13 de outubro, 2022

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D. José Ornelas quer um Santuário que “cuida, cura, reconcilia e sara feridas”

Bispo de Leiria-Fátima presidiu à última grande peregrinação do ano na Cova da Iria e reflete sobre a missão do Santuário e sobretudo de um santuário Mariano

 

O Santuário não pode ser apenas uma memória de um evento passado mas sim um local de renovação de fé, que crie “novos percursos de vida, a partir do encontro com Cristo” afirmou esta manhã D. José Ornelas na homilia da Missa internacional que encerrou a Peregrinação Internacional de Outubro, que assinala a sexta e última aparição da Senhora mais brilhante que o Sol aos Pastorinhos.

“O Santuário que aqui foi construído para celebrar a presença materna de Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, cuja dedicação hoje celebramos, não é apenas um memorial do passado e da história de três pastorinhos. Ele só tem sentido se for local do encontro dinâmico de cada peregrino com Cristo; de profissão conjunta da fé, em tantas línguas do mundo; e de partida para levar o testemunho ativo dessa no nosso regresso a nossas casas e às nossas atividades” afirmou o prelado diocesano que presidiu ontem e hoje às celebrações em Fátima, na qual participaram cerca de 310 mil peregrinos, oriundos dos mais variados lugares do mundo.

“Independentemente da sua maior ou menor beleza, os templos de pedra de nada servem se não forem expressão da presença poderosa e carinhosa do Senhor Jesus, onde se jorra vida, onde se cuida, cura, reconcilia e sara feridas de vida, propondo novos caminhos de vida”, afirmou salientando a importância de todos quantos colaboram para acolher os peregrinos que chegam e partem. Aliás, o bispo de Leiria-Fátima ressalvou, de forma especial a vida nova que os Santuários proporcionam depois da experiência íntima do encontro com Deus, proporcionando mais do que uma meta um ponto de partida para uma vida nova. E deixou uma analogia: “os santuários são lugares de partida desses peregrinos, para que sejam testemunhas e missionários da luz, da força e da esperança que o santuário lança nas suas vidas, para a levarem e partilharem com quem mais precisa”.

“O santuário é como o estacionamento à beira das nossas estradas que além de gasolina fornecem a energia aos carros elétricos dos nossos dias, que fornecem a oportunidade de repousar, de refazer as forças e encontrar carregadores do amor de Deus que vem ao nosso encontro e nos permite continuar a caminhada da vida até ao encontro definitivo com Ele no verdadeiro santuário da vida que não tem fim” afirmou.

Assim, prossegue, é no Santuário que os crentes se aproximam de Deus e é no Santuário- local de reunião e reafirmação da sua fé e da sua identidade- que o povo crente se assume como povo de Deus .

“É o lugar onde se vem pedir perdão a Deus e também aos irmãos, refazendo a unidade e afirmando a paz”, disse.

Aos milhares de peregrinos que hoje participaram nesta peregrinação, o prelado lembrou a sagração da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, que hoje se assinala.

“Na sua arquitetura a Basílica abre-se, como que abrindo os braços para acolher os peregrinos, conduzindo-os pelo local da revelação de Maria aos pastorinhos, para o altar da Eucaristia e para a Casa de Deus que está presente em cada igreja da terra” disse D. José Ornelas.

O projeto foi concebido pelo arquiteto Gerardus Samuel van Krieken e continuado por João Antunes. A primeira pedra foi benzida em 13 de maio de 1928 pelo arcebispo de Évora e a dedicação celebrou-se em 7 de outubro de 1953. O título de basílica foi-lhe concedido por Pio XII, pelo breve Luce Superna, de 11 de novembro de 1954.

“Neste santuário, dedicado a Maria, Mãe de Jesus e Mãe da Igreja, esta mensagem é particularmente importante. Ela ensina ensina-nos a ser Igreja unida na mesma fé e a caminhar juntos, como Igreja sinodal para levar Cristo ao mundo”, sublinhou.

“Que ela modele o nosso coração, nos cure das nossas debilidades e nos indique o caminho da missão, para levar o anúncio alegre da Boa Nova de Jesus através das nossas atitudes, da nossa palavra, da nossa esperança”.

D. José Ornelas, convidou , ainda,  os peregrinos presentes na Cova da Iria a ir ao encontro das “periferias sociais” e dos excluídos.

O responsável destacou que um cristão “não é limitado por nenhuma ideologia nacional”, pelo que deve “exprimir o amor de Deus em gestos que se tornam compreensíveis em todas as línguas e em todas as culturas”.

Na oração dos fieis rezou-se pela paz na Ucrânia, pelas vítimas da pandemia e por todos os que enfrentam as dificuldades da crise económica e, ainda, pelos 110 anos do comando distrital da GNR em Santarém.

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A peregrinação de Outubro, que assinala também a efeméride do Milagre do Sol, encerra as grandes peregrinações de verão, fazendo memória da sexta e ultima aparição da Cova da iria aos três pastorinhos, Francisco, Jacinta e Lúcia cujo processo de beatificação e canonização conheceu esta quinta-feira um novo desenvolvimento com a entrega do documento sobre as virtudes heroicas da serva de Deus carmelita ao Dicastério para as Causas dos Santos, em Roma.

 

“Os pobres, os doentes, os necessitados não podem esperar"

Na palavra ao doente, o padre Pedro Viva partiu do relato da visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel, segundo São Lucas, e da homilia do Papa João Paulo II, na Missa da beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, para sublinhar o sustento da presença misericordiosa de Nossa Senhora como intercessora dos homens junto de Deus e da ajuda daqueles que cuidam dos irmãos na fragilidade.

“Os pobres, os doentes, os necessitados não podem esperar. É um imperativo de consciência socorrê-los. Maria não perde tempo. (…) As nossas dores e sofrimentos não lhe são alheios. A tua cruz, irmã e irmão doente, será mais leve se a souberes partilhar com aqueles que correm, nos hospitais e em outros locais, inspirados por Deus e pelo exemplo de Maria, para aliviar e cuidar dos teus “ais”, em cada dia”, afirmou o capelão do Hospital de Leiria e diretor do Serviço de Pastoral da Saúde da diocese de Leiria-Fátima, ao relembrar o sofrimento e as limitações a que foi submetida de Santa Jacinta, no momento da sua doença, e a o exemplo da perseverança na fé com que o enfrentou.

“Tão dilacerante como as dores e o aceitar as limitações e as impossibilidades impostas pela doença, é a pessoa sentir que está só, deixada á sua sorte. Por isso, irmão e irmã, a Igreja de Cristo olha para ti não como um fardo, uma vida descartável, um peso de que nos devemos livrar. Não. Nem tu deves deixar que alguém pense isto de ti. A nossa vida tem sempre dignidade porque somos Filhos de Deus e ela não diminui quando estamos doentes ou em sofrimento dito “insuportável”. Pelo contrário. É quando a nossa vida parece não ser útil, aos olhos do mundo, é que ela se descobre ainda mais preciosa, porque amável sem condições nem retribuições”, concluiu o sacerdote.

No final da Missa Internacional Aniversária de 13 de outubro, o reitor do Santuário de Fátima anunciou e congratulou-se com a entrega, esta manhã, da Positio Super Vita, Virtutibus et Fama Sanctitatis do processo de Beatificação e Canonização da Serva de Deus Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado no Dicastério para as Causas dos Santos, em Roma.

As palavras finais couberam ao bispo de Leiria-Fátima e presidente da Peregrinação, que relembrou em síntese a mensagem que deixou nas homilias e agradeceu a todos quantos colaboraram nestes dois dias celebrativos: aos que lideraram grupos de peregrinos; aos bispos; às paróquias de todo o mundo ali representadas; aos que, no Santuário, acolhem os peregrinos; aos Servitas de Nossa Senhora; aos voluntários; a todos os cuidam dos peregrinos doentes.

Na conclusão, o prelado pediu a intercessão de Maria no anúncio e testemunho das graças alcançadas nesta peregrinação.

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