07 de janeiro, 2012

 
 
Esta manhã, os seis pescadores de Caxinas resgatados do mar a 2 de Dezembro de 2011 peregrinaram ao Santuário de Fátima, cumprindo assim a promessa de agradecer as suas vidas a Nossa Senhora.

No final da recitação do rosário, às 12:30 na Capelinha das Aparições, o mestre da embarcação que naufragou ao largo da Figueira da Foz, José Coentrão, subiu ao altar e entregou nas mãos do sacerdote ao serviço do Santuário, o Padre Manuel Santos José, o singelo terço de plástico com o qual os pescadores rezaram o rosário nas cercas de 60 horas em que estiveram perdidos em alto mar. Um ramo de flores acompanhou a caixa de madeira em que o terço foi colocado.
Atrás da capelinha, uma outra oferta, que talvez tenha passado despercebida a muitos, foi deixada no local onde habitualmente são depositadas as flores para Nossa Senhora: uma réplica em pequenas dimensões da embarcação naufragada “Virgem do Sameiro”.
No momento da oferta do terço, o pároco de Caxinas recordou o naufrágio e o salvamento dos pescadores de Caxinas.
“Rezavam a Nossa Senhora de Fátima agarrados a um terço que um tripulante levava ao pescoço”, recordou Mons. Domingos de Araújo que acompanhou o numeroso grupo, de mais de 500 pessoas, que peregrinou com os pescadores a Fátima.
“Estamos aqui para mostrar a nossa alegria aos pescadores resgatados e o nosso reconhecimento à Virgem Mãe”, afirmou o pároco.
A alegria sentida naquele momento ouviu-se com uma sonora salva de palmas.

Logo após, todo o grupo, que incluía os autarcas de Vila do Conde e da freguesia de Caxinas, e também os dois pilotos do helicóptero da Força Aérea que resgataram os seis homens, participou na eucaristia de ação de graças.
O mestre Coentrão leu a Primeira Leitura.
Na homilia, o padre Manuel Santos José, que presidiu à celebração, sublinhou a força da oração, o sentido de responsabilidade dos pescadores e o seu apego à vida.
Sobre a entrega a Nossa Senhora do terço com que rezaram no tempo em que estiveram no mar, o sacerdote disse: "Mas levastes convosco uma arma poderosa, capaz de vencer todas as batalhas, agarrastes-vos a ela e nela encontrastes força para vos manterdes unidos e para viverdes essas horas amargas em admirável espírito de solidariedade e de fraternidade: um por todos e todos por um".
“Agistes com sentido de responsabilidade. Fizestes tudo o que podíeis fazer, esperastes que Deus fizesse o resto e assim aconteceu. Repito, para os cristãos não há acasos, mas também não há demissões. (…) Louvo a Deus pela vossa fé. A humanidade, no vosso gesto, ficou engrandecida”, disse o sacerdote.
Na sua reflexão, o padre Manuel Santos José comparou o naufrágio à situação atual do país.
“Grande parábola para o nosso país mergulhado em crise económica, financeira e de valores, tomado pelo medo, pânico”, disse, explicando: “Ninguém quer perder nada com os seus direitos adquiridos, ninguém quer dar nada de seu; os outros que deem, os outros que se sacrifiquem”.
“Faça o país o que fizeram estes bravos pescadores e o país não se afundará”, concluiu.
LeopolDina Simões
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