20 de fevereiro, 2023
D. José Ornelas Carvalho alerta que o abuso de crianças "é o maior escândalo que se pode ter dentro da Igreja, porque puseram a sua confiança na Igreja, e isso não podemos tolerar”Memória litúrgica dos Santos Pastorinhos foi celebrada em Fátima de forma especial
A Igreja celebra hoje a memória litúrgica dos Santos Francisco e Jacinta Marto. A missa, na Basílica da Santíssima Trindade, foi presidida por D. José Ornelas de Carvalho, bispo de Leiria-Fátima. Aos peregrinos, o prelado falou da “grande luz”, que os pastorinhos viram, viveram, e que mudou as suas vidas. “Eles eram crianças como vocês, mas viviam num tempo diferente, trabalhavam e ajudavam os pais, e um dia viram uma grande luz, ficaram curiosos, mas não tiveram medo”, contou D. José Ornelas de Carvalho, dizendo ainda que Nossa Senhora “deu lhes tanta luz e tanta alegria que os Pastorinhos foram voltando, e tiveram todos estes encontros com a mãe do céu”. “O tempo tem muitas semelhanças com o tempo que agora vivemos: olhem a guerra, os terremotos, mas Nossa Senhora disse sempre para eles não terem medo”, acrescentou. Tomando o exemplo contemplativo de Francisco, o bispo de Leiria-Fátima, falou da Luz que acolheu os Pastorinhos dentro de Deus, “por vezes vemos coisas com o coração que não vemos com os olhos”, e no meio das dificuldades, “tiveram uma força tão grande, sentiram que o Pai do Céu gostava deles, o que dá força para vencer o sofrimento”. “Nós por vezes pensamos que nós é que somos importantes, mas quem é mais importante é o mais pequeno, por exemplo o colega que tem mais dificuldades, se o ajudarmos? É assim que criamos um mundo novo, é assim que é o Pai do Céu, foi assim que viveram os Pastorinhos”, explicou D. José Ornelas de Carvalho, alertando que a mensagem “é para todos”. Qualquer que seja a idade ou a dificuldade, “são esses que são os mais importantes, qualquer que seja a idade ou situação”. “A Igreja não deve ser um lugar estranho às crianças, tem de ser um lugar onde são acarinhadas e queridas”, disse, afirmando que os sinais têm de ser evidentes, e por isso o “mais estranho e o pior que se pode fazer, é fazer sofrer uma criança, e particularmente no meio da Igreja”. “Os abusos de crianças é o maior escândalo que se pode ter dentro da Igreja, porque são crianças e puseram a sua confiança na Igreja, como Francisco e Jacinta, e se alguém dentro da Igreja abusa de uma criança, é a pior coisa que pode acontecer, e isso não podemos tolerar”, deixou claro o prelado, lembrando que “não é uma luta fácil, mas é importante que se entenda e que se tomem medidas para que isto não aconteça, porque isto é o pior que pode acontecer”. Neste dia em que se celebra Francisco e Jacinta Marto, “acolhemos as crianças, é a nossa missão”. Para esta celebração fizeram-se anunciar nos Serviços do Santuário um grupo de crianças da zona oeste, do Patriarcado de Lisboa. Os dois jovens irmãos, que morreram vítimas da Gripe Espanhola- (a Jacinta faleceu faz hoje precisamente 103 anos)- foram canonizados pelo Papa Francisco no dia 13 de maio de 2017, no ano do Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima. Para evocar a sua memória litúrgica, o Santuário de Fátima levou a cabo uma novena, com a publicação de um podcast diário com uma leitura das Memórias e uma meditação inspirada na espiritualidade dos Pastorinhos. Ontem, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, esteve o Ensemble São Tomás de Aquino, sob a direção da maestrina Maria de Fátima, que, num alinhamento que juntou temas dos compositores Alfredo Teixeira, Rui Paulo Teixeira e João Fonseca e Costa, recordou também peças Arvo Pärt, nomeadamente a que o compositor dedicou aos Três Pastorinhos de Fátima. Pela noite, na vigília de oração, os peregrinos foram convidados a meditar sobre a vida dos mais jovens não mártires do santoral católico. |