16 de setembro, 2018

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Comunidade surda em Portugal esteve na Cova da Iria em peregrinação

Cerca de 250 pessoas participaram, hoje, na peregrinação da comunidade surda em Portugal a Fátima, que ofereceu, pela primeira vez, um momento de Reconciliação comunitária.

 

Desde há cinco anos que a Missa dominical das 15h00, na Basílica da Santíssima Trindade, tem interpretação em Língua Gestual Portuguesa (LGP). Este momento, garantido pelo Santuário em colaboração com um grupo de intérpretes de língua gestual portuguesa, tem sido um espaço congregador da comunidade surda em Portugal. Hoje, o ponto de encontro foi na Cruz Alta, no topo do Recinto de Oração, logo pela manhã, porque era dia da peregrinação nacional da comunidade surda à Cova da Iria.

Quem por ali ia passando, pausava o passo para olhar o grupo e admirar as conversas, desenhadas em gestos. Mesmo para quem nada entendia, dava para perceber que se sentiam em casa. É esta relação de proximidade que o Santuário de Fátima tem procurado dinamizar através da oferta de celebrações com tradução em LGP e destes encontros, explica o padre José Nuno Silva, diretor do Departamento de Pastoral da Mensagem de Fátima.

“Esta peregrinação é importante para esta comunidade e a prova são os muitos que vieram. A Missa dominical com interpretação em LGP, que o Santuário oferece desde 2013, foi criando uma relação entre a comunidade surda e Fátima, que agora frutifica também nestas peregrinações. O fato do Santuário ir ao encontro das necessidades específicas de comunicação que a comunidade surda tem, gera uma resposta… Eles sentem-se reconhecidos e reconhecem-se em Fátima.”

Momentos antes, o sacerdote havia estado a aprender LGP, para melhor saudar a comunidade no primeiro momento de acolhimento que se seguiu, na Capela da Ressurreição de Jesus. Foi também ali que a Congregação da Aliança de Santa Maria dinamizou uma catequese, onde demonstrou que “a surdez não é impedimento para acolher a Mensagem de Fátima”, explica a irmã Maria Benedita ASM, que coordenou o momento.

“Partimos do exemplo de São Francisco Marto, que não conseguia ouvir as palavras de Nossa Senhora, mas que nem por isso deixou de pôr em prática a Mensagem de Fátima e de se tornar num grande santo. Depois, lembrámos o testemunho da Confissão do Francisco e da Lúcia, narrados nas Memórias da Vidente, para mostrar as disposições corretas para viver o sacramento da Reconciliação.”

A peregrinação seguiu com uma celebração de Reconciliação comunitária, presidida pelo padre José Nuno Silva, num momento vivido de forma intensa pelos presentes. Já no início da peregrinação, o sacerdote havia referido que quem pretendesse poderia confessar-se pessoalmente. “Eu não vou entender muito do que me vão dizer, nem o contrário, mas Deus está presente”, disse o sacerdote.

Após o almoço, o grupo voltou a reunir-se na Capelinha das Aparições, onde saudaram Nossa Senhora, seguindo depois para a Basílica da Santíssima Trindade, para participarem na Missa das 15h00, celebração que habitualmente já é traduzida em LGP.

Na homilia, o padre José Nuno Silva elogiou a concentração dos peregrinos surdos, ao desafiar a assembleia a desenvolver a “capacidade íntima e pessoal de escutar Deus”.

“Há modos de ouvir que não são ouvir. O lugar onde Deus fala a cada homem é o coração.
Vale pena, neste dia em que a nossa assembleia é enriquecida por estes irmãos surdos, interrogarmo-nos sobre a capacidade de escutar interiormente a voz de Deus no nosso coração, na nossa consciência, que é o primeiro lugar onde Ele nos fala”, exortou.

No final da celebração, o sacerdote deixou um outro desafio para a comunidade surda em Portugal: realizar em dois dias a peregrinação anual, para aprofundar a Mensagem de Fátima.

O dia terminou com uma visita guiada à  temporária “As Cores do Sol – A Luz de Fátima no Mundo Contemporâneo”.

Participaram nesta peregrinação, que é promovida, em conjunto, pelo Santuário de Fátima e o Grupo de Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa do Santuário, grupos organizados de vários pontos do país incluindo, pela primeira vez, um grupo de 5 pessoas do território insular, concretamente de Ponta Delgada e da Lagoa, na ilha de São Miguel, arquipélago dos Açores.

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