20 de abril, 2013
Em entrevista à Sala de Imprensa do Santuário de Fátima, realizada por Internet, D. Orani Tempesta fala sobre esta sua vinda à Cova da Iria, em que diz vir também como peregrino, e sublinha a devoção do povo brasileiro e a sua própria devoção a Nossa Senhora de Fátima.
Durante a peregrinação, a 13 de maio, por decisão dos bispos portugueses e em resposta ao pedido apresentado pelo Papa ao Cardeal Patriarca de Lisboa, o pontificado do Papa Francisco será consagrado a Nossa Senhora de Fátima.
Na presente entrevista, D. Orani Tempesta revela que durante a peregrinação também pretende consagrar a Nossa Senhora de Fátima os trabalhos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que decorrerão de 23 a 28 de julho, no Rio de Janeiro.
Entrevista conduzida por LeopolDina Simões
ENTREVISTA
- Com que sentimento recebeu o convite para presidir em Fátima à peregrinação de 12 e 13 de maio?
R: Foi com muita alegria e satisfação que recebi este convite. Sinto-me privilegiado por tal facto, pois a devoção à Virgem de Fátima é uma das mais belas e preciosas heranças que os brasileiros receberam do povo português e, ainda hoje, ocupa um lugar de destaque na nossa vida espiritual. Nossa Senhora de Fátima, mãe de Portugal, é muito amada por todos os católicos brasileiros. Trago a imagem de Fátima impressa no coração desde criança. Além disso, desejo consagrar a Nossa Senhora de Fátima os nossos trabalhos da Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá aqui no Rio de Janeiro em julho próximo. - Já peregrinou a Fátima, o que significa este lugar para si? R: Estive várias vezes em Fátima, como padre e como bispo. Tive oportunidade de celebrar a missa e de participar na procissão luminosa. Fátima é um lugar de oração e de conversão, de busca de Deus e de paz, de encorajamento e de ânimo que se renova. Significa um renovar a vida espiritual diante de um mundo de tantas mudanças. - Que mensagem especial trará aos peregrinos que de todo o mundo aqui rumarão? R: Antes de tudo, nesta ocasião, desejo ser um peregrino que, em comunhão com todos os demais, busca em Maria o grande modelo do seguidor de Cristo. Irei convidar a todos para contemplar com os olhos da Virgem Mãe a seu Filho Jesus que, na sua ascensão, leva aos céus o nosso desejo de buscar mais as coisas do alto. Vivendo esta experiência transformadora, podemos seguir em nossa missão como Igreja que peregrina, servindo e amando aos irmãos com as mãos e o coração de Maria. Dirigir-me-ei em especial aos jovens, para chamá-los a testemunharem na Jornada Mundial da Juventude as maravilhas de Deus que em Fátima fazem operar nos corações. E tudo isso o farei em união com o nosso querido Papa Francisco, que desejou também consagrar seu pontificado à Virgem de Fátima. - Qual a atualidade que encontra na mensagem de Fátima? R: Os convites à oração e à conversão são sempre atuais. Mudam os tempos e os costumes, mas se existe algo que permanece no ser humano é a sua necessidade e eterna carência de Deus. Contemporaneamente, em um mundo onde se vivem tantos avanços na tecnologia e tantas mudanças na ordem social, a voz que ressoou em Fátima continua clamando, com a mesma força e coragem, para todos nós nos dias de hoje: É preciso rezar sempre mais. É preciso que nos convertamos diariamente. Somente dedicando-nos à oração devota e perseverante, e buscando uma conversão sincera e autêntica, poderemos abrir espaço para Deus estar mais e mais presente no caminhar da humanidade. E o chamado à Oração do Rosário faz-nos contemplar os principais mistérios da nossa fé, em união com Maria, numa oração contemplativa tão importante para o Ano da Fé que agora vivemos. - Que balanço faz da existência do Santuário de Fátima no Rio de Janeiro enquanto projeto pastoral? R: Aqui no Rio de Janeiro temos várias paróquias e igrejas dedicadas a Nossa Senhora de Fátima. A réplica da Capela das Aparições que tivemos a alegria de inaugurar foi o desdobramento de uma devoção muito grande, que foi crescendo na cidade com a “Tarde com Maria” e é hoje uma grande graça para os católicos de nossa arquidiocese, que, devido à grande devoção que guardam a Nossa Senhora de Fátima, encontram lá local propício para conhecer mais e amar a Virgem de Fátima e viver as suas mensagens. O Santuário é um grande propagador para a nossa cidade de todas as graças que se vivem em Fátima. Já tem sido um lugar de grandes peregrinações e chamamentos a uma espiritualidade de renovação da vida cristã e católica. - A sua arquidiocese tem mostrado grande alegria e empenho na preparação da Jornada Mundial da Juventude. Como estão os preparativos? R: Entre tantos preparativos necessários para um grande evento como este, diante de tantos desafios e dificuldades que o mundo de hoje apresenta para a Igreja organizar celebrações públicas como a JMJ, temos vários passos e progressos para melhor atender os peregrinos jovens, mas a grande alegria é ver a juventude rezar pela Jornada, passando noites inteiras em oração, celebração e cânticos. Isso ocorre tanto no âmbito arquidiocesano no Santuário de Adoração Perpétua, como nas elas paróquias, foranias e vicariatos. O encontro com o Santo Padre, o Papa Francisco, que fará sua primeira viagem internacional e falará ao mundo em português através dos jovens, é um grande sinal para todos nós. - O que se espera que esta iniciativa traga de novo para a Igreja do Brasil? R: O presente da JMJ, pela segunda vez, depois de 26 anos, na América Latina, é para nós brasileiros uma oportunidade de servir à Igreja acolhendo os jovens que, fazendo uma experiência com Cristo, poderão ser os agentes de transformação da sociedade hodierna. A JMJ faz-nos ver que, além das doações aos necessitados, a formação de pessoas para que, com a experiência de Deus, sejam transformadoras da sociedade, é um grande, belo e essencial investimento. Dar Deus aos jovens! Isso fará com que os jovens também sejam fermento no meio da massa desse mundo em mudança. Para nós, brasileiros, é um descobrir lideranças em todos os campos, que se unirão aos demais líderes para um serviço ainda melhor da Igreja à sociedade, assim como um melhor trabalho de compromisso com a Igreja evangelizadora. - Falemos agora do Santo Padre Francisco, é-lhe possível descrever como é que o povo católico do Brasil acolheu a notícia da eleição de um Papa da América do Sul? R: Foi uma grande e bela surpresa, além de acender uma grande esperança, ver que nosso continente foi chamado por Deus a colaborar tão maravilhosamente com o serviço da Igreja, doando o Papa que se torna o primeiro latino-americano da história a exercer a missão pontifícia. Sentimo-nos todos ainda mais corresponsáveis com a missão do Sumo Pontífice na Igreja, e caminhamos em constante oração e devota obediência junto com o Papa Francisco no desejo de servir ao Corpo de Cristo em todo o mundo. A segunda Jornada Mundial da Juventude na América Latina será presidida pelo primeiro Papa latino americano, que vem justamente da nação que acolheu pela primeira e única vez até hoje uma JMJ, na América Latina, a Argentina. - Quais lhe parecem as principais mensagens e gestos que marcarão para sempre e desde estes primeiros momentos o pontificado do Papa Francisco? R: A sua mensagem de simplicidade e espírito de serviço já estão marcando profundamente o coração de todas as pessoas ao redor do mundo. Temos no Papa Francisco um pontífice que segue o legado de seus antecessores e traz, com o exemplo dos Santos que seu nome nos faz recordar, uma mensagem de humildade, serviço e espírito missionário que são tão necessários para a Igreja de hoje. Deus sempre nos surpreende e nos impulsiona para a missão. O Papa Francisco tem falado de maneira veemente pelos seus gestos e suas escolhas. Temos certeza de que o Senhor dá a Igreja um novo amanhecer de Ressurreição. Basta que saibamos ler os sinais dos tempos. Rio de Janeiro/Fátima, 20 de abril de 2013 |