04 de junho, 2009
Padre José Jaime Brosel
Em um painel realizado esta tarde em Fátima, no duplo congresso internacional sobre Turismo, procurou-se reflectir sobre a temática do acolhimento dos diferentes públicos que acorrem aos inúmeros locais sagrados que existem no mundo. Na sua reflexão, o Padre José Jaime Brosel Gavilá, membro do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, respondeu à interrogação “Como acolher os diferentes públicos em lugares sagrados?” com outras interrogações “Acolher para quê? Com que finalidade?”. “A resposta é uma: acolher para evangelizar” porque, sublinhou, “a evangelização é o que define a missão total da Igreja”, como missão mais profunda. À pergunta “Quem acolhemos?” este responsável responde que, nos locais sagrados, o destinatário do Evangelho é o homem concreto, “não é o colectivo” é “o homem concreto, as suas interrogações, os seus anseios de felicidade, os seus fracassos e os seus êxitos”. “Convivemos com diferentes sensibilidades culturais, sociais e religiosas, com realidades cada vez mais distintas. Esta diversificação traduz-se em uma importante pluralidade de destinatários da nossa acção evangelizadora, que nos exige adaptar e diversificar as nossas propostas, rompendo com a ideia do modelo único que se ajusta a todas as realidades”. Em relação ao anúncio da fé, o P. Brosel Gavilá propõe uma acção missionária, caracterizada “por um primeiro anuncio da fé, centrado no fundamental, que responda às inquietudes humanas daqueles que nos escutam”, e daí a importância “de uma possibilidade pessoal para a escuta, passando pelo acompanhamento durante o tempo da presença (no local sagrado)”. Efectuado por sacerdotes, religiosos ou laicos, o acolhimento supõe “uma atitude acolhedora e compreensiva, que aproveite cada ocasião como um verdadeiro kairós para anunciar o Evangelho e uma possibilidade para facilitar o encontro”, como “um primeiro anúncio com perspectivas de futuro”. Fátima é hoje uma realidade que toca milhões de pessoas Padre Virgílio Antunes Outro dos conferencistas deste painel, o Reitor do Santuário de Fátima, ao confirmar esta “convergência de multidões muito heterogéneas” considera que “mesmo os públicos portadores de motivação religiosas oferecem muitas nuances: há os que chegam repletos de desejo de entrar no lugar, marcados pelo mais puro desejo de identificação com a índole do lugar; há os que chegam com perspectivas religiosas completamente distintas, em consequência da ignorância religiosa ou de uma falsa compreensão do lugar e do fenómeno a ele associado; há ainda os que chegam à procura de um contacto vago com o transcendente ou com uma dimensão espiritual da vida”. O Padre Virgílio Antunes recordou os diferentes ritmos que marcam este santuário mariano português: “Nos dias das grandes peregrinações chegam muitas pessoas organizadas em grupos que podem ascender a mais de uma centena. (…) Nos grandes dias de peregrinação aniversária, chegam largas dezenas de milhar de peregrinos, que podem ascender a cem, duzentos ou trezentos mil (…) Grande parte dos peregrinos que chegam a Fátima não vem inserida em nenhum grupo organizado, mas peregrina individualmente ou em família. (…) Fátima é hoje uma realidade que toca milhões de pessoas individualmente, mas também na sua atitude face à vida, face aos outros, face à Igreja e face a Deus. É um sinal que aponta a realidade do transcendente, mesmo para aqueles que não puderam sentir a realidade da fé consciente, esclarecida e assumida nas suas vidas”. Sobre a forma de como melhor acolher toda esta diversidade de “pessoas tão diferentes na sua vida, cultura, convicções e perspectivas religiosas”, o Reitor do Santuário de Fátima também considera que “o santuário é sempre um lugar de palavra. Pelo menos no contexto cristão, não pode ser de outra forma, pois Cristo, o Filho de Deus, fez-se carne, verbo, palavra”. Além disso, refere, “o melhor serviço que um lugar sagrado pode prestar aos seus visitantes consiste em apresentar de forma pura a sua mensagem e em permitir um contacto o mais genuíno possível com a sua identidade.” Considera o Reitor que “é indispensável a conjugação de esforços de todas as entidades directa ou indirectamente envolvidas no processo: religiosas, civis e públicas. Cada uma no seu nível e dentro do âmbito que lhes diz respeito”. Sobre Fátima, refere que “Fátima, tal como outros lugares sagrados, tem algo de especifico e de característico, que outros lugares não têm, e proporciona uma experiência humana, que outros lugares não podem oferecer. Cada lugar sagrado é uma realidade única e proporciona uma realidade única”. “Estar no meio de uma multidão que sintoniza no mesmo tom e nos mesmos sentimentos, cativa, atrai, interroga, provoca”. LeopolDina Simões, Sala de Imprensa Santuário de Fátima AMANHÃ, 5 de Junho: Recorde-se que cerca de quatrocentos congressistas de 25 diferentes países participam, em Fátima, até sábado, no II Congresso Ibero-Americano de Destinos Religiosos/ V Congresso Internacional de Cidades-Santuário, uma dupla iniciativa Câmara Municipal de Ourém, a que se associam o Santuário de Fátima, a Entidade Regional de Turismo – Pólo de Desenvolvimento Turístico Leiria/Fátima, a ACISO – Associação Empresarial Ourém-Fátima e o Centro de Investigação Identidades e Diversidades do Instituto Politécnico de Leiria. Programa das conferência e dos painéis (Centro Pastoral Paulo VI) em: www.fatima.pt ou http://congressofatima2009.cm-ourem.pt/ Programa Religioso: Missa às 8:30 na Igreja da Santíssima Trindade – em uma das capelas localizadas no piso inferior. Geminação (Centro Pastoral Paulo VI): 14:00 - Assinatura do protocolo de geminação entre os municípios de Ourém/Fátima e o Altoting/Alemanha. A sessão de encerramento decorrerá às 18:30. O último dia do Congresso, 6 de Junho, oferece aos congressistas a possibilidade de três opções de visita: a Fátima, à Região ou a Lisboa. |