13 de julho, 2008

Para além dos grupos de peregrinações organizadas inscritas no Serviço de Peregrinos do Santuário, foram muitos os milhares de outros peregrinos que participaram, na manhã do dia 13 de Julho, na Eucarístia da Peregrinação Aniversária de Julho, presidida por D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa. Concelebraram o Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, e muitos sacerdotes. 
O facto de o dia 13 coincidir com o Domingo, e também talvez pelo bom tempo registado, trouxe a Fátima muitas famílias e outros grupos.
No momento da Oração dos Fiéis, foi motivo de especial oração a viagem do Santo Padre Bento XVI à Austrália.
"Pelo Santo Padre o Papa Bento XVI, para que por ocasião do Dia Mundial da Juventude, que está a ser celebrado em Sidney, na Austrália, desperte nos jovens o fogo do amor divino que os transforme em semeadores de esperança por uma nova humanidade", rezaram os fiéis em Fátima. 
Durante a homilia (na íntegra em baixo), D. Joaquim Mendes apelou à redescoberta e à valorização da Palavra de Deus nas comunidades cristãs.
"A Palavra responde à situação do nosso mundo, a todos aqueles que obstinadamente se fixam somente no terreno pedregoso e com espinhos onde a semente se perde; que procuram sublinhar o insucesso do Reino, descredibilizando a Igreja, procurando remetê-la para a esfera do privado. A Palavra é um convite à esperança de crentes e não crentes, para que abram os olhos para ver a luz, a verdade e o bem, os frutos da semente da Palavra que germina no coração de tantos homens e mulheres e nas comunidades cristãs, que, no silêncio, na humildade e na discrição produzem, “umas, cem; outras, sessenta; outras, trinta por um”. Estes são todos aqueles que escutam a voz de Cristo e dão testemunho da verdade de Deus, hoje, no mundo", afirmou D. Joaquim Mendes.
 
 
HOMILIA DE D. JOAQUIM MENDES - 13 .07.2007:

    Tema: “Vim ao mundo para dar testemunho da Verdade”
 
1. Com estas palavras, Jesus responde à interrogação de Pilatos: “Então Tu és rei?” “Tu o dizes: eu sou rei. Para isso nasci e para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18,37).
Jesus veio ao mundo para dar testemunho da verdade de Deus, de quem fala quase cada uma das páginas da Bíblia, que escutamos na Palavra proclamada.
Sempre que os cristãos se reúnem para celebrar a Eucaristia, antes da mesa eucarística, o Senhor põe a mesa da Palavra, com a qual alimenta o seu povo e o guia pelos caminhos da Aliança e da fidelidade à verdade revelada.
 
2. A Palavra exprime a fidelidade de Deus em relação à aliança, oferecida aos homens para a sua salvação. É escutada e acolhida por todo aquele que busca a verdade, vive na verdade: “Quem é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18,37).
Esta palavra eficaz e de uma fecundidade extraordinária é indestrutível, porque vem de Deus, e exige do homem disponibilidade, conversão, confiança naquele que a pronuncia, apesar dos sinais de aparente insucesso.
O crente é continuamente tentado a perder esta confiança, quando vê multiplicarem-se os abandonos, a indiferença e a oposição, onde se esperava que a Palavra manifestasse a sua eficácia.
 
3. Dirigindo-se às pessoas que não vêem senão insucessos, para quem todas as esperanças em relação ao Reino parecem goradas, Jesus responde com a parábola que escutámos: os insucessos no presente, não impedirão o sucesso final, que compensará todas as perdas.
Dirigida a todas as pessoas desanimadas, a parábola do semeador é a parábola da esperança.
Jesus encontra dificuldades no seu ministério: abandonos, deserções, indiferenças e oposições, que impressionam os que estão à sua volta e que os levam a questionarem, se verdadeiramente Ele é capaz de estabelecer o Reino de Deus sobre a terra.
A estas objecções a parábola responde: raciocinar assim, seria apenas fixar-se na perda de uma parte da semente e concluir que a semente não dará qualquer fruto.
Uma parte da semente, de facto, perde-se, mas não se pode concluir que a semente não dá fruto, bem pelo contrário.
 
4. Os insucessos não faltam também hoje; não faltam cristãos desorientados, desiludidos, sem esperança. A parábola da semente conserva toda a sua actualidade.
Não obstante as adversidades, o terreno pedregoso, os espinhos que ameaçam e sufocam a semente, no fim, onde a semente consegue enraizar, a recolha é abundante, frutifica e produz cem, oitenta, sessenta e trinta…
Apesar das adversidades, do terreno refractário da história, dos espinhos das consciências egoístas, o Reino de Deus desenvolver-se-á em plenitude.
A parábola é por isso, um apelo à confiança e à esperança no Reino de Deus e na sua força oculta no manto da sua pobreza e do seu aparente insucesso.
Esta é também a mensagem do oráculo de Isaías, da primeira leitura: a Palavra de Deus é eficaz, a sua força fecundante é semelhante à da chuva tão desejada pelo agricultor e celebrada no “canto da primavera”, do salmo responsorial que cantamos.
 
5. A Palavra de Deus, também hoje, encontra um vasto horizonte de indiferença, hostilidade e rejeição, mas não é por isso que ela perde a sua força ou se deixa de proclamar.
Ela continua a contar com uma porção de “boa terra”, onde cai e frutifica e produz fruto abundante, que compensa largamente as perdas do terreno estéril.
A “boa terra” é o terreno espiritual dos “pequenos”, dos pobres, dos pecadores convertidos que alargam o coração e a vida à Palavra de Cristo, que acolhem com entusiasmo e confiança a “Boa-Nova” do Reino que promete perdão e paz.
Esta semente santa, que cai no coração dos justos e dos fiéis, compensa as desilusões, pela semente estéril dos indiferentes e auto-suficentes, de ouvidos fechados e coração endurecido.
 
6. Esta parábola da esperança é uma grande reflexão sobre o Reino de Deus, sobre a Igreja, sobre a fé e sobre as obras, sobre o mal, a incredulidade e a rejeição obstinada da luz e do bem, por isso Jesus adverte: “Quem tem ouvidos, oiça”.
A Palavra de Deus não é só verdade, mas é força que opera em nós e nos introduz no dinamismo da salvação, é fonte de vida.
Esta Palavra continua a viver na Igreja. O Evangelho que a Igreja proclama é Palavra de Deus, “viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes; penetra até dividir o espírito (…) julga as disposições do coração. E não há criatura oculta à sua presença (Hb 4,12).
A Palavra liberta da “corrupção que escraviza”, produz uma transformação radical, que vai para além das nossas forças e possibilidades, responde à esperança da revelação que os filhos de Deus esperam ansiosamente, como refere o apóstolo S. Paulo, na segunda leitura.
A Palavra de Deus sacia a inteligência, aquece o coração, encoraja a vida.
 
7. Caríssimos irmãos e irmãs:
Como Maria Santíssima sejamos um “bom terreno”, que acolhe a Palavra com um coração aberto, disponível, generoso e dócil.
A Palavra gera em nós Cristo. Deste modo, podemos oferecê-lo ao mundo como Maria.
A Palavra é um grande tesouro, que precisámos de redescobrir e de valorizar na nossa vida de crentes e na vida das nossas comunidades cristãs. Ela é uma presença de Deus que nos acompanha e nos guia pelos caminhos da fidelidade à aliança.
Nela podemos escutar Deus que nos fala, dialogar com Ele, encontrar resposta para as nossas dúvidas e inquietações, encontrar razões para viver com esperança e dar razão da nossa esperança a quantos nos interrogam e nos questionam sobre a fé, manifestando assim que o Reino de Deus chegou, germina e frutifica em nós.
A Palavra ilumina, dá a força e a coragem de Cristo, para dar testemunho da Verdade, num mundo ferido pela mentira, pelo erro, pela falsidade, onde muitos se iludem, pensando que o Reino e os seus valores estão ultrapassados.
A Palavra responde à situação do nosso mundo, a todos aqueles que obstinadamente se fixam somente no terreno pedregoso e com espinhos onde a semente se perde; que procuram sublinhar o insucesso do Reino, descredibilizando a Igreja, procurando remetê-la para a esfera do privado.
A Palavra é um convite à esperança de crentes e não crentes, para que abram os olhos para ver a luz, a verdade e o bem, os frutos da semente da Palavra que germina no coração de tantos homens e mulheres e nas comunidades cristãs, que, no silêncio, na humildade e na discrição produzem, “umas, cem; outras, sessenta; outras, trinta por um”. Estes são todos aqueles que escutam a voz de Cristo e dão testemunho da verdade de Deus, hoje, no mundo.
Associemo-nos a eles, para que a nossa vida cristã seja fecunda, produza fruto abundante, glorifique a Deus, e seja sinal da presença de que o Reino está vivo e continua e fecundar a história.
 
Fátima, 13 de Julho de 2008
† Joaquim Mendes
Bispo Auxiliar de Lisboa

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