08 de fevereiro, 2008

INTERVENÇÃO DO DIRECTOR DO SERVIÇO DE PEREGRINOS DO SANTUÁRIO DE FÁTIMA:
 
1. Na abertura desta sessão do XXX Encontro de Hoteleiros e Responsáveis de Casas Religiosas que Acolhem Peregrinos, em nome do Serviço de Peregrinos do Santuário de Fátima, saúdo todos os presentes e apresento uma palavra de boas vindas.
Muitos dos que aqui se encontram já se habituaram a inscrever este evento na sua agenda anual, e tornaram-se fiéis participantes, por considerarem que vale sempre a pena reencontrar pessoas que têm semelhante ocupação, problemas e dificuldades, mas também objectivos comuns. Esses já sabem que estes encontros não resolvem tudo o que são problemas constantemente sentidos, e que também não são o forum anual para todos os desabafos ou reivindicações.
A experiência diz-nos que se trata mais de um momento de encontro, diálogo, discussão de alguns temas de interesse, mas também de um tempo de convívio e desenvolvimento de uma amizade que não tem muitos outros lugares de promoção.
Nestas coisas há sempre alguns renitentes e resistentes. Não especulamos sobre os seus motivos, mas podemos pensar que sejam fruto de alguns preconceitos. Numa sociedade civilizada estamos certos de que já se chegou a uma boa compreensão do que é a honesta e leal concorrência num mesmo mercado e que, portanto, já não é o facto de as casas serem concorrentes umas das outras, que inibe das relações inter-pessoais que este encontro proporciona e provoca. Gostaríamos que não houvesse ausências habituais e notórias, mas aceitamos, pois há-de haver razões válidas para isso.
Obrigado a todos os que aqui se encontram, mesmo que a participação vos tenha obrigado a vencer alguma tentação de resistência ao convite que vos foi dirigido.
Um agradecimento particular aos nossos convidados que, não sendo hoteleiros nem responsáveis de casas religiosas, têm um lugar activo em Fátima e estão interessados em dar o seu contributo nesta obra comum, que é o acolhimento dos peregrinos.
 
2. Tal como tem acontecido nos anos passados, também este ano deixo algumas notas, apenas como introdução à nossa reflexão desta tarde.
Penso que tem pertinência continuarmos a reflectir sobre o significado de Fátima e sobre a sua especificidade no contexto actual.
Quando há dois anos algumas pessoas do Santuário participaram no encontro da Associação Nacional dos Organizadores de Peregrinações de França, que teve lugar no Líbano, houve muitos aspectos que me fizeram reflectir e houve muitos paralelos com a nossa realidade que se foram estabelecendo. Ficou-me sobretudo uma expressão, repetida frequentes vezes, que fazia eco das palavras de João Paulo II, quando aí se deslocou: “o Líbano é uma mensagem”. De facto, encontramos algo de muito característico naquela nação, quando olhamos para a pluralidade de confissões religiosas, para a extremamente grande diversidade de ritos cristãos e para o grande número de Igrejas Católicas. Uma certa possibilidade de convivência entre todos os que professam perspectivas religiosas tão variadas e, por vezes, tão diferentes, tornou-se uma mensagem eloquente para o mundo a braços com problemas de convivência religiosa. Ao nível da coexistência dos cristãos de diferentes denominações, mesmo sem ser um paraíso, o Líbano é, de facto, uma mensagem.
Por sua vez, a Terra Santa, como frequentemente se refere, não é somente o lugar onde ecoou uma mensagem pronunciada por Jesus Cristo, mas tornou-se ela mesma uma mensagem, pelos sentimentos, atitudes e memórias que evoca nos que a visitaram e mesmo nos que nunca pisaram o seu solo.
Fátima, a nossa terra, podemos também dizer que deixou de ser simplesmente um lugar geográfico para se transformar numa mensagem. É, actualmente, para muitos milhões de cristãos e até de não cristãos, uma mensagem, cujos contornos não iremos desenvolver neste contexto, mas que têm sido largamente desenvolvidos em congressos e publicações, dos quais destaco os que tiveram lugar na celebração dos 90 anos das aparições. O nome e a realidade de Fátima evocam sempre Nossa Senhora e as aparições, e, através delas, Deus, a fé, a dimensão espiritual da vida, a paz, a busca do sagrado…
Não têm faltado vozes, movimentos e grupos a fazer sobressair Maria como a Senhora que veio trazer uma mensagem ou os aspectos fundamentais da Mensagem de Fátima. Tiveram e têm forte impacto ao nível do desenvolvimento da teologia e da espiritualidade de Fátima, com aspectos que cativaram o mundo e uma forte influência no desenrolar de muitos acontecimentos, particularmente no Continente Europeu.
Reconheço que esta é uma dimensão fundamental a recuperar no modo de entender Fátima, pois pode ajudar a intuir muitos e variados aspectos que vão para além da teologia e da espiritualidade e que têm a ver com o seu desenvolvimento futuro a nível social, cultural, urbanístico, ecológico… 
Significa isto que Fátima precisa de se assumir como uma mensagem para o mundo, particularmente para uma parte do mundo cristão, e que isso traz consequências relevantes quanto ao modo de se organizar, de se projectar e de se desenvolver.
Neste sentido, reconhecemos em primeiro lugar, que Fátima é lugar de acolhimento de peregrinos. E neste aspecto todos nós estamos directamente envolvidos: o Santuário, os hoteleiros, os religiosos e religiosas, os comerciantes, mas também as autoridades políticas e autárquicas ou as forças da ordem.
Tem-se continuado a discutir muito sobre o perfil dos visitantes de Fátima e as conclusões são óbvias: o visitante de Fátima é, em primeiro lugar e na sua esmagadora maioria, o peregrino de Fátima, pelo que esta cidade tem de organizar-se primariamente de acordo com esta realidade e para esta finalidade.
Em segundo lugar, Fátima é lugar de busca de paz interior. Basta ouvir os testemunhos daqueles que aqui vêm ou aqui vieram. Esta simples convicção, que não é difícil de aceitar, devia dar forma a um conjunto de medidas que ajudassem a organizar todo o tecido que é Fátima. Os lugares tranquilos, os espaços verdes, as zonas pedonais, a arrumação e diminuição dos caudais de trânsito, a eliminação dos ruídos de diversa ordem, a criação de boas acessibilidades para pessoas com alguma deficiência, são objectivos para todos os lugares de elevada frequência humana, mas têm ainda maior pertinência num lugar como este.
Nesta matéria, uma parte da responsabilidade cabe, sem dúvida aos poderes públicos, mas, outra parte, cabe aos privados, pois detêm grande parte parte dos lugares e espaços frequentados pelos peregrinos. Nomeadamente os hotéis e casas religiosas que recebem peregrinos precisam de estar preparados para o tipo de pessoas que recebem e responder adequadamente às motivações que as trouxeram até Fátima.
Em terceiro lugar, Fátima oferece uma dimensão espiritual muito bem definida dentro do contexto da fé católica romana. Relativamente a esta fundamental característica do lugar, é evidente que há alguns preconceitos próprios das sociedades laicas do nosso tempo.
Não estamos à espera que seja o Estado ou as instituições públicas a fazer a difusão da Mensagem de Fátima, nem o incremento da fé católica; esperamos, no entanto, que um fenómeno de massas, que envolve anualmente milhões de pessoas, seja reconhecido como tal e, com a colaboração de todos os implicados, Fátima tenha cada vez melhores condições para servir os seus visitantes, os peregrinos.
Fátima tem um significado e uma projecção que ultrapassa muito a nossa região e o nosso país. Ter em conta essa especificidade é um sinal de respeito para com a verdade dos factos e para com as pessoas que por aqui passam. Com melhores ou melhores condições elas continuam a vir, pois move-as a mensagem e o significado do lugar; nós é que podemos ficar aquém no modo como as acolhemos.
 
3. Outros assuntos 
Tema do ano
Ao longo deste ano o Santuário de Fátima continua a tratar o tema dos mandamentos da Lei de Deus. Viver na Verdade é a frase forte que iremos ouvir muitas vezes e o mote inspirador de reflexões e acções de formação, construída a partir do sentido do 8º Mandamento.
Capelães
Felizmente, o Santuário dispõe actualmente de alguns capelães disponíveis para acolher os peregrinos de outras línguas:
Italiano – P. Clemente Dotti
Espanhol – P. Angel António
Alemão – P. Rudolf Atzert
Polaco – P. Martinho
Igreja da Santíssima Trindade
A partir do 1º Domingo do Advento, dia 2 de Dezembro de 2007 entrou em uso a Igreja da Santíssima Trindade. O Santuário de Fátima passou a dispor de um conjunto de boas condições para a participação na Missa ao fim de semana e parece ter ocasionado um aumento do número de participantes.
Celebram-se actualmente na ISST a Missa das 11h00 ao sábado e as das 11h00, 15h00 e 16h30, ao domingo.
Está em fase de reflexão o programa das celebrações do período de Verão.
 
Fátima, 7 de Fevereiro de 2008
P. Virgílio do Nascimento Antunes
(SEPE)
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