15 de abril, 2007

Um dos momentos altos do 1º Encontro de Médicos do Posto de Socorros do Santuário de Fátima ocorreu quando, no final da Eucaristia, presidida por D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, o prelado entregou ao médico Dr. Agusto Bianchi a medalha de ouro do Santuário pelos serviços prestados.
A Santuário de Fátima quis por este meio agradecer publicamente ao médico que em 1990 a convite do Reitor Mons. Luciano Guerra iniciou a coordenação do trabalho dos médicos católicos em Fátima, executado em estreita ligação com os médicos da Associação de Servitas de Nossa Senhora, que já trabalhavam no Santuário há muito mais anos.
De seguida, na íntegra a intervenção do Dr. Augusto Bianchi, na sessão de abertura do Encontro, neste momento ainda desconhecedor que seria homenageado:
 
Reunião dos Médicos que prestam assistência aos Peregrinos de Fátima das mais variadas formas

Foi com o maior agrado que os médicos e seus familiares receberam o convite para se reunirem no Santuário de Fátima para assim procurarem conhecerem-se melhor entre si e aos Serviços em que colaboram e em conjunto poderem sugerir ideias para que, se possível, se melhore a assistência aos Peregrinos.
Sao dois os motivos principais que nos levaram a abraçar esta missão: por um lado o amor a Nossa Senhora de Fátima e, por outro, prestar assistência a todos os que comungam desse amor, especialmente aos peregrinos que aqui acorrem dos mais variados pontos do país e estrangeiro. 
O colega Sebastião Barba acabou de dar uma imagem do que é o serviço médico dos Servitas do Santuário, desde a sua inauguração, até aos nossos dias, para podermos apreciar melhor o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido.
Logo de início nos vem ao espírito a grandeza da Missão da Igreja em matéria de saúde através dos tempos: quantos Hospitais, Albergues e Centros de Acolhimento encontramos por onde quer que passemos mesmo nos lugares mais reconditos do mundo. Verificamos que o Santuário de Fátima, seguindo essa benemérita missão, adicionou ao culto religioso a preocupação de cuidar dos peregrinos, não só da sua espiritualidade, mas também do seu bem estar e da sua saúde.
Sente-se perfeitamente quão grande deve ter sido, logo no início das peregrinações aniversariais, o esforço a dispender para projectar um grande edifício que viesse a Albergar um Serviço Médico não só com consultas e tratamentos, mas com apoio cirúrgico de obstetrícia e estomatologia, para além de internamentos. A par destes cuidados médicos, eram oferecidos aos doentes os medicamentos prescritos pelos nossos Colegas que os atendiam.
O funcionamento de um organização destas só foi possível com a colaboração dos nossos Colegas e Enfermeiros que em perfeito espírito de Missão vinham a Fátima às peregrinações aniversariais. Durante variados anos este esquema funcionou da melhor forma graças à dedicação, compreensão e ajuda de todos. Os anos foram passando e, como em tudo o que se passa neste mundo, a evolução que se verificou foi obrigando a efectuar alterações para que se podesse bem cumprir a função para que foi criada a estrutura.
O Santuário de Fátima esteve sempre atento ao aumento crescente do número de peregrinos que se vinha sentindo anualmente nas peregrinações aniversariais, os quais passaram a atingir varias centenas de milhares. Além destas, muitas outras peregrinações foram surgindo, agora nos fins-de-semana, feriados, dias santos, épocas festivas e várias formas de concentração tanto de natureza paroquial, como das mais diversas ordens religiosas,quer fossem  a nível nacional, ou mesmo  internacional.
O apoio médico e de enfermagem que lhes era oferecido, foi-se tornando insuficiente pela evolução que se verificou nas peregrinações e foi necessário começar a pensar em novas formas de actuação.
No princípio e sem qualquer forma organizativa um Grupo de Médicos juntou-se ao corpo Médico dos Servitas e vinha regularmente nos fins-de-semana colaborar no atendimento dos peregrinos carecidos de assistência.
Tendo o Senhor Reitor, Monsenhor Luciano Guerra, sentido a eficácia da ajuda prestada por este Grupo, dirigiu-lhes, por meu intermédio, em Janeiro de 1990 uma carta que dizia “Venho agradecer o esforço clínico levado a cabo por esse Grupo de Médicos, pois o Santuário sentir-se-ia desunido e inseguro diante de muitos casos que aparecem a exigir intervenção médica”. Ao mesmo tempo transmitiu-nos uma mensagem de esperança no alargamento destes serviços a outras ocasiões, o que nós acolhemos com a melhor boa vontade, encarando desde logo este desafio que era o aumento de participação pessoal de cada um num serviço desta grandeza.
Respondendo e agradecendo a aprovação demos a conhecer a primeira lista de médicos convidados e o programa de serviços elaborado em satisfação do desejo contido na referida missiva.
Em Novembro do mesmo ano o Senhor Reitor, numa segunda carta, mostra o seu agrado pela forma como a equipa de médicos respondeu ao apelo feito, criando um grupo alargado de Clínicos Médicos disponíveis em cada fim de semana reforçado nas ocasiões especiais, como resultava de um programa anual que havia sido elaborado e entregue.
Em Dezembro de 1996 ainda o mesmo Senhor Reitor, mostrou a intenção e mesmo o desejo do Santuário ter um programa completo e eficiente que nos apresentou por carta, e que, na sua essência, estava muito de acordo com o que o Grupo vinha pensando.
A longo prazo, excepção feita para as peregrinações aniversariais, já ocupadas pela Associação dos servitas, pretendia-se ter um Médico presente em todos os dias de maior afluência de peregrinos: nas peregrinações de crianças, nos dias santos e feriados, nos fins-de-semana, no Natal e na Páscoa e ainda nas férias de Verão.
Sentimos grande responsabilidade sobre o modo como seria possível levar a cabo tão grandioso programa que teria de ser bem pensado para dar o resultado que todos desejávamos.
Alguns dos médicos do Grupo pertenciam à direcção nacional da Associação dos Médicos Católicos e como haveria em breve uma reunião da sua Direcção resolveram apresentar na reunião essa pretensão.
No final da citada reunião, depois de estudada, a proposta do Senhor Reitor mereceu a corcordância da Direcção da Associação dos Médicos Católicos Portugueses, e dela saiu uma informação no sentido da total disponibilidade para poderem tomar parte nas celebrações do Santuário nos termos propostos. Seguiu-se assim a organização para a necessária prestação dos serviços, tarefa de que fui incumbido.
Esta alteração do funcionamento dos serviços obrigou a envolver um maior número de Médicos presentes nas cerimónias para ir ao encontro das necessidades apresentadas.
Ficou também assente que haveria outras modificações a estudar, fruto deste alargamento do número de pessoas envolvidas.
Vejamos sumáriamente as alterações pensadas
1 Serviço de urgência e Internamento. O Edifico denominado “ Senhora das Dores “ onde estava situado o antigo hospital foi totalmente reconstruido e a area hospitalar que lhe estava destinada foi consideravelmente aumentada.
Foram criados acessos independentes para o Serviço tanto para os utentes bem como para as ambulâncias.
O esquema de trabalho a realizar foi devidamente revisto e adaptado às novas funções a que se destina agora e equipado com toda a tecnologia moderna para seu uso.
Os internamentos tanto para os casos urgentes como os pedidos não urgentes foram beneficiados e dotados de modernas instalações
2. Transportes. O esquema do transporte para os doentes dele carenciados para os hospitais já escolhidos e avisados seria feito por ambulâncias previamente escolhidas e em todas as peregrinações.
3. Serviço Nacional de Saúde (SNS). O alargamento dos serviços aos SNS foi devidamente ponderado e conseguiu-se que no posto médico, os Médicos de serviço, pudessem prescrever os medicamentos necessários aos utentes, pelo que, agora, o Santuário ficou apenas com o encargo do fornecimento dos medicamentos para uso do posto de primeiros socorros. Foi um passo importante esse acordo, ainda que ficasse um pouco aquém do nosso desejo.
4. Deslocação dos peregrinos. Nas estradas foram montados diversos postos de atendimento com médicos e enfermeiros devidamente preparados, nas paróquias criaram-se centros de atendimento e várias outras formas de ajuda foram prestadas como as de Ordem de Malta,  dso Bombeiros,  dos Escuteiros, todos em coordenação com um Órgão Central. Esta foi a forma de melhor se apoiar o crescente número de peregrinos que vinham a pé, de sua casa para o Santuário .
5. Retiros. O conhecido interesse espiritual dos Retiros, foi considerado de especial importância pelo Senhor Reitor para os doentes. Acolhendo esta preocupação, os serviços médicos, sentindo a responsabilidade de albergar pessoas idosas e doentes no Santuário por vários dias, solicitou aos doentes o envio da informação clínica do seu estado de saúde, para que lhes fosse prestada uma mais cuidada assistência e passou a assegurar-se ainda a presença de um médico sempre que um Retiro estivesse a decorrer .
Não quero deixar de realçar o papel positivo do INEM, que em situações de grande responsabilidade como sejam as visitas do Santo Padre e outros altos dignatários sempre prestou os mais relevantes serviços assegurando os transportes terrestres e aéreos, quando necessário.
Antes de terminar quero transmitir o entusiasmo e espirito de missão que encontrei em todas as equipas que colaboraram neste projecto, pondo sempre em primeiro lugar aquilo que há pouco referi que nos une a todos: o verdadeiro espírito cristão e amor a Nossa Senhora.
Esta é a maneira como todas as organizações continuam hoje a colaborar com os serviços médicos do Santuário.
Não é da minha missão elogiar mas sim relatar, e por isso compete-me realçar a meritoria acção de todos os membros da Administração do Santuário:
• os Bispos,
• o Reitor,
• os Padres,
• as Irmãs,
• os Enfermeiros
• e demais Servidores que dispensam aos médicos e enfermeiros o melhor carinho.
É este o caminho que deve continuar a ser percorrido de forma a que, através dos tempos, possamos preservar vivo este espírito de equipa e comunhão de ideais, cada vez mais necessário nos dias atribulados e difíceis que estamos a viver.


 
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