13 de julho, 2008

Na Missa da Vigília de 12 de Julho, os peregrinos em Fátima, durante a oração dos fiéis, pediram ao Imaculado Coração de Maria pelo Santo Padre, "para que entregando o seu trabalho apostólico ao Imaculado Coração de Maria coopere no Seu triunfo no mundo e na vida dos homens".
Pediram também pelos cristãos perseguidos por causa da sua fé, "para que pelo seu testemunho corajoso, os costumes e a mentalidade das pessoas e da sociedade sejam iluminados pelo esplendor de Cristo, caminho, verdade e vida".
Uma última prece "pela humanidade inteira, para que se difunda no mundo a boa nova de que Cristo se fez a paz entre o homem e Deus, o homem e ele mesmo, o homem e os seus irmãos".
 
Durante a homilia (na íntegra em baixo), D. Joaquim Mendes exortou os cristãos a, tal como Maria, serem portadores de esperança e de alegria para o mundo.
 
"Abertos ao futuro e à esperança, a nossa espera, como a de Maria Santíssima, é uma espera activa: Estamos disponíveis para colaborar com o Senhor, para que as suas promessas se tornem realidade, para que Deus intervenha na história para a transformar, inserindo nela os dinamismos do Reino, da salvação trazida por Jesus Cristo.
O cristão, como Maria, é chamado a ser um sinal da salvação de Deus, portador de esperança e de alegria", afirmou o Prelado.
 
 
HOMILIA DE D. JOAQUIM MENDES - Missa da Vigília (12.07.2008):
  
Liturgia do dia 12: Missa do Imaculado Coração de Maria
1.ª leitura: Judite 13, 17-20; 15,9 «Não hesitaste em expor a tua vida»
2.ª leitura: Ap 7, 14-15 «Estes são os que vieram da grande tribulação»
Evangelho: Mt 5, 1-12 «Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos perseguirem e mentindo, disserem todo o mal contra vós”
 
1. A Palavra de Deus proclamada ilumina a nossa situação de cristãos, peregrinos, congregados na “casa de Maria”, para aprender a percorrer, com Ela, o difícil e misterioso caminho da fé, na fidelidade ao Senhor, aos seus mandamentos e à verdade, no quotidiano da vida.
 
2. Somos membros de um Povo com uma história feita de fidelidades e infidelidades à Aliança com Deus, mas não abandonado à sua sorte.
Nesta história, Deus faz-se presente, ora com os seus silêncios, ora com as suas advertências, por meio dos profetas, ora com a sua intervenção providencial, expressão do seu amor e da sua misericórdia e sobretudo na “plenitude dos tempos” através de Jesus Cristo, seu Filho, nascido da Vigem Maria (cf Gal 4,4-5).
Na construção desta história, o Povo de Deus da Antiga e da Nova Aliança, conta com membros ilustres, que confessaram a fé, uns com o martírio “branco”, isto é, com o testemunho quotidiano, outros com o “vermelho”, os mártires. Ambos constituem a multidão dos “bem-aventurados”. Uns conhecêmo-los, outros são anónimos.
A Palavra de Deus proclamada fala-nos deles.
 
3. A primeira leitura apresenta-nos Judite, uma mulher, membro do Povo de Deus do Antigo Testamento, que arrisca a vida para libertar o seu povo das mãos do inimigo que o queria destruir.
Nela se manifestou o poder de Deus. A Escritura elogia-a e recorda-a: “A tua confiança em Deus nunca se apagará do coração dos homens que se lembrarem do poder de Deus.” (v.19); “Tu és o orgulho de Jerusalém, a glória insigne de Israel, a honra do nosso povo” (15,9).
Judite é figura de Maria Santíssima, que esmaga a cabeça da serpente infernal.
Também Maria Santíssima, confiou em Deus, abandonou-se à Sua Palavra. Nela se manifestou o poder e a misericórdia de Deus, que por meio de Jesus Cristo, seu Filho, salva o seu povo.
 
4. Maria, a criatura mais ilustre do Povo de Deus, é a mãe dos redimidos, a primeira da assembleia dos eleitos, que o apóstolo S. João contempla na visão que escutamos, na segunda leitura.
A visão que S. João nos convida a contemplar com ele, constitui um dos quadros mais ricos do livro do Apocalipse. Nela apresenta a “multidão imensa” dos eleitos que se une ao louvor de todas as criaturas celestes. Uma multidão universal, proveniente de todas as partes do mundo, uma única assembleia, que se encontra diante do Cordeiro, no serviço divino, numa verdadeira liturgia em honra de Deus criador e salvador.
 
5. Nesta assembleia, Deus é celebrado como princípio e autor da salvação e o Cordeiro como mediador e realizador, partilhando o trono de Deus, seu Pai.
Esta assembleia litúrgica é uma assembleia de triunfo e de alegria.
O branco é a cor da vitória e as palmas símbolo da alegria do triunfo. A veste branca é a expressão do novo ser, do “novo nascimento” no Sangue do Cordeiro.
Nesta multidão imensa reconhecemos não só os mártires da perseguição, mas todos os eleitos que venceram a prova da fé. “São os que vieram da grande tribulação”, da prova do martírio e da prova da fé.
 
6. A vida dos eleitos encontra a sua melhor expressão no serviço litúrgico, na celebração da salvação, na adoração e no louvor.
Esta noite somos essa assembleia, reunida neste local sagrado, onde sentimos a proximidade de Deus e podemos partilhar da sua intimidade.
Unidos à assembleia celeste, somos o povo fiel do Senhor, que segue o Cordeiro por onde quer que vá, como as ovelhas seguem o pastor, porque Ele nos conduz às fontes da vida.
O Senhor neste noite, proclamou para nós, o Evangelho das Bem-aventuranças, uma promessa de esperança para os pobres em espírito, para os que têm fome e sede de justiça, para todos aqueles que buscam uma medida alta de vida cristã, a nível moral e espiritual, e para todos aqueles que se encontram em situação difícil de pobreza, de aflição.
Ao mesmo tempo, nelas, o Senhor assegura a felicidade eterna aos misericordiosos, aos puros de coração, aos promotores da paz.
 
7. As Bem-aventuranças são um código de vida, um anúncio de esperança e de salvação, uma promessa que o Senhor oferece a todos, quantos vivem imersos na aflição da vida terrena, mas de modo particular aos pobres: “Bem aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”.
Quem são os pobres desta bem-aventurança?
São os abatidos pela dor e pela miséria sobre os quais Deus se curva com infinita piedade, para lhes anunciar a salvação messiânica.
São os privados de bens e de segurança; são os oprimidos, os marginalizados e rejeitados.
São todos aqueles que confiam em Deus, se abandonam à sua misericórdia e somente dele esperam a salvação.
Os pobres são todos aqueles que sabem que a única e verdadeira esperança, para a situação difícil em que se encontram, está em Deus.
 
8. Maria Santíssima pertencia a este grupo de pobres. Ela partilhou da situação e da fé do seu povo. Ela viveu a esperança messiânica, a realização das promessas de Deus.
“Maria é a primeira entre os humildes e pobres do Senhor que confiadamente esperam e recebem a salvação de Deus. Com ela, excelsa Filha de Sião, passada a longa espera da promessa, se cumprem os tempos e se inaugura a economia da salvação, quando o Filho de Deus dela recebeu a natureza humana, para libertar o homem do pecado…” (LG 55).
Maria é a nova “Arca da Aliança” que transforma o sinal em realidade, a lei em coração palpitante, o de Cristo, Verbo que se fez carne no seu seio, que veio anunciar a Boa-nova aos pobres, a proclamar a libertação aos cativos, a mandar em liberdade os oprimidos (cf. Lc4,18-19).
 
9. Como Maria Santíssima, pertencemos ao grupo dos pobres, de todos quanto esperam e confiam em Deus.
Abertos ao futuro e à esperança, a nossa espera, como a de Maria Santíssima, é uma espera activa: Estamos disponíveis para colaborar com o Senhor, para que as suas promessas se tornem realidade, para que Deus intervenha na história para a transformar, inserindo nela os dinamismos do Reino, da salvação trazida por Jesus Cristo.
O cristão, como Maria, é chamado a ser um sinal da salvação de Deus, portador de esperança e de alegria.
O Senhor quer servir-se de nós, para levar a esperança a quantos a perderam, para levantar os “ânimos abatidos”, ser sinais e portadores do Seu amor e da sua solicitude junto dos pobres, de todos aqueles, para quem Deus é a única esperança.
No serviço aos irmãos, sobretudo aos mais necessitados, movidos pela fé, encontraremos motivos para louvar o Senhor, proclamar e testemunhar a sua misericórdia, prestar-lhe culto em “espírito e verdade” e ser associados à assembleia dos eleitos, dos “bem-aventurados”, que seguem Cristo, testemunham a verdade e vencem a prova da fé.
 
Fátima, 12 de Julho de 2008
† Joaquim Mendes
Bispo Auxiliar de Lisboa

PDF

HORÁRIOS

06 jul 2024

Rosário, na Capelinha das Aparições

  • 10h00
Terço

Missa, na Basílica da Santíssima Trindade

  • 11h00
Missa
Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Ao continuar a navegar estará a aceitar a sua utilização. O seu navegador de Internet está desatualizado. Para otimizar a sua experiência, por favor, atualize o navegador.