiria e, mais tarde, de Leiria-Fátima. Entre o espólio remodelado está um anel e uma cruz peitoral usado por D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva e o báculo do cardeal D. António Marto.

 

  • Os cartões de fundo azul, onde são expostas as jóias de ornamento pessoal oferecidas a Nossa Senhora de Fátima, mantêm o modelo da exposição para a qual foram constituídos e que esteve patente no Castelo de São Jorge, em Lisboa, nos anos 50 do século passado. A mostra foi promovida por Maria Teresa Pereira da Cunha, a grande obreira das viagens da Virgem Peregrina pelo mundo, também recordadas num painel gráfico na remodelada exposição permanente do Santuário de Fátima. 

 

No final, podem contemplar-se os objetos oferecidos pelos Papas a Nossa Senhora. De Paulo VI: a rosa de ouro; o báculo pastoral; algumas alfaias litúrgicas; o terço que depositou aos pés de Nossa de Fátima, aquando da sua vinda à Cova da Iria; assim como os paramentos por ele usados nas celebrações do cinquentenário das Aparições. De João Paulo II: algumas alfaias litúgicas, o anel com o lema “Totus Tuus” que lhe pertenceu; as três casulas por ele usadas nas celebrações a que presidiu no Santuário e um terço com um lenço que, segundo informações obtidas pelo Museu do Santuário, esteve com o Santo Padre no final da sua vida. Do Papa Bento XVI e do Papa Francisco, as rosas de ouro que ofereceram ao Santuário de Fátima em 2010 e 2017, respetivamente.

Após a visita à exposição permanente do Santuário de Fátima, num percurso de afetos trilhado entre as trevas da guerra e a luz da paz que a Mensagem de Fátima oferece à humanidade, o visitante sai com uma perceção mais concreta do acontecimento de 1917, da amplitude da projeção que a Mensagem que Nossa Senhora legou aos Pastorinhos teve no mundo e da estreita relação de Fátima com os Papas.

“Ao mostrar as ofertas que são depositadas junto de Nossa Senhora, a exposição mostra a história de Fátima, marcada pelos peregrinos anónimos e os mais conhecidos. A relação filial estabelecida por ambos com a Virgem de Fátima materializa-se nos objetos que ficam e que a testemunham”, explica o diretor do Museu do Santuário de Fátima.

Apesar de já contar duas décadas de existência, a exposição, tal como a mensagem de Fátima, mantem a sua atualidade, sobretudo nos temas da guerra e da paz, perenes na história da humanidade.

 

 
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