13 de fevereiro, 2009

Após a Eucaristia, celebrada na Capelinha das Aparições pelo Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, o grupo de participantes reuniu na Casa de Nossa Senhora das Dores, também no Santuário de Fátima.
Após a apresentação das referências estatísticas pela Directora do Serviço de Peregrinos, Natalina Ferreira, o Reitor do Santuário de Fátima fez a seguinte comunicação aos participantes:
1. Introdução
Estamos reunidos para a realização do XXXI Encontro de Hoteleiros e Responsáveis de Casas Religiosas que acolhem peregrinos, em Fátima.
Uma primeira palavra para o Senhor D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, por estar connosco há pouco, na celebração da Eucaristia, e por continuar aqui por algum tempo, testemunhando o interesse que a Diocese e ele mesmo põem em Fátima, nos que aqui vivem e trabalham e no que aqui de bom se vai realizando.
Começo por saudar todos os presentes nesta assembleia que, voltaram a acolher o convite do Santuário de Fátima para este momento de oração, de partilha de responsabilidade se pontos de vista, de aproximação e convívio.
Uma saudação particular aos nossos convidados a intervir e a fazer parte desta mesa: o Presidente da Câmara de Ourém, Dr. Vítor Frazão; o Presidente da Entidade de Turismo Leiria/Fátima, Dr. David Catarino; o Presidente da Junta de Freguesia de Fátima, Sr. Natálio Reis. Agradeço a sua disponibilidade e o seu contributo.
Saúdo ainda outros responsáveis de diferentes sectores da vida de Fátima: o Director do Centro de Saúde, a Presidente da Assembleia Municipal de Ourém, o Presidente da ACISO, o Chefe da Estação dos CTT, o Presidente dos Bombeiros Voluntários, a Directora da Escola Profissional de Ourém, os representantes das Agências de Viagens, os responsáveis das Casa Religiosas que acolhem peregrinos e os Hoteleiros em geral.
Esta é uma oportunidade única, pois, segundo parece, é a única ocasião de encontro para a maior parte das forças vivas de Fátima. Este é, de algum modo, um fórum de encontro responsáveis por sectores tão importantes da actividade desenvolvida nesta terra, se encontram.
Quero ainda apresentar publicamente a nova Directora do Serviço de Peregrinos, a Natalina Ferreira, que assumiu este cargo ainda há pouco tempo. Uma vez que o SEPE assume a organização deste encontro, agradeço, desde já, todo o trabalho realizado.
É como muita alegria que tomo nota do elevado número de inscrições para este encontro e, por isso, do interesse que os hoteleiros de Fátima põem na sua actividade e no modo como compreendem a centralidade do Santuário e dos peregrinos na sua acção.
De facto, não podemos viver de costas voltadas uns para os outros, mas precisamos de criar tempos e espaços de encontro, de discussão serena e até de entreajuda. Reclamam-no os peregrinos, o serviço que prestamos, cada um ao seu nível, e reclama-o a índole deste lugar, por desígnio de Deus lugar de encontro e de paz.
2. Novo Estatuto do Santuário de Fátima
Em primeiro lugar, quero dizer-vos uma palavra acerca das recentes mudanças operadas no Santuário de Fátima. Por vontade da Conferência Episcopal Portuguesa e da Santa Sé, o Santuário de Fátima passou de um Estatuto diocesano a um Estatuto Nacional. Trata-se de um reconhecimento do lugar que tem no país e da importância que tem para o mundo. De facto, desde há muito se sabia que Fátima é muito mais do que um simples santuário da diocese de Leiria-Fátima e que tinha já um significado grande para todo o povo português e para todas as suas dioceses. Para além de ser detentor de uma mensagem muito ampla para a Igreja e para o mundo, é centro religioso de referência para os católicos conscientes e mesmo para outros que perderam a fé ou andam inquietos em busca dela. A diocese de Leiria-Fátima aceitou com alegria esta mudança de Estatuto por saber que um património espiritual tão rico precisa de ser partilhado e precisa de responsabilizar a todos.
Em termos concretos, este novo Estatuto não trouxe mudanças muito grandes do ponto de vista da organização e gestão correntes do Santuário. O Estatuto prevê a existência de um Conselho Nacional, composto pelos arcebispos portugueses de Lisboa, Braga e Évora, pelo Bispo de Leiria-Fátima, pelo Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e pelo Reitor do Santuário.
Esse Conselho deve aprovar o Plano anual ou plurianual de actividades pastorais e o orçamento económico, bem como os relatórios anuais das mesmas áreas. Prevê ainda a participação de um representante da Conferência Episcopal no Conselho Pastoral e na Comissão Técnica de Gestão Económica e Financeira. A esse mesmo Conselho deve o Bispo local submeter as questões mais relevantes da vida do Santuário. A nomeação do Reitor cabe agora ao Bispo Diocesano, que antes deve ouvir a assembleia plenária da Conferência Episcopal.
Esperamos que este novo Estatuto venha a produzir uma maior participação e colaboração das Dioceses nas acções que o Santuário desenvolve e inclusivamente uma maior disponibilidade de sacerdotes para o trabalho pastoral.
3. Novo Reitor do Santuário
Desde o dia 25 de Setembro de 2008 entrei ao serviço do Santuário de Fátima como Reitor, depois de estar três anos ao serviço como capelão e director do Serviço dos Peregrinos e do Serviço de Alojamento.
Aceitei o novo encargo com muita alegria, mas também com alguma apreensão. Alegria por se tratar de uma missão eclesial e por desejar estar ao serviço onde a Igreja mo pedir. Alguma apreensão por ser uma missão de grande responsabilidade face a Deus e face aos milhões de peregrinos e devotos de Nossa Senhora. Acredito que Deus está comigo sempre que estou disponível a estar com Ele. Acredito que Maria intercede junto de Deus pelo seu Santuário e por todos os seus servidores, a começar por mim. Espero que nas vossas orações peçais a graça de todos sermos fiéis à missão que recebemos, a fim de que a Boa Nova seja anunciada e a mensagem de Fátima seja conhecida como caminho evangélico de conversão para a salvação do mundo.
Posso dizer que me tenho sentido feliz e ao mesmo tempo tranquilo, por acreditar que a missão e a mensagem não são minhas, mas daquela que vela continuamente por nós. Sinto o conforto proveniente da oração de muitos que me garantem rezar por mim.
Gostaria de fazer, neste momento, uma referência ao meu antecessor, o Monsenhor Luciano Guerra, homem bem conhecido de todos de vós. Teve um papel invejável na condução do Santuário de Fátima. Não tanto, como por vezes se diz, na criação das condições físicas de acolhimento, que também são reais, mas sobretudo na criação das condições pastorais para que a mensagem de Fátima chegue ao mundo. Reconheço o trabalho que ali deixou e muito gostaria de lhe dar continuidade, com o mesmo ardor, segurança, confiança e fé.
4. Actualidade da Mensagem de Fátima
A Mensagem de Fátima, enquanto actualização do Evangelho para o nosso tempo, continua a ter um lugar de eleição no coração da Igreja. Surgiu no princípio do século XX marcado pela descrença, pela afirmação do materialismo, num contexto de anticlericalismo e de negação de Deus. Nasceu num contexto de crescente ateísmo e agnosticismo e quando pela primeira vez na história do Ocidente um regime ateu se começou a afirmar de forma sistemática.
Tanto nas aparições do Anjo da Paz como nas de Nossa Senhora, se falou de penitência e conversão – palavras evangélicas – como caminho de futuro para a humanidade. Num caso como noutro, a mensagem de Fátima proclamou bem alto o nome de Deus, a sua existência num mundo que duvidava ou o negava. As palavras do Anjo e de Maria constituem desde então um monumento à adoração a Deus, Santíssima Trindade, à Eucaristia e a Jesus Cristo o Filho de Deus e Salvador do mundo, que deve arrepender-se do seu pecado e converter-se.
Fátima é ainda hoje e continuará a ser no futuro, neste século XXI, uma bandeira levantada na afirmação de Deus, num mundo que tende a negá-lo de um ponto de vista teórico ou prático.
Não é por acaso que muitos cristãos aqui acorrem para revigorar a sua fé um pouco adormecida ou para procurar uma fonte onde o sobrenatural ainda tem lugar. Pela mão de Maria, pela mão da Mãe, muitos encontram ali o único lugar que, quase naturalmente lhes fala de Deus, de valores espirituais e cristãos, de um princípio de felicidade que não seja somente a busca quotidiana da satisfação dos seus desejos imediatos.
O papel de Fátima no presente consistirá em falar expressamente de Deus ao mundo, o mesmo é dizer, dar um forte contributo para a evangelização pedida por Cristo e pela sua Igreja.
5. Programa pastoral para este ano
Dando continuidade ao tema dos anos anteriores, assumimos este ano como tema principal das peregrinações o nono mandamento da Lei de Deus, com uma frase chave proposta pelo Catecismo da Igreja Católica a partir do Evangelho segundo S. Mateus: Os puros de coração verão a Deus.
Como já escrevi na Voz da Fátima, são hoje muitos os sinais da ausência de corações puros: os fenómenos de desagregação familiar, consequência de infidelidades e traições; os fenómenos de fraude económica e financeira, que nos fazem duvidar da rectidão das intenções, palavras e acções; os fenómenos de sedução e aliciamento, assentes nas promessas de felicidade a baixo custo; a exploração de crianças, jovens e mulheres, que caem nas teias preparadas por corações viciados; as promessas de trabalho em paraísos de felicidade, que acabam em autênticos cativeiros de lágrimas e dor.
O coração humano, sede da personalidade moral e dos melhores pensamentos, sentimentos e intenções, pode facilmente degradar-se e tornar-se lugar onde nascem as maiores perversões.
Há uma catequese a fazer, propostas a apresentar a um mundo humano pervertido, que produz tantos e tão grandes males para os mais simples e pequenos.
Como estamos a celebrar o centenário do nascimento do Beato Francisco Marto, quisemos também que a sua figura fosse realçada na sua condição de criança, que cresce para a vida. Daremos, por isso, realce ao lugar das crianças na sociedade e na Igreja; ao trabalho da catequese e da escola como lugares onde se desenrola a educação dos mais novos; à família como lugar onde em primeiro lugar se dá a experiência de Deus e do amor humano e divino.
Pretendemos mostrar principalmente às crianças que Francisco Marto, um verdadeiro puro de coração, foi uma criança muitíssimo feliz, que pode e deve servir de modelo em muitos aspectos.
Nos próximos dois anos temos a intenção de programar e celebrar o centésimo aniversário das Aparições de 1917. Tanto as temáticas a tratar como os dinamismos a implementar deverão girar à volta dos grandes temas de Fátima.
Daqui a pouco vai ser entregue a todos os participantes o Calendário do Santuário para este ano litúrgico, onde podereis encontrar uma boa fonte de informação para os peregrinos que frequentam as vossas casas e estar vós mesmos informados do ritmo de vida do Santuário.
Destaco, neste momento, alguns acontecimentos e datas importantes, para além daquilo que é habitual:
- Ano Paulino. No bimilenário do nascimento de S. Paulo programámos uma série de seis conferências, na Basílica, das quais faltam ainda duas: 8 de Março, D. Anacleto Oliveira – “S. Paulo e a Nova Evangelização”; 19 de Abril – Pe. José Jacinto Farias – “As grandes descobertas de S. Paulo: Cristo, a Igreja e a Graça”
- Celebrações do Centenário do nascimento do Beato Francisco
- 20 de Fevereiro – Festa dos Beatos Francisco e Jacinta Marto. Teremos um programa que contemplará sobretudo as crianças: 10:15 - Rosário na Capelinha, procissão; 11:00 – Missa e bênção das crianças na Ig. SS.ma Trindade.
- 4 de Abril – Abertura da exposição sobre o Francisco (90º aniversário do seu falecimento) – Galilé dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo.
- 24 a 26 de Abril – Seminários: da memória à profecia  - 1º congresso nacional de antigos alunos – Centro Pastoral Paulo VI.
- 9 e 10 de Junho – Peregrinação nacional das crianças. Concerto “Mil flautas para Deus”.
- 11 de Junho – Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo -  101º aniversário do nascimento do Beato Francisco Marto.
- 14 de Junho – Encontro nacional de coros infantis.
- 18 a 20 de Junho – Congresso sobre o Beato Francisco Marto.
- Próximo ano: Centenário do nascimento da Beata Jacinta

6. Programa de desenvolvimento das estruturas físicas
A dedicação da Igreja da Santíssima Trindade constituiu um marco importante na conclusão da celebração dos noventa anos das Aparições. Fátima tem, agora, condições privilegiadas para a realização de inúmeras acções pastorais, tanto para as multidões como para grupos mais reduzidos.
Nos próximos anos, projectamos alguns trabalhos necessários para melhorar o ambiente e o aspecto daquele lugar sagrado. Estamos a estudar a requalificação do Recinto de Oração, que incluirá todas as infra-estruturas de electricidade, som, imagem, águas, esgotos. Pensamos inclusivamente na renovação do altar central, cuja construção em 1982 teve carácter de provisória.
Prepara-se a renovação do Centro Pastoral Paulo VI, com mais de vinte e cinco anos de serviço e a necessitar de renovação.
Esperamos que entretanto seja possível a construção da passagem desnivelada entre a Igreja da santíssima Trindade e o Centro Pastoral Paulo VI, de modo que os peregrinos possam circular livremente sem o impedimento do trânsito automóvel e sem os ruídos e poluição que actualmente existem.
Temos ainda intenção de projectar uma nova via-sacra, directamente do Santuário aos Valinhos e Aljustrel, lugares tão procurados para o silêncio e a oração contemplativa.
7. Conclusão
Resta-me agradecer o testemunho de fé e de devoção à Virgem de Fátima, tão visivelmente manifestados por muitos dos presentes. Os fatimenses não podem ter medo, nem preconceitos na vivência do seu amor a Nossa Senhora e na proclamação da sua fé.
Peço-vos que procureis tudo fazer para que o tempo que os peregrinos passam em Fátima, no Santuário, nas ruas, nas lojas ou nas vossas casas, seja um tempo de serenidade, de paz, de evangelização e de graça, sem as perturbações de nenhuma ordem. Eles têm o direito de aqui encontrar o que aqui procuram, e nós temos o dever de lho proporcionar, dentro dos limites do que de nós depende.
Que não sejamos nós a perverter este lugar, mas sim a proporcionar aos peregrinos os meios que Deus ali deixou para bem do mundo e salvação dos homens.
Fátima, 12 de Fevereiro de 2009
P. Virgílio do Nascimento Antunes

 
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