15 de dezembro, 2024
D. José Ornelas apela à construção da alegriaNa missa deste domingo, presidida pelo bispo de Leiria-Fátima, procedeu-se à bênção das imagens do Menino Jesus que serão usadas para a veneração no tempo do Natal.
Na homilia da missa deste domingo, celebrada na Basílica da Santíssima Trindade, D. José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima, desafiou os peregrinos a empenharem-se na construção da alegria e de uma renovada esperança. Neste terceiro domingo do Advento, o presidente da celebração referiu-se à alegria, não como uma realidade já existente e sempre presente, mas como algo que dá alento para o futuro, que convida a construir. D. José Ornelas reconheceu, no entanto, que escasseiam motivos de alegria no momento atual. “O mundo de hoje é uma terra martirizada por tantas feridas da guerra, da fome, da injustiça, dos ataques ao planeta que ampliam os desastres climáticos e ameaçam drasticamente o futuro”, afirmou. “Mas precisamente por isso”, prosseguiu, “faz sentido e é necessário proclamar a alegria possível e necessária, nas nossas casas, nas comunidades paroquiais, nos ambientes de trabalho, nas autarquias, no nosso país”. O bispo de Leiria-Fátima esclareceu que proclamar a alegria não é uma questão de otimismo, mas é “ter a coragem de entrar e participar no sonho de Deus” e, com isso, tornar possível um futuro melhor. A partir do Evangelho, D. José Ornelas retomou as três indicações práticas elencadas por João Batista para traçar o futuro novo e trouxe-as à reflexão. A primeira convida à construção de uma cultura nova de atenção aos mais fracos. “Criem uma cultura de solidariedade porque isso é o princípio de tudo”, desafiou, sublinhando que a partilha conduz ao sonho de Deus. A segunda indicação incide sobre os que possuem dinheiro e bens, e os administram em nome do povo. “Aqueles que dominam, que têm grandes fortunas têm-nas por si só, é do seu trabalho, é do seu engenho, não foram outros engenheiros, e tantos outros que colaboraram com eles, que tornaram possível que eles tivessem a fortuna que têm? É justo que seja só para eles?”, interrogou. A esse propósito, o presidente da celebração vincou a ideia de que é preciso mudar. “Os bens desta terra têm de ser para partilhar num sistema que seja justo e crie solidariedade num país, numa terra, num planeta que foi criado por Deus para todos, como nossa casa comum”, salientou. A terceira indicação é dirigida aos “soldados”, aqueles que estão junto do povo em nome dos que governam. “Neste mundo, precisamos de ter segurança, mas não é para estar ao serviço dos potentes, dos conquistadores, dos grandes opressores e tiranos”, afirmou D. José Ornelas. Em contrapartida, apontou a necessidade de “um tipo novo de poder, o poder de quem cuida, de quem se preocupa com os outros, de quem vai ao encontro de quem precisa”. “Isto é fazer o verdadeiro sonho de Natal”, reforçou. A terminar, evocou Maria e o seu exemplo enquanto peregrina da esperança, de uma Igreja nascente, que acompanhou o sonho de Deus. “Que Maria nos ajude a sonharmos este Natal”, concluiu. Na missa deste domingo, procedeu-se ainda à bênção das quatro imagens do Menino Jesus que serão usadas para a veneração no tempo do Natal. Fez-se também a bênção das crianças e das grávidas. |