09 de agosto, 2020

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“É no silêncio, nas pequenas coisas, nos pequenos nadas, que compõem o nosso dia a dia, que Deus se revela”, considera o padre Carlos Cabecinhas

Reitor do Santuário de Fátima presidiu à missa dominical no Recinto de Oração e na qual se fizeram anunciar três grupos de peregrinos estrangeiros

 

O reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, presidiu à missa dominical no Recinto de Oração, na qual se fizeram anunciar três grupos de peregrinos estrangeiros.

Na reflexão que apresentou aos peregrinos presentes falou da fé em Jesus Cristo, que é tema do Evangelho hoje proclamado.

“Esta fé que se manifesta na confiança, que se alimenta na oração e que vive atenta aos sinais da presença de Deus nas nossas vidas”, encontra expressão na “confiança em Jesus Cristo”.

Na tradição cristã, “a imagem da barca foi frequentemente usada para referir a Igreja na sua caminhada histórica, que ora navega em águas calmas, ora experimenta as tempestades”. Assim este o texto do Evangelho “foi lido, através dos tempos, como um convite à confiança em Jesus, que nunca abandona a sua Igreja”.

No entanto, o texto evangélico “aplica-se, igualmente, a cada um de nós, a cada cristão, que faz também a experiência das tempestades, dos perigos de naufrágio, dos momentos de tribulação e incerteza, como são os da atual pandemia”.

“Esta confiança a que Jesus nos exorta é a primeira exortação do Evangelho, e alimenta-se na oração”, explicou o padre Carlos Cabecinhas, pois considera que “é na oração que adquirimos a intimidade e familiaridade com Deus que alimenta e fortalece a nossa confiança n’Ele, quem tem fé e confia em Deus reza, sente necessidade da oração, do encontro e diálogo com Deus, da comunhão com Ele”. Deste modo, “a qualidade da nossa oração manifesta a solidez da nossa fé e a força da nossa confiança”.

O reitor do Santuário de Fátima lembrou ainda que “num mundo, como o nosso, que valoriza a eficácia acima de tudo, gastar tempo em oração aparece como uma perda de tempo, uma inutilidade, mas é esse testemunho que somos convidados a dar, é essa experiência que somos desafiados a fazer, de quem confia na oração, no encontro com Deus e não tem vergonha disso”.

“É a oração e a familiaridade com Jesus Cristo que nos permite reconhecer a sua presença a nosso lado”, reiterou.

“É no silêncio, nas pequenas coisas, nos pequenos “nadas”, que compõem o nosso dia a dia, que Deus se revela”, afirmou o sacerdote, recordando ainda o testemunho dos Santos Pastorinhos de Fátima, e a sua confiança “inabalável” em Deus e o desejo do encontro com Ele na oração que “emerge e nos espanta”.

“Os videntes de Fátima passam longos momentos em oração, conforme o apelo insistente quer do Anjo, quer de Nossa Senhora, e por isso, tornam-se capazes de reconhecer a presença de Deus nas suas vidas; por isso, mesmo no meio das dificuldades e tribulações, manifestam uma confiança em Deus que resiste a toda a prova”, concluiu.

Recorde-se que nos próximos dias 12 e 13 o Santuário viverá a Peregrinação Internacional Aniversária de agosto, que celebra a quarta aparição de Nossa Senhora, uma peregrinação também conhecida como a Peregrinação dos Migrantes e Refugiados. Em ordem à sua preparação, o Santuário propõe um itinerário de aprofundamento espiritual, em oito passos, de forma a preparar a participação efetiva dos peregrinos neste momento tão especial, mantendo as precauções que o atual contexto sanitário impõe.

Os textos e os podcasts serão disponibilizados diariamente AQUI.

Esta peregrinação de agosto está particularmente centrada nas diferentes diásporas já que integra a Peregrinação Nacional  dos Migrantes e Refugiados. Aliás, a partir deste domingo, a Igreja Católica em Portugal promove a Semana Nacional de Migrações, inspirada pela mensagem do Papa Francisco, ‘Forçados, como Jesus Cristo a Fugir’, procurando apresentar “testemunhos de vida” sobre a realidade das deslocações forçadas, por causa da pobreza ou da guerra.

“Vamos dinamizar de maneira diferente, e envolver as pessoas o mais possível nesta semana, as pessoas que trabalham com migrantes e refugiados mas não só; vivemos um tempo em que percebemos que estamos no mesmo barco e na mesma casa comum, mas com muitas desigualdades e percebemos que conseguimos fazer muito quando trabalhamos em conjunto”, referiu numa declaração à Agência ECCLESIA Eugénia Costa Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM).

A Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana (CEPSMH), da Igreja Católica em Portugal, publicou uma mensagem para esta semana, em que destaca a necessidade de solidariedade, num momento marcado pela pandemia, que agrava a situação dos migrantes e refugiados.

“A pandemia desnudou o tanto que nos falta fazer para combater as desigualdades, mas sobretudo revelou a capacidade humana de convergir em sociedade, apesar das nossas diferenças. Enquanto Igreja a nossa fé e a nossa esperança recaem sobre o potencial de humanização que nos habita”, refere o texto.

A Mensagem da CEPSMH e da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) tem como título ‘Entre a incerteza e a esperança há uma ponte em construção’.

Perante as limitações impostas pela pandemia, a OCPM decidiu lançar um desafio aos “colaboradores e agentes pastorais ao serviço da Igreja” mas também a organismos da sociedade civil. 

“Queremos conhecer o percurso migratório, tomar a iniciativa de contar a sua história de vida e fazer-nos chegar todas as iniciativas, seja em formato vídeo, seja por escrito, seja gravando um áudio ou até quem tem jeito para o desenho que faça uma banda desenhada”, explica Eugénia Quaresma.

Os bispos portugueses convidam a enviar, pelo email [email protected], testemunhos de vida por escrito, vídeo, áudio ou desenhos.

A OCPM, inspirada pela mensagem pontifícia para este ano, propõe uma dinamização em torno da conjugação de verbos, que se constituem em seis subtemas: “Conhecer para compreender; aproximar-se para servir; ouvir para se reconciliar; compartilhar e assim crescer; envolver para promover;  colaborar para construir”.

 

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