13 de junho, 2022

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Coração de Maria “é profundamente inspirador para a humanidade”

D. Virgílio Antunes pede uma Igreja inspirada no Imaculado Coração de Maria, aberta a todos “indiscriminadamente

 

Os peregrinos que participaram nas celebrações de Fátima esta manhã, assinalando a segunda Aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, foram desafiados por D. Virgílio Antunes a sair de Fátima com a “disponibilidade para dar coração à Igreja e dar coração ao mundo”, a partir do exemplo de Maria.

“A nossa vinda em peregrinação convoca-nos para um compromisso pessoal de fé e de vida” disse o bispo de Coimbra na segunda homilia proferida nesta peregrinação de junho que mobilizou 25 grupos de 13 países à Cova da Iria.

“Na família de Deus, aprendemos com a Virgem Maria a estar sempre presente, que não há maiores e mais pequenos, mais dignos e menos dignos, os que mandam e os que obedecem e servem: todos são filhos, todos são irmãos, todos são servos, todos têm voz e todos têm lugar, na unidade, na comunhão e no amor derramado nos corações de todos”, salientou.

“A Igreja, tal como Maria, terá de cuidar de toda a humanidade de forma indiscriminada, sobretudo dos mais pobres e sofredores, mesmo que para isso seja necessário mudar “esquemas e planos inadequados, abrir as suas portas a todos indiscriminadamente, anunciar a Palavra do Evangelho sem complexos nem medos, estar ao lado de todos e cada um dos que sofrem, estão na pobreza, são tristes e infelizes.”

“Centramo-nos na Mãe de Jesus, que cuida do seu Filho e que, como Mãe Igreja, continuará a cuidar de todos os seus filhos, nas perdas e desencontros em que os vê sem rumo e sem esperança”, frisou.

“Uma humanidade com coração de mãe trabalha incansavelmente em favor da justiça"

O prelado convidou os peregrinos  e a Igreja a desenvolver um coração de mãe transformando a humanidade.

“Maria, a Igreja Mãe, é para todos e não esquece nenhum, porque o seu coração é imaculado e puro, cheio do Espírito Santo e de amor, mais do que o coração de qualquer outra criatura” disse ainda desafiando os peregrinos a seguirem o seu exemplo como “se entregaram totalmente os Pastorinhos”.

Só assim, disse o prelado, a humanidade será melhor referindo alguns dos temas que mais têm ocupado a agenda mediática da eutanásia à guerra, passando pelos pobres e excluídos.

“Uma humanidade com coração de mãe não pode permitir que haja alguém que chegue ao desespero diante das dificuldades, das doenças, da pobreza ou da solidão. Uma sociedade com coração de mãe, cria as condições institucionais, pessoais e comunitárias, económicas e estruturais para que a ninguém falte o necessário para continuar a viver com sentido até ao fim dos seus dias. Uma sociedade com o coração de mãe não desiste, pois uma sociedade que desiste de alguém ou que deixa de estar ao lado dos que estão à beira do desespero, é uma sociedade falida”, afirmou.

“Uma humanidade com coração de mãe trabalha incansavelmente em favor da justiça, junta os irmãos para que dialoguem, se respeitem e encontrem na sua condição de família os caminhos para a paz. O baixar dos braços por parte de pessoas, instituições, nações, organizações mundiais, nunca corresponde ao sentido materno do amor, que vai até ao fim”, disse por outro lado.

“Uma humanidade com coração de mãe está especialmente atenta aos mais débeis e mais expostos a toda a espécie de explorações: as crianças, as mulheres, os doentes, os idosos”, lembrou ainda.

“Aqui ao pé da porta ou bem longe de nós, Maria, a Mulher e Mãe de Coração Imaculado vai à procura de cada um dos mais débeis e quer levar consigo nessa missão toda a humanidade” concluiu.

 

Vida santa dos Pastorinhos apresentada como proposta para ultrapassar a “dureza, amargura e o sofrimento” da doença.

A habitual palavra ao doente foi proferida por uma Servita de Nossa Senhora de Fátima, que apresentou a convicção do sim que Pastorinhos assumiram, no “desafio e a provação”, à oferta livre e humilde das suas vidas a Deus, como proposta para ultrapassar a “dureza, amargura e o sofrimento” da doença.

“’Quereis oferecer-vos a Deus?’ (…) Esta mesma pergunta é igualmente feita a cada um de nós, hoje e em cada dia das nossas vidas, de forma especial a cada um de vós, queridos irmãos doentes. A dureza e a amargura e o sofrimento da vossa vida só tem sentido diante esta pergunta. Só diante de uma entrega plena da vossa vida e da vossa doença a Deus faz sentido tudo o que aqui viveis”, disse, evocando a certeza que Nossa Senhora deixou a Lúcia do Seu do Seu Imaculado Coração como refúgio.

“Na dor, no sofrimento, no cansaço… sabei que o Coração Imaculado de Maria será o vosso refúgio, que vos acolhe para vos escutar, para vos consolar e para secar as vossas lágrimas. Esta é também a certeza reafirmada neste lugar santo, (…) que é a prova material que Deus não esquece os seus filhos. (…) Há 105 anos, nesta Cova da Iria, Deus enviou Maria, para nos relembrar a Nova Aliança e para nos dizer o quanto Deus nos ama, (…) mas para isso precisa de cada um de vós, irmãos doentes, para unir o vosso sofrimento ao sofrimento do Redentor”, disse s servita, convidando os doentes a confiar o seu sofrimento perante o Santíssimo Sacramento.

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D. José Ornelas pede pela justiça e paz no mundo e alerta para os dramas indiretos da guerra

Na palavra final, o bispo de Leiria-Fátima deu graças a Deus pela possibilidade da celebração desta Peregrinação, colocando sobre o altar as preocupações que cada peregrino trouxe à Cova da Iria, pedindo a “coragem para que cada um encontre caminhos de realização da vontade de Deus na própria vida”. No rol das intenções, uma em especial, pela humanidade inteira, num apelo a Nossa Senhora pela paz no mundo, em especial na Ucrânia.

“Esta solidariedade precisa estar atenta, não apenas aos dramas diretos da guerra, mas também às suas consequências, que todos estamos a sentir agora no nosso país e no mundo inteiro, (…). Consequências que geram fome, miséria e dificuldades de todo o género”, alertou o prelado, pedindo pelo “dom da justiça e da paz”.

D. José Ornelas Carvalho deixou uma palavra especial aos mais jovens. “É sempre uma grande alegria receber-vos aqui, nesta casa de Deus e da Mãe do Céu, que sempre vos acompanha.”

O bispo de Leiria-Fátima agradeceu ao presidente da celebração, D. Virgílio Antunes, pela “palavra luminosa” que trouxe e que “ajudou a “assumir a atitude de discípulos que Maria ensinou aos Pastorinhos aqui em Fátima”.

Agradeceu ainda ao reitor do Santuário de Fátima e aos seus colaboradores, voluntários e também às autoridades que guardaram pela boa realização da Peregrinação.

Saudou, por fim, os peregrinos espanhóis, italianos, a quem assinalou a alegria deste momento de regresso, após dois anos de pandemia e convidou à oração fraterna pela justiça e paz no mundo.

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No final, convidou os peregrinos a renovarem a consagração a Nossa Senhora.

A peregrinação de junho, imediatamente a seguir à das Crianças é uma das menos participadas das peregrinações de verão na Cova da Iria. Ainda assim milhares de peregrinos estiveram presentes em Fátima na noite do dia 12, para a Procissão das Velas, e esta segunda -feira, dia de Santo António, para celebrar a segunda a Aparição de Nossa Senhora, durante a qual apresentou o seu Imaculado Coração como refúgio e caminho que conduz a Deus, tranquilizando a mais velha dos três videntes de que nunca a abandonaria.

A Peregrinação termina com a tradicional Procissão do Adeus ao final desta manhã.

 

 

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