20 de janeiro, 2019

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Escultura nº 1 da Virgem Peregrina de Fátima viajou para o Panamá na madrugada de segunda-feira

Imagem que acompanhará o Papa Francisco na JMJ foi estudada no Centro de Conservação e Restauro, na Escola de Artes da Católica do Porto

 

A escultura n.º 1 da Virgem Peregrina de Fátima viajou, na madrugada desta segunda-feira até ao Panamá para estar presente nas Jornadas Mundiais da Juventude, iniciativa que decorre de 22 a 27 de janeiro e que conta com a presença do Papa Francisco. Antes desta importante viagem, a imagem, datada de 1947, foi alvo de um processo de estudo técnico e material no Centro de Conservação e Restauro da Escola das Artes da Católica no Porto, a entidade escolhida pelo Museu do Santuário de Fátima para levar a cabo a identificação dos materiais que constituem o suporte e superfície da escultura, bem como a caracterização das técnicas construtivas utilizadas.

A este nível, refira-se que, durante 15 dias, o Centro de Conservação e Restauro desenvolveu um estudo aprofundado que permitiu perceber a forma como José Ferreira Thedim criou a escultura. Numa primeira fase, os investigadores do Centro tentaram perceber o estado de conservação do suporte e detetar intervenções passadas de conservação ou restauro. De seguida – e de forma a estudar o número e a espessura das camadas de tinta, identificar pigmentos, vernizes e outros materiais utilizados na escultura – recolheram e analisaram micro-amostras com o auxílio de infravermelhos e de raios-x.

 

Intervenção possibilita viagem de aproximadamente 8.000 quilómetros

Durante o processo de exame e análise da escultura – criada segundo a descrição da irmã Lúcia –, foi executada, ainda, a estabilização estrutural da base, um dos pontos mais sensíveis da imagem.

Carla Felizardo, diretora do Centro de Conservação e Restauro da Escola das Artes da Católica no Porto, refere que “a fragilidade da base e a necessidade de estabilidade da escultura levaram a que fosse realizado um reforço estrutural, essencial tendo em conta a viagem de aproximadamente 8.000 quilómetros que a imagem fará, agora, até ao Panamá”.

Para a diretora do Centro, “é um enorme motivo de orgulho saber que o nosso Centro fez parte do processo de estudo e conservação da imagem que acompanhará o Papa Francisco nas Jornadas Mundiais da Juventude”.

“A confiança que o Santuário de Fátima depositou no nosso trabalho, dando-nos a oportunidade de contactar com uma peça desta natureza, é, sem dúvida, um marco inigualável e que faz já parte das memórias mais importantes do Centro”, conclui.

Recorde-se que esta escultura percorre, desde 1947, os caminhos do mundo, tendo passado, em menos de 10 anos, pelos cinco continentes, sendo, talvez, a peça artística mais viajada do mundo.

Entre 1947 e 2003, ano em que a Imagem Peregrina nº1 foi entronizada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, saindo apenas excecionalmente do Santuário de Fátima, foram contabilizados cerca de 630 mil quilómetros percorridos pelos cinco continentes, aproximadamente 15 voltas ao mundo, tomando como referência perímetro equatorial.

 

Mensagem do Reitor

Numa mensagem aos Cristãos do Panamá o Pe. Carlos Cabecinhas, Reitor do Santuário de Fátima, falou da “enorme alegria” que é enviar a “Imagem Peregrina mais importante” para a Jornada Mundial da Juventude.

“Esta Imagem Peregrina é única, é a primeira e a original, aquela que percorreu os vários continentes, aquela que deu várias vezes a volta ao mundo” refere o Reitor do Santuário que sublinha o caráter “absolutamente excecional” desta saída. 

“Entendemos que este é um momento muito importante e que por isso justifica a saída desta Imagem Peregrina nº1, aquela que como eu dizia é para nós a mais importante das Imagens Peregrinas de Nossa Senhora de Fátima”, explicou o reitor do Santuário, justificando ainda as JMJ 2019 como um “acontecimento eclesial de primeira importância”.

Segundo as palavras do Pe. Carlos Cabecinhas, há uma “clara consciência do quão importante é para toda a Igreja esta presença dos jovens juntos com o Santo Padre em oração, em reflexão, em convívio, em festa”.

Por outro lado “sabemos o quanto a devoção a Nossa Senhora está desde a origem das jornadas mundiais da juventude ligada a este acontecimento. Sabemos o quão devoto era a Nossa Senhora o Papa S. João Paulo II, e por isso muito naturalmente, quando ele criou as jornadas mundiais da juventude, deu-lhe desde inicio um cunho mariano, e por isso este era também motivo mais que suficiente para o envio de uma Imagem para nós tão importante”.

Este envio, “é uma forma de exprimirmos a união na oração neste acontecimento”, reiterou.

Das viagens que a Imagem Peregrina fez pelos cinco continentes foi possível aferir a dinâmica pastoral centrífuga que leva a entidade cultuada aos peregrinos; a presença da imagem branca em países ainda em tensão pelo conflito mundial que terminara dois anos antes; a inculturação de Fátima e da sua ritualidade pelo mundo; e o carácter missionário das viagens na expansão do Evangelho, defende por outro lado o Diretor do Museu do Santuário de Fátima, Marco Daniel Duarte.

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