31 de julho, 2022
“É urgente combater o egoísmo! Uma doença gravíssima que no nosso tempo tem contornos perversos e que destrói pessoas e sociedades inteiras”.Diretor do Departamento de Liturgia desafiou os peregrinos a afastarem-se de uma lógica materialista, pois a " vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens”
O padre Joaquim Ganhou, que presidiu esta manhã à Missa internacional no Recinto de Oração, em Fátima, afirmou que o desejo de acumulação de riqueza e de bens materiais gera egoísmo, que destrói famílias e sociedades. “É urgente combater o egoísmo”, uma “doença gravíssima que no nosso tempo tem contornos perversos e que destrói pessoas e sociedades inteiras”. “Quantas vezes deixamos que a nossa vida ande mergulhada em contendas, divisões, discórdias e guerras no seio das nossas famílias, entre grupos e vizinhos e até, num âmbito mais político, entre países que forjam inimizades e guerras que destroem vidas e sonhos e conduzem à destruição de culturas e até de povos por meio da guerra”, insistiu o diretor do Departamento de Liturgia do Santuário de Fátima. A partir da liturgia proclamada no Evangelho de Lucas, o padre Joaquim Ganhou propôs uma reflexão sobre a verdadeira riqueza que dá sentido à vida, contrapondo a lógica dos bens materiais a um coração aberto e disponível para Deus e sublinhou a ideia de que uma vida assente apenas nos aspetos materiais é uma vida “vazia”, que “fecha a pessoa em si mesma” e dificilmente preencherá “a nossa sede de sentido, de segurança e de amor”, impedindo a “felicidade numa vida de amor, de acolhimento e de partilha”. “A nossa vida não depende dos bens que possuímos: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens” disse o sacerdote alertando para o perigo de doenças como a avareza e a idolatria. “O nosso coração pode conhecer muitas vezes essa doença do apego desenfreado aos bens materiais – ao ter – que impede a capacidade de dar e de receber”, afirmou. “Quem vive preso a esta fixação, chega ao ponto de se identificar com aquilo que possui(...) A avareza é a raiz de todos os males, dado que implica confiar mais nos bens que se possuem do que em Deus que é Senhor de tudo”, acrescentou. “Este desejo de possuir, afasta-nos do Reino de Deus, impede que Deus reine sobre as nossas vidas” sublinhando que ninguém pode servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. Por isso, refere, que é necessário chegar “a sabedoria do coração”, que “é fruto da fé e da confiança em Deus”. “Para Jesus valemos pelo que somos, pela sinceridade do nosso coração, abertos a Deus e aos irmãos; capazes de amar, de dar a vida e de concretizar as obras de misericórdia. Ser em Jesus e com Jesus sinal de um presente e de um futuro justo, solidário na caridade e feliz no testemunho”, disse ainda, recordando aos milhares de peregrinos, que participaram na Eucaristia, o exemplo dos Pastorinhos . “Aqui entendemos a riqueza dos humildes; esses que têm o coração disponível para viverem em Deus” afirmou para sublinhar que “não tinham bens para lhe oferecerem, mas tinham um tesouro maior para colocarem à disposição: o tesouro dos seus corações”, disse. “Naquela hora sombria da história, souberam ser protagonistas de tempos novos, oferecendo as suas vidas na concretização da mensagem que lhes foi confiada”. “Aprendamos com os Santos Francisco e Jacinta Marto e com a Serva de Deus Lúcia de Jesus a arte de nos oferecermos a Deus com o que somos e temos e peçamos a Nossa Senhora para nós e para a Igreja, tantas vezes mergulhados em horas sombrias, provados e feridos nos caminhos da história, a graça de abandonarmos as vaidades do mundo e de nos convertermos cada dia mais a Cristo e ao Seu Evangelho”. Nesta celebração fizeram-se anunciar três grupos, dois portugueses e um do Canadá.
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