07 de junho, 2009

Terminou  a 6 de Junho, a dupla iniciativa II Congresso Ibero-Americano de Destinos Religiosos / V Congresso Internacional de Cidades-Santuário, uma organização da Câmara Municipal de Ourém, a que se associaram o Santuário de Fátima, o Turismo Leiria-Fátima, a ACISO – Associação Empresarial Ourém-Fátima e o Centro de Investigação Identidades e Diversidades do Instituto Politécnico de Leiria.
Os trabalhos decorreram no Centro Pastoral Paulo VI, no Santuário de Fátima, e neles participaram 400 congressistas vindos de 25 países.
A Comissão Científica foi constituída pela Doutora Maria da Graça Mouga Poças Santos, professora adjunta do Instituto Politécnico de Leiria - IPL e investigadora do Centro de Investigação Identidades e Diversidades do IPL, que presidiu, e pelo sacerdote Pe. Dr. Luciano Coelho Cristino, director do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
Por o último dia ter sido destinado à promoção de visitas guiadas a Fátima, à região ou a Lisboa, as conclusões foram lidas no final dos trabalhos, a 5 de Junho, na presença do Secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, e do membro do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes que acompanhou todo o congresso, o padre espanhol José Jaime Brosel Gavilá. 
As Conclusões, assinadas pela Doutora Maria da Graça Mouga Poças Santos, são as que a seguir se apresentam.
 
CONCLUSÕES
Dada a vastidão do tema e a diversidade dos contributos trazidos pelos diversos oradores, não é tarefa fácil sintetizar, em forma de conclusão, as principais ideias-força que foram debatidas no II Congresso Ibero-Americano de Destinos Religiosos e V Congresso Internacional de Cidades Santuário. Em todo o caso, neste documento se registam as seguintes conclusões:
1. Turismo Religioso – um produto estratégico que não deve ser desprezado.
O congresso analisou a importância do turismo religioso na actualidade, sob diferentes prismas e a partir de contextos, exemplos e práticas também diferenciados. Ficou patente que o turismo religioso, pelo número de visitantes que envolve em todo o mundo, pelo volume de receitas que gera, de empregos que cria e até pela importância de que se reveste para o bem-estar pessoal dos que o praticam, não pode ser considerado uma realidade menor no contexto mais geral da actividade turística. Falou-se da maior fidelização dos clientes e da menor oscilação da procura em períodos de recessão económica que caracteriza esta modalidade de turismo.
2. As peregrinações são um fenómeno importante em todo o mundo, presentes em várias religiões, mas a par desta prática estão a surgir ou a reforçar-se outras formas de apropriação do espaço como, por exemplo, o fenómeno do turismo religioso.
Um acontecimento especial dá-se num espaço profano, marcando-o de forma intemporal. Inicialmente o fenómeno atrai apenas indivíduos com motivações religiosas, dando-se posteriormente um alargamento do mesmo a uma vertente espiritual menos formal. Deste modo, o espaço passa a ser procurado tanto por peregrinos como por turistas, designadamente por turistas religiosos e culturais. O turista religioso procura uma diversidade de experiências, não se confinando estas ao exercício da sua fé. Esta nova forma de apropriação do espaço faz-se através daquilo que o local é capaz de transmitir a quem o visita.
 3. Através das mesas redondas criaram-se algumas plataformas de diálogo entre os responsáveis de destinos de peregrinação e turismo religioso europeus e ibero-americanos. Este é um caminho que tem de ser aprofundado.
A nível europeu esta aproximação entre os diversos lugares religiosos, apesar de já existir, como os exemplos dos projectos Shrines of Europe e COESIMA, tem potencialidades para ser ainda mais estreita. Uma vez que as especificidades dos santuários não se confinam ao espaço europeu, deverão ser criadas plataformas de cooperação entre santuários a nível mundial.
4. Para que um destino possa ter um desenvolvimento sustentável e equilibrado é necessário um correcto ordenamento e planeamento do território.
Torna-se vital que cidades-santuário e demais destinos religiosos se encontrem munidos de acessos, alojamento e serviços básicos que dêem resposta às necessidades dos que os procuram. Esta será uma possível forma de revitalizar lugares que se encontrem em fase de declínio ou de manter e fortalecer destinos em fase de crescimento e maturidade, a par da criação de uma oferta complementar e especializada. Esta oferta dever ser amplamente diversificada de modo a atingir todos os públicos e estratos sociais, mas procurando evitar ou atenuar os inconvenientes de uma eventual massificação.
5. No conjunto das várias formas de turismo existentes, o turismo religioso parece ser o mais estável e aquele que menos oscilações sofre perante situações de crise como a que se vive actualmente.
É neste sentido, e para que seja possível levar os lugares além-fronteiras, que se torna essencial uma aposta na promoção dos destinos religiosos. Esta deverá ser feita em parceria com operadores turísticos e agentes de viagens. No entanto, é importante que a divulgação se adeqúe às condições socioeconómicas e culturais dos públicos que se pretende atingir.
*     *
No II Congresso Ibero-Americano de Destinos Religiosos  e V Congresso de Cidades-Santuário reflectiu-se que o futuro dos destinos religiosos deve assentar num rigoroso conhecimento da sua situação actual, bem como numa ponderação séria e fundamentada sobre o caminho que pretendem seguir, para manter viva a sua capacidade de atracção.
Apesar de todo o empenho e esforço que tem sido realizado, há ainda um grande trabalho a desenvolver ao nível da mudança de mentalidades para que o preconceito se dissipe e o turismo religioso passe a ser mais valorizado por parte de entidades públicas e privadas.
Saliente-se que todas as ideias apresentadas deram um grande contributo para o alargamento dos conhecimentos teóricos e práticos acerca desta temática, nomeadamente através do conhecimento mútuo de diferentes realidades, a partir dos contributos de congressistas oriundos de mais de 20 países.
De entre as visões/ideias explanadas durante este congresso, ainda que possam ter sido diferentes, todas convergiram para um ponto em comum: a importância do turismo religioso como produto estratégico.
Maria da Graça Mouga Poças Santos
(Com a colaboração dos alunos do Curso de Turismo e Património da ESECS-IPL
Diana Santos, Elisa Mateus, Samuel Tomé e Sofia Rainho)
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