15 de junho, 2023

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Em Fátima “temos um colo de mãe, e eu penso que a Igreja, independentemente do tempo que atravessa, tem de ser este colo”

Centro de Escuta Lúcia de Jesus estará disponível a partir do dia 17 de junho, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade

 

 

O Centro de Escuta Lúcia de Jesus estará disponível a partir do dia 17 de junho, para acolher todas as pessoas que estejam a atravessar um momento mais difícil, causado pela doença, solidão, medo, luto, angústia, ressentimento, dificuldades de aceitação pessoal, ou outras feridas e mágoas interiores, impossibilidade de perdoar a outros ou a si mesmo, conflitos ou roturas familiares, relações problemáticas com os outros, problemas laborais, crises de fé ou de inclusão eclesial, interrogações religiosas, ausência de sentido para a vida.

No último ano, uma equipa multidisciplinar tem trabalhado neste projeto, que irá funcionar como “um lugar para o acolhimento incondicional de quem sente a necessidade de contar a história da sua fragilidade pessoal e de ser ouvido e ajudado com compaixão por pessoas competentes na arte de escutar e cuidar espiritualmente”, afirmou o P. Carlos Cabecinhas, na apresentação da iniciativa, em novembro de 2021.

O Centro de Escuta Lúcia de Jesus está disponível para todas as pessoas, crentes e não crentes, que precisem de uma escuta ativa, às terças e quintas-feiras, das 14h00 às 18h00 e, ao fim de semana, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.

A Ir.ª Inês Vasconcelos, da Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima, foi assistente espiritual nos Hospitais da Universidade de Coimbra, durante 15 anos, e é responsável pelo Centro de Escuta. Em declarações à Voz da Fátima explica que “à medida que forem surgindo questões, o objetivo será trabalhar sinergias de forma a encontrar respostas”.

A equipa do Centro de Escuta conta atualmente com 32 membros das áreas da Psicologia, Comunicação, Turismo, Ensino, Teologia, Medicina, Enfermagem e Direito. Para acolher quem chega, estarão ao serviço colaboradores profissionais e voluntários, que na sua missão vão ter em conta valores como a empatia, incondicionalidade, confidencialidade, liberdade, respeito, humanização, fraternidade, solicitude, compromisso e misericórdia.

No futuro vai ser possível agendar o atendimento, por agora o acolhimento será feito por ordem de chegada.

“O maior desafio é acolher com misericórdia; independentemente de tudo o que possa vir, de tudo o que possamos escutar, é importante acolher com misericórdia, tomando como exemplo Jesus”, explica a Ir.ª Inês Vasconcelos, salvaguardando ainda que, apesar de o trabalho levado a cabo ser feito em equipa, o Centro de Escuta “não se trata de um gabinete de Psicologia, nem de Psicoterapia, mas temos a obrigação de acolher e de orientar, tendo sempre presente que a espiritualidade não cura doenças: o âmbito da fé é fundamental, rezar dá força e aumenta a esperança, mas se a pessoa está doente tem de ser tratada por alguém competente”.

Com a abertura deste Centro de Escuta há a expetativa e “o desejo de que outras dioceses levem a cabo iniciativas semelhantes, porque a solidão está muito presente no quotidiano; as pessoas vivem lutos e sofrimentos e precisam de ser acolhidas”.

Em Fátima, “temos um colo de mãe, e eu penso que a Igreja, independentemente do tempo que atravessa, tem de ser este colo”.

O Santuário de Fátima tem também ao dispor as Capelas da Reconciliação, para todos os peregrinos, e às quais chegam penitentes de todo o país e do estrangeiro, de todos os estratos sociais, idades e sensibilidades eclesiais.

As Capelas da Reconciliação e o Centro de Escuta têm em comum o ato de acolher, mas têm propósitos diferentes. A Ir.ª Inês Vasconcelos explica que à Capela da Reconciliação “vai quem tem fé, quem pratica a religião católica na dinâmica sacramental, e ao Centro de Escuta virão pessoas com fé, sem fé, pessoas até revoltadas contra a religião e a Igreja”.

O atendimento no Centro de Escuta funcionará num espaço especificamente preparado para esta finalidade, proporcionando o acolhimento e a necessária privacidade, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade.

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