23 de junho, 2014



 
 
Fátima converteu-se para o Papa num centro de espiritualidade mariana
 
D. Rubén Héctor di Monti, Arcebispo Emérito de Mercedes-Luján, atualmente com 82 anos de idade, tem sido incansável no seu trabalho de promoção da Mensagem de Fátima no seu país, a Argentina. Responsável pela organização de quatro das peregrinações da Imagem Peregrina de Fátima à Argentina, em breve entrevista realizada em maio deste ano por ocasião de uma nova peregrinação a Fátima, D. Rubén di Monte reflete sobre a Mensagem de Fátima, sobre o mundo e sobre o seu amigo D. Jorge Bergoglio.
 
A entrevista foi realizada no dia 15 de maio, na casa da Congregação Aliança de Santa Maria, em Fátima, à qual a Sala de Imprensa do Santuário de Fátima agradece a colaboração.
 
Entrevista por LeopolDina Simões
 
O que é a Famiglia Missionera de Nuestra Senõra de Fátima (Família Missionária de Nossa Senhora de Fátima)?
 
A Família Missionária de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, fundada em 1986, é composta por sacerdotes e seculares, religiosas de vida ativa e de vida contemplativa e também por leigos consagrados. Foi fundada por mim e pela Irmã Alba Maria Martinez, natural do Uruguai, mas residente há mais anos na Argentina do que no Uruguai. Neste momento, encontra-se doente, mas, mesmo acamada, continua a dar testemunho da Mensagem de Fátima. Temos um mosteiro de vida contemplativa ao qual se dirige muita gente e onde damos a conhecer a Mensagem de Fátima. Mas também percorremos o país para anunciar aquilo que Nossa Senhora nos pediu para cumprirmos: penitência e oração. Queremos alargar a devoção a Nossa Senhora de Fátima e procuramos ser muito fiéis à sua Mensagem. Temos um “Fatimóvel” que percorre o país – é já o segundo, pois já percorremos muitos milhares de quilómetros – distribuindo muito material informativo: cartazes, calendários, panfletos, pins, etc. Nunca cobramos nada pelos materiais; é tudo  oferecido.
 
Sente portanto que a Mensagem de Fátima continua a necessitar de ser conhecida?
 
Sim, sim exatamente. Oração e penitência são o mais importante. O rosário também está no centro; a devoção dos Cinco Primeiros Sábados de cada mês está também muito divulgada na Argentina. Fazer conhecer e amar Nossa Senhora e procurar que o Mundo aceite esta  mensagem da Virgem e que leve a uma mudança desta humanidade, completamente enlouquecida com tanto pecado e com toda a corrupção, é o que pretendemos. Divulgamos também as mensagens das aparições de La Salette e de Lourdes, mostrando a inter-relação que existe entre estas mensagens.
 
Qual o principal ponto de união entre elas?
 
O principal ponto de união é o convite a que as pessoas cumpram o que Maria nos pediu e que não esqueçam que Jesus foi o grande evangelizador. O Papa Francisco fala-nos da Nova Evangelização, pediu-nos que saíssemos para as ruas, por toda a parte, para levar a mensagem de Maria.  A Primeira Evangelização da América Latina foi feita pelos primeiros missionários, sobretudo, por meio de Portugal e de Espanha. O Santo Padre pede-nos agora que nos comprometamos todos a evangelizar, e não só os padres e as freiras. O principal apelo é que sejamos verdadeiramente santos para cumprir em definitivo a missão cristã. 
 
Os dados atuais apontam para um crescimento do catolicismo na América Latina. Como os interpreta? 
 
Sem dúvida que a religião católica se mantém. É também verdade que a presença, agora, do Papa Francisco, o facto de ser natural da América Latina – porque ele não é só da Argentina –  está a fazer muito pelo aumento da fé. Mesmo o modo de ser do Papa, muito especial, simples, humilde, que proclama muito do nosso estilo de vida da América Latina – a América Latina não é um continente de riqueza, é um continente de muitas necessidades, e o papa Francisco dá exemplo disso – faz muito bem às pessoas. O Papa não chama a atenção pelo luxo, não tem uma presença, digamos,  renascentista, é uma presença humilde, simples. 
 
Como foi trabalhar com D. Jorge Bergoglio? 
 
O Papa sempre teve uma boa relação com os pobres e os mais necessitados. Visitávamos juntos as “bilhas”, expressão que usamos para lugares como as favelas, no Brasil; ele era uma presença muito constante nos lugares pobres, de miséria. Se hoje o Papa fala aos sacerdotes sobre o sentido da pobreza, [se lhes pede] que não andem em carros luxosos, é porque ele também andava a pé; apanhava o autocarro como qualquer um; ele não se limita a falar mas dá o exemplo, e está a ver se seguimos o seu exemplo. 
 
E quanto ao diálogo inter-religioso?
 
A procura da ligação com outras confissões religiosas também não me surpreende. O Papa sempre teve uma boa relação com as outras religiões, mas agora, evidentemente, sente-o mais como uma necessidade e sempre absoluta. 
 
A devoção do Papa a Nossa Senhora não é algo que apenas se intui, ele mesmo a testemunha. Sempre o conheceu assim?
 
Sempre foi muito devoto de Maria, mas, a partir da sua eleição como Sumo Pontífice, a 13 de  março do ano passado, Fátima converteu-se para ele num centro de espiritualidade mariana. Por isso pediu que o episcopado de Portugal consagrasse o seu pontificado a Nossa Senhora  do Rosário de Fátima e, logo depois, a consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, a 13 de outubro. Estamos à espera de ver o que vai fazer o Santo Padre quanto ao Centenário das Aparições da Virgem. Pessoalmente, julgo que o Santo Padre virá ao Santuário, virá visitar o povo português e honrar a Virgem, porque, sem lugar para dúvidas, ele vê muito claramente, entende perfeitamente, o pensamento do Papa Emérito, o papa Bento, “Fátima é o mais extraordinário que existe neste momento no mundo”. 
Quando a Imagem de Fátima foi levada à Argentina por D. Serafim [Ferreira e Silva, há época bispo de Leiria-Fátima], o Papa Francisco celebrou a missa comigo e com outros bispos,  confessou e, note, ele referiu-se a isso no primeiro Angelus que rezou, referiu-se a Fátima!
 
Agora que é Papa, Jorge Bergoglio mudou? 
 
Mudou, mudou bastante. Era mais reservado, sempre teve sentido de humor, mas agora manifesta-o cada vez mais.
 
O Papa está feliz?
 
O Papa está feliz porque sabe que está a cumprir a vontade de Deus, sabe que o Senhor manifesta através da sua pessoa a vontade de salvação do mundo e, concretamente, por Maria, mas está a sofrer muito. Quem o conhece e o vê pela televisão, dá-se conta de uma cara de sofrimento, de dor, pelos problemas dentro e fora da Igreja. Todos sabemos. Podemos falar aqui na mensagem de La Salete, na qual se anunciou que a Igreja sofreria uma crise  espantosa; bem estamos a sofrer; neste momento o mundo está a sofrer! 
 
Fala-se de renovação há tanto tempo, podemos lembrar o acontecimento do Concílio Vaticano II... Não se vê mudança? O que falta?
 
O problema é o da luta contra o demónio; como dizia o Papa Ratzinger “o demónio odeia-nos, porque sabe que estamos salvos, então quer destruir toda a obra da Igreja”. Nas suas homilias na Casa de Santa Marta, o Papa Francisco muitas vezes faz alusão ao demónio e à luta contra o demónio. A oração é a única arma que temos certa e segura,  outra é a penitência. 
 
Deseja deixar alguma mensagem final?
 
Desejo dizer-vos que os meios de comunicação social são muito necessários para o mundo de hoje, porque se não formos nós outros haverá que trabalham neles, mas não para anunciar a boa mensagem que é Jesus e a mensagem da Virgem.
 
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