11 de julho, 2019
D. António Moiteiro Ramos considera que “há um problema grave de ignorância religiosa”Bispo de Aveiro esteve no segundo dia da 4ª edição dos Cursos de Verão do Santuário de Fátima
No Salão do Bom Pastor, Centro Pastoral de Paulo VI, continuam os trabalhos da 4ª edição dos Cursos de Verão do Santuário de Fátima. O segundo dia desta oferta formativa começou com a aula de D. António Moiteiro Ramos, sobre "A educação religiosa da criança nos inícios do século XX". Na apesentação, ao fazer uma retrospetiva do ensino religioso em Portugal, o bispo de Aveiro considerou que “há um problema grave de ignorância religiosa”. “Havia uma noção de Deus nos catecismos, que é um Deus 'fora de nós', um Deus eterno e infinito, e é tudo isso, mas para nós Deus é aquele que os Pastorinhos fizeram experiência, após as aparições”, explicou o prelado. “O encontro com Deus transforma-nos, e o encontro com Deus muda a nossa forma de pensar, por isso, se não há este encontro, as pessoas não têm, hoje, essa noção”, acrescentou o orador, recorrendo às Memórias da Irmã Lúcia, para evocar uma citação atribuída a Francisco Marto, onde o vidente “fala de uma luz que tem dentro do peito, e que já não é um Deus fora de nós, é um Deus que está no coração de cada um de nós”. D. António Moiteiro Ramos falou ainda da luz enquanto “experiência de Deus” e que, atualmente, #está em falta” na catequese, conduzindo a uma “falta na experiência de Deus”. António Manuel Moiteiro Ramos é atualmente bispo de Aveiro. Entre 1984 e 1986 fez a licenciatura em Teologia, com especialidade em catequética, no Instituto Superior de Teologia San Dâmaso, em Madrid, filiado na Universidade Pontifícia de Salamanca e, nos anos 1994-1996, frequentou as aulas no Instituto Superior de Pastoral, em Madrid, concluindo o doutoramento em Teologia Pastoral, em 1997, com a tese «Os catecismos portugueses da infância e adolescência de 1953-1993». Desde 1987 até à ordenação episcopal em 2012 foi professor de catequética no Seminário Maior da Guarda e professor de teologia pastoral no Instituto Superior de Teologia Beiras e Douro, com sede em Viseu. É autor de diversos escritos sobre a educação da fé e a catequese. Foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de Braga em 2012 e Bispo de Aveiro em 4 de julho de 2014, tendo tomado posse em 13 de setembro do mesmo ano. Atualmente é Presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé da Conferência Episcopal Portuguesa. A manhã letiva terminou com uma reflexão sobre "A Gripe Pneumónica em Portugal", por José Manuel Sobral, doença que matou, há precisamente 100 anos, o vidente Francisco Marto. José Manuel Sobral licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1976. Doutorou-se em Antropologia pelo ISCTE, em 1993, com uma tese em que analisa uma freguesia rural da Beira no presente e recua a sua análise ao passado, até à primeira metade do século XIX. Tem exercido uma ampla atividade como orientador científico. Foi Presidente da Associação Portuguesa de Antropologia e é atualmente subdiretor do ICS e diretor da revista Análise Social. No primeiro dia dos Cursos de Verão, a sessão de abertura esteve a cargo do Pe. Vitor Coutinho, vice-reitor do Santuário de Fátima e de Marco Daniel Duarte, coordenador dos Cursos de Verão do Santuário de Fátima. O programa do encontro começou com a apresentação do contexto histórico entre o ano do nascimento e o ano da morte de Francisco Marto, a cargo de Fernando Rosas, do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa. A manhã terminou com o tema "Ser católico em Portugal nos inícios de Novecentos: identidade e práxis devocional", por Adélio Fernando Abreu. Durante a tarde, refletiu-se sobre o lugar da criança na sociedade portuguesa na transição entre o Antigo Regime e o mundo contemporâneo, num tema que foi analisado por António Gomes Ferreira, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Seguiu-se uma visita à Casa das Candeias - Núcleo Museológico da Fundação Francisco e Jacinta Marto, que concluiu o dia. Esta tarde vai ser traçado um retrato de Francisco Marto nas fontes de Fátima, primeiro, nas Memórias de Lúcia de Jesus, a cargo de Agripina Vieira, do Centro de Tecnologia Restauro e Valorização das Artes do Instituto Politécnico de Tomar, e, de seguida, na documentação histórica e na cronística de Fátima, por André Melícias, do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima (DE). O segundo dia termina com uma visita à casa de São Francisco e de Santa Jacinta Marto, em Aljustrel. No último dia do encontro, “Os retratos espirituais de São Francisco Marto” serão trazidos por Pedro Valinho Gomes, do Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião, da Universidade Católica Portuguesa, seguindo-se uma abordagem aos retratos de Francisco Marto nas representações artísticas, trazida pelo diretor do DE, Marco Daniel Duarte. Durante a tarde, Sónia Vazão, responsável pelo Serviço de Investigação do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima irá falar sobre “O processo de canonização de São Francisco Marto”, apresentação à qual se segue novamente o diretor do DE, que concluirá o curso com uma biografia de Francisco Marto. O Departamento de Estudos do Santuário de Fátima promove, desde 2016, os Cursos de Verão, que, na edição do ano passado apresentou uma síntese das leituras do acontecimento centenário de Fátima. Na primeira edição, foram abordadas questões transversais e introdutórias a Fátima. Em 2017, cumpriu-se uma abordagem monográfica, a partir do qual se puderam aprofundar temáticas específicas como a relação entre os papas e Fátima e as biografias dos protagonistas do acontecimento centenário. A 4ª edição dos Cursos de Verão do Santuário de Fátima conta com 110 participantes. |