14 de novembro, 2021
Cristãos chamados a agir com gestos concretos para curar as dores que afligem a humanidade“Em vez de nos lamentarmos sobre o estado do mundo somos convidados a fazer o bem para o mudar”, afirma o padre Carlos Cabecinhas
Os peregrinos que participaram esta manhã na missa dominical na Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima, foram convidados a ser os rostos da esperança de Deus agindo na história do seu tempo. A partir da liturgia proclamada este domingo, em que a Igreja celebra o V Dia Mundial dos Pobres, o reitor do Santuário afirmou que os católicos devem ser “pessoas que agem”, que “leem os sinais dos tempos que lhes são dados a viver” e que "se mobilizam para a promoção do bem”. O padre Carlos Cabecinhas lembrou que “a pandemia que nos atingiu e continua a condicionar a vida; os conflitos e guerras que dilaceram o nosso mundo; as alterações climáticas que põem em causa o futuro das gerações vindouras; as desigualdades e as catástrofes, os milhões de refugiados e migrantes; os milhões de pobres que vivem sem o mínimo de subsistência ou condições de dignidade ou os abusos e a falta de união dentro da Igreja”são “sinais de Deus que nos provocam” e que “exigem uma acção concreta dos cristãos”. Ao refletir sobre o significado da “salvação” proposta por Deus, salientou que “ em vez de nos preocuparmos com o dia de amanhã” devemos “esforçar-nos por saber reconhecer este sinais da Sua presença na história atual”. “Estar preparados- como refere a liturgia deste domingo- significa não ficarmos à espera nem buscarmos as seguranças pelos próprios meios; é preciso confiar em Deus e tornar concreta hoje a sua promessa de salvação”, disse. “Em vez de nos lamentarmos sobre o estado do mundo somos convidados a fazer o bem” afirmou o sacerdote, interpelando: “Como podemos fazer? Podemos melhorar alguma coisa, façamos isso. Podemos melhorar alguma coisa à nossa volta, façamos isso. Não nos refugiemos na desculpa de que está tudo mal. Se fizermos alguma coisa no sentido do bem o mundo já ficou melhor”, afirmou. “Façamos o pouco que está ao nosso alcance em vez de usarmos isso como desculpa para a nossa inação”, enfatizou. “Não é do fim do mundo que fala a Escritura mas da nossa disponibilidade, da nossa vida, da nossa vontade de fazermos um mundo melhor com o que está ao nosso alcance” concluiu o sacerdote ao lembrar que é para esta ação que aponta a mensagem de Fátima, recordando a afirmação do cardeal Ratzinger a propósito do comentário teológico à terceira arte do Segredo, quando afirmou que a imagem vista pelos Pastorinhos não era um filme antecipado do futuro, do qual já nada se poderia mudar. “É exatamente o contrário: é um convite a mobilizarmo-nos pelo bem”, afirmou o reitor do Santuário que terminou a homilia com um apelo: “Procuremos discernir no tempo que nos foi dado a viver como dom o que podemos fazer de bem”. Este domingo em todos os momentos celebrativos do programa oficial do Santuário, os peregrinos são convidados a lembrar os pobres- “O pobre clamou e o Senhor escuta a sua voz”-. A Igreja celebra em todo o mundo o V Dia Mundial dos Pobres com um alerta especial do Papa Francisco para as consequências sociais e económicas da pandemia e o pedido de uma nova abordagem na luta contra a pobreza. “A pandemia continua a bater à porta de milhões de pessoas e, mesmo quando não traz consigo o sofrimento e a morte, é portadora de pobreza. Os pobres têm aumentado desmesuradamente e o mesmo, infelizmente, continuará a verificar-se ainda nos próximos meses”, escreve Francisco no texto da mensagem que tem como tema ‘Sempre tereis pobres entre vós’, inspirado numa passagem do Evangelho segundo São Marcos (Mc 14, 7). A mensagem deixa alertas para o interior da Igreja Católica, destacando que os pobres não são pessoas “externas” à comunidade, mas “irmãos e irmãs cujo sofrimento se partilha, para abrandar o seu mal e a marginalização, a fim de lhes ser devolvida a dignidade perdida e garantida a necessária inclusão social”. |