10 de maio, 2022
“É da nossa conversão pessoal que depende a paz no mundo”Esta é uma das grandes lições da mensagem de Fátima, referem as irmãs Ângela Oliveira e Verónica Sousa, no podcast Fátima no Século XXI, disponível desde 11 de maio. As duas religiosas da Aliança de Santa Maria falam ainda do potencial evangelizador do Santuário a partir da sua própria configuração arquitetónica.
O Anjo primeiro, Nossa Senhora depois, ambos introduzem os Pastorinhos na narrativa da guerra e da paz, mas fazem-no “trocando-lhes as voltas”, isto é, “lembram-lhes que a paz se constrói a partir deles próprios” e isso “é toda uma novidade”. “Nossa Senhora fala de paz a partir de três crianças pobres e humildes em Aljustrel, lembrando-lhes que elas são responsáveis pela paz. Isto é uma mudança radical, porque nos troca as voltas e nos coloca a responsabilidade de cada um de nós também ser construtor da paz”, refere a irmã Verónica Sousa no podcast Fátima no Século XXI, edição de maio, no qual juntamente com a Irmã Ângela Oliveira fala sobre a atualidade da mensagem e os desafios do Santuário na evangelização dos jovens. “O maior erro é pensarmos que é em grandes ações políticas e económicas que se constrói a paz; é a conversão de cada um de nós que faz a força renovadora do mundo”, esclarece lembrando que a perceção desta lógica por parte dos jovens “é muito interessante e desperta neles vontade de agir”. “Isto marca muito os jovens que voltam ao texto das Memórias, à história das Aparições: a paz mundial depende de mim, da oração diária do terço... Isto transforma a perceção das responsabilidades e torna-nos protagonistas da História embora sempre cientes de que há uma história maior do que eu”, diz ainda a religiosa quando interpelada sobre a importância da guerra e da paz na mensagem de Fátima. A religiosa adianta, ainda, que a “mudança acontece em cada um de nós”. “Rezamos pelos outros, sinal de paz, mas a paz acontece aqui e agora, connosco, com cada um de nós”, lembra a Irmã Ângela Oliveira. “Na verdade, os Pastorinhos foram um sinal de paz para si e para os outros”, recorda a religiosa ao evocar o exemplo de Santa Jacinta que uma vez, passando ao lado da casa de uma senhora que os tinha criticado, se virou para Lúcia e disse- lhe que era preciso rezar por ela. Ao ouvi-la, narra Lúcia nas suas Memórias, a Senhora ter-se-á convertido diante do exemplo de compaixão da pequena Jacinta Marto. “A atualidade da Mensagem é a atualidade do Evangelho” refere a Irmã Ângela Oliveira, porque Fátima é “o Evangelho posto em prática por três crianças desafiadas por Nossa Senhora que são colocadas perante as perguntas essenciais: o sentido da vida, o sentido do sofrimento; e a resposta a estas questões é-lhes dada logo em maio”, afirma a Irmã Verónica Sousa. Este é, porventura, o modelo de cativação dos jovens: lançar a pergunta e deixar que o desafio seja aceite. E Fátima tem o potencial desta escola, refere. “Fátima não vem dar respostas, como o Evangelho não dá; vem propor-nos uma relação. É isso que vemos na vida dos Pastorinhos e serve de itinerário à vida dos jovens do nosso século” refere. “Há uma pergunta – Quereis oferecer- vos a Deus? –, e embora a resposta também tenha sido dada – Sim, queremos –, na verdade ficam feitas outras questões cuja resposta há de ser dada depois. Não há respostas fechadas; há muitas questões e uma certeza: a de que não estamos sozinhos, tal como eles não estiveram sozinhos, como a Senhora lhes prometeu”, refere a Irmã Ângela Oliveira. E como é a resposta dos jovens de hoje? Muito semelhante à dos Pastorinhos; dizem ambas a partir da experiência da pastoral da sua congregação. “Creio que os jovens estão disponíveis; temos é de lhes proporcionar espaços de diálogo, de escuta e momentos de encontro com Deus; um Deus que continua a fazer convites e jovens que continuam a querer dar resposta”, diz ainda a Irmã Ângela Oliveira. “Há muita sede: há sede de ouvir, de responder e de saciar a sede a outros, mas temos de lhes dar espaço para serem eles”, acrescenta a irmã Verónica Sousa. Sobre uma pastoral juvenil a partir da mensagem de Fátima, na Cova da Iria, ambas referem um potencial na arquitetura, como um itinerário para fazer a experiência do lugar. “Olhando para o Santuário, para a sua estrutura, que foi pensada e rezada, vemos que é uma escola, uma boa escola de evangelização. Se olharmos, vemos que no centro está o Coração de Jesus e em frente a Capelinha das Aparições, onde está a imagem de Nossa Senhora”, lembra a Irmã Ângela Oliveira. “O próprio lugar do Santuário fala do Coração de Nossa Senhora”, o Coração Imaculado, que Ela prometeu a Lúcia, oferendo-o como refúgio e caminho para Deus. “Temos reconciliação, temos adoração eucarística, temos a via-sacra que nos leva a casa dos Pastorinhos, a loca, o poço... os lugares são um potencial”, conclui. “Em primeiro lugar havemos de levar os jovens a fazer a experiência de que o itinerário vale a pena ser percorrido”, diz por seu lado Verónica Sousa. “Não há grandes receitas; é proporcionar aos jovens silêncio. Nós temos sede do que bebemos ou fome do que comemos”, conclui desafiando a não ter medo de “proporcionar aos jovens esses momentos de partilha e de encontro”. As duas religiosas da Aliança de Santa Maria falam, ainda, neste podcast de maio, da relação de amizade entre os três Pastorinhos, da forma como o episódio de Fátima foi uma pé-jornada de encontro entre jovens crentes e Deus, através de Nossa Senhora, e dos desafios que a pastoral juvenil tem pela frente. O podcast Fátima no Século XXI está disponível em www.fatima.pt/ podcast no iTunes e no Spotify.
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