09 de agosto, 2008

Conforme foi anunciado, D. Zacarias Kamwenho, Arcebispo do Lubango/Angola e Presidente da Comissão Episcopal das Migrações da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), preside em Fátima à Peregrinação de 12 e 13 de Agosto, que integra a Peregrinação Anual do Migrante e do Refugiado ao Santuário de Fátima.
Depois de uma breve passagem por Fátima, no final de Julho, D. Zacarias regressará à cidade na próxima semana e estará presente na Conferência de Imprensa agendada para as 16h00 de 12 de Agosto, na Casa de Nossa Senhora do Carmo, no Santuário de Fátima (Boletim Informativo 79/2008).
Alguns dias antes, em jeito de antecipação, e em entrevista à Sala de Imprensa do Santuário de Fátima, o Arcebispo de Lubango, fala sobre a sua vinda a Portugal durante esta 36ª Semana Nacional de Migrações (de 10 a 17 de Agosto), uma iniciativa da Obra Católica Portuguesa das Migrações, que assume como momento alto a Peregrinação do Migrante e do Refugiado a Fátima, este ano dedicada às comunidades Africanas residentes em Portugal.
Se seguida, as respostas de D. Zacarias Kamwenho à Sala de Imprensa do Centro de Comunicação Social do Santuário de Fátima, datadas de 7 de Agosto e respondidas a partir de Lisboa.
1 - Com que sentimento recebeu o convite para presidir a esta Peregrinação Internacional em Fátima?
D. Zacarias Kamwenho – Recebi com certo entusiasmo o convite que me foi dirigido para presidir à Peregrinação Internacional dos Migrantes neste ano 2008.
Isto porque o ano passado em Gdinia (Polónia) inteirei-me da Pastoral das Migrações em Portugal. Confirmei então o que já sabia pela imprensa pelo que, à sugestão de D. António Vitalino, Presidente da Comissão Episcopal das Migrações, para participar nesta peregrinação, correspondi com interesse e aqui estou. Já vim várias vezes a Fátima. Numa das vezes presidi à peregrinação das Crianças de Portugal no mês de Junho, não me lembro de que ano (foi no ano 2000), uma outra vez presidi à peregrinação dos Missionários da Boa Nova, enfim. Em Fátima estamos sempre na casa – comum.
2 - Presidirá a uma peregrinação marcada anualmente pela grande participação de emigrantes portugueses a residir no estrangeiro e também de imigrantes de vários países a residir em Portugal. Acompanha a realidade da numerosa presença de africanos a residir em Portugal. Como sente fenómeno?
Aceitei com entusiasmo, precisamente, por saber que nesta grande peregrinação juntam-se emigrantes portugueses ou de expressão portuguesa a trabalhar no estrangeiro, e também de não-portugueses a residir em Portugal.
Para qualquer Pastor da Igreja Católica, momentos destes constituem um novo Pentecostes para a Igreja e para o mundo. Então, neste sentido, sinto-me um peregrino privilegiado entre irmãos e irmãs, e diria com S. Paulo: “ai de mim se não evangelizar”(1 Cor. 9,16). Esta peregrinação é mais que um fenómeno, ela é um acontecimento salutar que revela o caminhar juntos de pessoas com o mesmo ideal, a santidade, e que reunindo-se dos quatro cantos do mundo, celebram a oportunidade que lhes é oferecida, isto é, do encontro pessoal com Jesus Cristo, por Maria, e sob a única identidade: emigrantes.
3 - Que mensagem trará para estes peregrinos?
Mensagem para os peregrinos? Nada melhor do que aquela que retiramos da ultima encíclica do Papa Bento XVI ‘Epe Salvi’, isto é, que toda a mobilidade humana tem a sua última explicação no conceito de progresso. Progresso que não pára em estruturas materiais mas que vai mais além, traduzindo-se no progresso interior de cada peregrino como diz S. Paulo nas suas cartas (cf. Ef. 3,16. Fl 2, 12-16). Progresso que é de cada um, mas que é também para os outros (nº 34).
4 - "Aquele que revela um segredo perde a confiança" (Sir 27, 16) é o tema proposto pelo Santuário para esta Peregrinação de Agosto, no âmbito do tema anual do Santuário ”Viver na Verdade”. Que se lhe oferece dizer sobre esta afirmação?
O Livro de Ben-Sirac ou apenas Sirácida (Sir) é um livro sapiencial que recolhe a sabedoria popular expressa em sentenças e provérbios, que, aliás se encontra em todas as línguas e culturas, no caso, na cultura hebreia. Neste capítulo 27 encontramos, portanto, sentenças e/ou ditados sobre o comércio, a justiça, o segredo, etc. E o segredo continua a ser a alma do negócio!
Na minha língua materna (Umbundu) encontramos, por exemplo, este mesmo pensamento (Sir 27,16) expresso num nome feminino muito vulgar: Tchohïla(cohïla) início de um provérbio que se traduziria mais ou menos assim: “as mulheres mais velhas (sensatas) são-no porque souberam calar (o segredo) no lar, as mais novas por não saberem calar os segredos do lar depressa se tornam viúvas de maridos vivos.”
O Santuário ao propor o 8º Mandamento aos peregrinos do ano encontrou, como sub-tema para o mês de Agosto o versículo citado para dizer que ‘viver a verdade’ é também saber guardar o segredo. E dá-nos o exemplo dos pastorinhos.
Levando o pensamento à Liturgia ficamos a saber que a Verdade fundamental do Cristianismo é o Mistério Pascal de Jesus Cristo, Sua morte e Ressurreição, revelado paulatina e oportunamente e assumido apenas na Fé. Aqui está a razão do segredo messiânico (cf. Mt. 26,64)
5 – É grande a devoção a Nossa Senhora de Fátima no continente africano. Sabemo-lo aqui no Santuário de Fátima pelos inúmeros contactos que o Santuário possui. Como é vivida, na generalidade, esta devoção em termos de celebrações e actos cultuais, e culturais?
A devoção a Nª Sr.ª de Fátima é uma das bonitas heranças que os portugueses deixaram em Angola.
Na minha meninice a devoção mais marcante era a de Nª Sr.ª de Lurdes e Nª Sr.ª das Dores, pois, os Missionários da 2ª evangelização do País – 1866 – eram franceses. A partir de dada altura com o reforço da presença missionária portuguesa Nª Sr.ª de Fátima ganhou o seu espaço: Paróquias, Missões e Capelas são-lhe dedicadas e o 13 de Maio é celebrado também com procissões de velas no dia 12 e missas solenes ou solenizadas no dia 13.
6 – Traz consigo algum pedido especial para apresentar a Nossa Senhora de Fátima?
Se trago algum pedido especial a Nª Sr.ª de Fátima… com certeza: a Arquidiocese do Lubango, que nos próximos dias 14 e 15 celebra a sua II Peregrinação Arquidiocesana, e a outra intenção, sem dúvida, vai para as Eleições legislativas em Angola no próximo dia 5 de Setembro.
 
BOLETIM INFORMATIVO, 80/2008, de 09 de Agosto de 2008, 16h30

 
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