30 de maio, 2021
“É no amor ao outro que está muito do que se confessa em Deus Trindade”D. Antonino Dias presidiu à Missa deste Domingo da Santíssima Trindade, na Cova da Iria, onde apresentou a oração como instrumento para a dúvida na fé e o amor fraterno como caminho para a vivência do Deus Trino.
A Missa deste domingo da Santíssima Trindade, celebrada no Recinto de Oração do Santuário de Fátima, foi presidida por D. Antonino Dias, bispo de Portalegre-Castelo Branco, diocese que cumpriu, hoje, a sua 38.ª peregrinação anual à Cova da Iria. Na homilia, o prelado apontou a oração como forma de enfrentar a dúvida na fé e o amor fraterno como porta de entrada para a vivência do mistério da Santíssima Trindade. Ao apresentar a Santíssima Trindade como o “mistério central da vida cristã e a fonte de todos os outros mistérios da fé”, o prelado começou por refletir sobre “a dúvida, que a fé não exclui”, mas que a oração ajuda a enfrentar. “Segundo a lógica humana, a ressurreição de Jesus é um mistério inacessível e incrível. (…) com exemplar pedagogia de acolhimento e condescendência, dando tempo ao tempo, Jesus não reprova a dúvida… Os apóstolos eram homens de fé, mas não estiveram livres de dúvidas e rezavam: ‘Senhor, aumenta em nós a fé’. Também em Fátima, o Anjo ensinou os Pastorinhos a rezar pelos que não creem, não adoram, não esperam e não amam”, disse. Apontando o amor como porta de entrada ideal para o mistério da Santíssima Trindade, o presidente da celebração perspetivou-o como vivência una e trina, na medida em que é lugar onde habitam: “aquele que ama, o que é amado e o amor, propriamente dito, sem que as pessoas se invadam ou assimilem na sua autoridade pessoal”. “É na experiência do amor ao outro que está muito daquilo que o cristianismo confessa em Deus Trindade. Porque somos feitos à imagem de Deus, também somos diversos, mas é na diversidade que nos unimos, no respeito mútuo”, afirmou o prelado, alertando para o perigo da confiança “noutros deuses, que prometem liberdade e bem-estar, mas que não tardam em oferecer a frustração e a tristeza, fomentando os ódios e a divisão”. Caracterizando a mensagem de Fátima como lugar que aponta para Trindade, o bispo de Portalegre-Castelo Branco exortou, na conclusão, à comunhão fraterna. “Vir a Fátima como peregrino, implica deixar-se envolver pelo silêncio deste espaço, que tem sabor a Mistério e aponta para o Céu, para o seio da Trindade. Implica interiorizar a Mensagem que o silêncio – individual e coletivo – faz ecoar no coração de cada um; implica dialogar com Deus que é amor, sentir-se amado por Ele e deixar-se renovar interiormente pela oração, pela graça dos sacramentos e regressar a casa por outros caminhos: da conversão e da santidade, que conduzem à construção da tão necessária civilização do amor (…), onde quer cada um viva e atue.”, disse o prelado, ao delinear caminhos para uma “sociedade moldada à semelhança da comunidade trinitária: vivendo com os outros, para os outros, nos outros e graças ao outros”. A participar na Missa esteve uma multidão de peregrinos, devidamente dispersa pelos círculos marcados no Recinto de Oração, cumprindo as regras e as orientações dos acolhedores do Santuário de Fátima.
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