16 de maio, 2021

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D. António Marto diz que “Sem a dimensão espiritual a vida em sociedade torna-se um caos e caímos em novas escravidões como por exemplo a dos emigrantes em que o trabalho é reduzido a mera mercadoria”

Eucaristia no Recinto de Oração foi presidida pelo bispo da diocese de Leiria-Fátima

 

A missa da Solenidade da Ascensão do Senhor, foi presidida pelo Cardeal D. António Marto, bispo da Diocese de Leiria-Fátima, no Recinto de Oração do Santuário de Fátima. Neste dia a Igreja celebra também o Dia Mundial dos Meios de Comunicação Social.

O prelado convidou cada peregrino presente, bem como os milhares que acompanhavam pelos meios de comunicação social e digital a celebrar “uma festa muito bonita para a Igreja” e a questionarem acerca “do que nos diz este mistério sobre Cristo e sobre nós mesmos para o nosso mundo e nosso tempo, para a nossa vida”.

D. António Marto esclareceu que “a ascensão não é uma viagem espacial, Jesus não foi de foguetão para o céu, nem é um fenómeno de levitação como fazem os ilusionistas”.

O mistério da ascensão convida a meditar sobre “o coroamento e o êxito final da vida e da missão de Jesus com os discípulos nesta terra, é um aspeto da Ressurreição, e Jesus despede-se do convívio visível e é elevado e glorificado na sua humanidade, na plenitude e na vida do amor em Deus, a que chamamos o céu, o próprio Deus, é um encontro, é belo pela plenitude da vida e do amor de Deus”.

Jesus “inaugura” assim uma “nova forma de presença”, com proximidade para além dos limites do e espaço e do tempo, “como só Jesus pode fazer”.

A celebração da ascensão é “convite a partilhar desta esperança Nele, na Sua humanidade glorificada, onde podemos contemplar o coroamento, da nossa vida, da nossa história pessoal e da história da humanidade na plenitude de Deus, e não nos espera um túnel escuro sem saída, espera-nos a plenitude da vida e isto diz-nos tudo aquilo que de bom, belo e justo fizermos nesta vida será recolhido, nada se perde, não caminhamos em vão”.

O prelado explicou que a ascensão de Jesus ao céu “restitui-nos a confiança na bondade, na beleza e na grandeza da nossa vida que tem dimensão da eternidade e que vale a pena viver além das dificuldades pelas quais passamos e depois convida-nos também a dar à nossa vida uma elevação espiritual e moral para não cair na banalidade, mediocridade, na vulgaridade entregue aos instintos do momento, que seja uma vida iluminada na companhia de Jesus no seu amor e evangelho”.

“A pior desgraça seria caminhar ao acaso neste mundo, numa vida vazia de ideais, de valores, de amor, e de fé que levaria ao individualismo e ao egoísmo exacerbado, e dar também um sentido de ascensão, isto é dar um sentido espiritual e mora à nossa sociedade, e ao progresso humano para que seja salvaguardada a grandeza da nossa própria humanidade”, alertou o bispo de Leiria-Fátima.

D. António Marto enalteceu a importância do respeito da dignidade de cada ser humano, e dos direitos humanos, “porque sem esta dimensão espiritual a vida em sociedade torna-se um caos, fica entregue à lei do mais forte, aos interesses de parte, caímos em novas escravidões como por exemplo a que ultimamente tem sido posta aos nossos olhos, a dos emigrantes em que o trabalho é reduzido a mera mercadoria que se compra e vende, em que o trabalhador, indefeso é reduzido a força de trabalho e portanto não se respeita a dignidade do trabalho humano, a dignidade do trabalho humano com condições dignas a ascensão do senhor é também um desafio humanizante da nossa sociedade”.

“O Senhor convida-nos a continuar esta missão no mundo, torná-lo mais humano, mais fraterno e justo”, reiterou.

No evangelho fala-se de uma “linguagem nova, a linguagem do amor, da ternura, da misericórdia, do perdão da compaixão, da comunhão fraterna, do serviço aos mais necessitados”.

“Essa linguagem toda a gente a compreende, independentemente das culturas é universal, porque se expressa além das palavras, através de gesto e de presença”, assegura o prelado que afirmou ainda que “os demónios surgem quando nos descuidamos, e fechamos no egoísmo e desencadeia a indiferença e o ódio”.

No evangelho, a mordedura da serpente significa “os venenos, e hoje esses venenos traduzem-se nas dependências, no alcoolismo, na pornografia na corrupção, são venenos que se contagiam, são vírus mortíferos”.

Esta semana celebra-se a Semana da Vida, com o tema “A vida que nos toca, a vida que sempre cuidamos" e esse ato “é a concretização do amor ao próximo, e hoje há tanta gente ferida que precisa de ser acolhida e ajudada, e o Santo Padre chama a Igreja a ser hospital de campanha, que a todos acolhe sem exceção e ajuda para que possam sentir amor, ternura e misericórdia”, concluiu.

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