01 de agosto, 2013
Nos dias 12 e 13, D. Jean-Claude Hollerich, arcebispo do Luxemburgo, preside em Fátima à peregrinação internacional de agosto que, de entre vários grupos em peregrinação, integra o grupo da peregrinação do migrante. Em entrevista à Sala de Imprensa do Santuário de Fátima a partir do Luxemburgo, D. Jean-Claude Hollerich fala da alegria da vinda a Fátima e da exortação que trará aos peregrinos que de todo o mundo aqui assomarão: Anunciem Cristo! Concretamente sobre a temática da migração, o arcebispo refere que no Luxemburgo, em que 45% da população é estrangeira, não há rejeição aos emigrantes e que o maior perigo é semelhante ao dos outros países, “o risco da globalização da indiferença”. As principais intenções de oração do arcebispo do Luxemburgo na Cova da Iria serão: uma Igreja viva para o Luxemburgo, que a Jornada Mundial da Juventude que recentemente terminou no Rio de Janeiro dê frutos e que a Igreja conheça uma primavera vocacional. Na mesma entrevista, D. Jean-Claude Hollerich revela ainda como vivem os luxemburgueses a devoção a Nossa Senhora de Fátima e que considera a comunidade portuguesa ali residente como uma parte essencial da Igreja do Luxemburgo. Recorde-se que a Peregrinação do Migrante a Fátima é uma iniciativa promovida pela Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, inserida no programa da 41ª Semana Nacional das Migrações, de 11 a 18 de agosto, que tem este ano como tema “Migrações peregrinações de fé e de esperança”. Na sua página oficial na Internet, a Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, através da Obra Católica Portuguesa das Migrações, anuncia outros pormenores sobre a edição deste ano da Semana Nacional das Migrações: http://www.ecclesia.pt/ocpm/ Entrevista conduzida por LeopolDina Reis Simões Com que sentimento recebeu o convite para presidir a esta peregrinação? Foi com alegria que aceitei este convite, pois é sinal de uma verdadeira fraternidade entre Igrejas locais, e mais ainda pelo lugar que Portugal ocupa no Luxemburgo, com tantos dos seus cidadãos aí residentes. Será a sua primeira peregrinação a Fátima? Já vim em peregrinação ao Santuário de Fátima com um grupo de jovens, quando tinha a responsabilidade da pastoral das vocações no Luxemburgo, entre 1990 e 1994. Que mensagem trará aos peregrinos que de todo o mundo aqui encontrará? Refiro-me ao meu lema episcopal, «Annuntiate». Anunciar Cristo! Recomendo a todos os que vierem aos pés de Nossa Senhora de Fátima que peçam a Nossa Senhora para serem verdadeiramente discípulos de Cristo, anunciando a Cristo e trabalhando para a transmissão da fé. Este apelo parece-me ainda mais importante, dado que a Igreja está a viver o Ano da fé, iniciado no quinquagésimo aniversário do Concílio Vaticano II, e à luz da recente publicação da encíclica “Lumen Fidei”. Trará alguma intenção especial de oração para colocar nas mãos de Nossa Senhora? Claro que sim ; em primeiro lugar que o anúncio da fé seja forte e dinâmico no Luxemburgo e que a Igreja esteja viva no nosso país. E também que a Jornada Mundial da Juventude, onde participou um grupo de 278 Luxemburgueses, dê os seus frutos. Por fim que floresçam as vocações, especialmente as sacerdotais. Qual é a ligação da comunidade portuguesa aí residente com a Igreja do Luxemburgo? Devido ao número, à volta de 83.000 pessoas, a comunidade portuguesa é uma componente essencial da vida da Igreja. A missão portuguesa está bem estruturada e é ativa nos lugares de forte presença da comunidade. A comunidade portuguesa participa ativamente na vida da Igreja, como por exemplo na Oitava de Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos, Padroeira da cidade do Luxemburgo e do país. Tive uma grande alegria pessoal neste ano, a de ordenar como presbítero o primeiro padre de origem portuguesa, Ricardo Monteiro. É sinal de uma Igreja aberta e acolhedora. Num momento de crise económica mundial, que a Igreja vê sobretudo como consequência da perda de valores e de sentido, como é que a população do Luxemburgo e os seus imigrantes vivem o momento atual? O maior risco, mas não é exclusivo do Luxemburgo, é o de se estar centrado em si mesmo. Para retomar as palavras do Santo Padre em Lampedusa, no dia 8 de julho de 2013, o risco é o da indiferença e o da globalização da indiferença. A pergunta que o Santo Padre fez, "Que fizeste do teu irmão?”, é muito forte e tem de ser levada a sério. Também no Luxemburgo, como dizeis, há uma perda de referências e uma situação económica mais difícil. Globalmente não se constata que haja uma rejeição das comunidades estrangeiras por parte dos nacionais, isto devido à natureza muito aberta da sociedade e da atividade económica luxemburguesa. Devo lembrar que, em 500.000 habitantes do Luxemburgo, cerca de 45% são estrangeiros. No entanto devemos estar sempre atentos e, citando o Santo Padre de novo, devemos evitar que "o outro não seja já um irmão a amar, mas simplesmente aquele que perturba a minha vida e o meu bem-estar". Os Luxemburgueses vivem a devoção a Nossa Senhora de Fátima, conhecem a história e a mensagem das aparições de Fátima? Uma das peregrinações mais importantes do Luxemburgo é a peregrinação a Nossa Senhora de Fátima, na pequena cidade de Wiltz. Em 1951, foi aí construído um santuário pelos luxemburgueses, que prometeram construí-lo se não perecessem durante a dura Batalha das Ardenas, no inverno de 1944. O santuário foi oficialmente inaugurado no dia 13 de julho de 1952. Esta peregrinação, que se realiza na Quinta-feira da Ascensão, é um verdadeiro sucesso popular que hoje em dia atrai 20 000 pessoas por ano. Por outro lado, a imagem de Nossa Senhora de Fátima encontra-se num bom número de igrejas deste país. Isto significa que a devoção a Nossa Senhora de Fátima está espalhada no Luxemburgo onde se conhece bem a história das aparições. Fotografia: Fotografia oficial enviada pela Arquidiocese do Luxemburgo, da autoria de Guy Wolff. |