07 de março, 2015


Papa Francisco une-se a Eucaristia que lembra o padre Luís Kondor
Em 2014, cumpriram-se os 50 anos da inauguração do Calvário Húngaro. Esta manhã, em Eucaristia celebrada precisamente nesse lugar do Santuário de Fátima localizado no Monte dos Valinhos, o bispo de Leiria-Fátima, na homilia, falou do Calvário Húngaro como “memorial da misericórdia de Deus”, num mundo que “tem necessidade deste amor misericordioso que vence o mal face às numerosas manifestações de sofrimento, de injustiça, de violência e de guerra, para que reine a paz”.
“Rezo juntamente convosco para que [o Calvário Húngaro] seja sempre um lugar do anúncio do amor misericordioso de Deus; um lugar de conversão e de penitência; um lugar de celebração da Eucaristia, fonte da misericórdia; um lugar de oração e imploração da misericórdia e da paz para nós, para a Hungria e para o mundo inteiro, por intercessão de Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia e Rainha da Paz!”, afirmou D. António Marto, na homilia.
Na mesma celebração, o bispo de Leiria-Fátima deu a conhecer o extrato de uma carta que o Cardeal D. Péter Erdö, primaz da Hungria, que presidiu à celebração, lhe havia dirigido: “Fátima é de facto um santuário importantíssimo para a nação húngara, símbolo da divina providência e da intercessão de Nossa Senhora também pelo nosso povo. Esta devoção manifestou-se também através da construção do Calvário Húngaro com a bela capela que continua a ser próxima ao coração dos húngaros que vivem na Hungria ou em qualquer outra parte do mundo”.
No final da Missa, o próprio D. Peter Erdö tomou da palavra para testemunhar a sua reflexão sobre esta ligação do povo húngaro à mensagem de Fátima.
Logo ao início da manhã, antes da celebração da Eucaristia, o Reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, acompanhara o presidente da República da Hungria, János Áder, numa visita ao Calvário Húngaro.
A evocação deste cinquentenário foi uma iniciativa da Embaixada da Hungria em Portugal e da Associação Portugal Hungria para a Cooperação e foi também ocasião de homenagem ao padre Luís Kondor, nascido na Hungria e que residiu mais de 50 anos em Fátima. O próprio Santo Padre Francisco, por meio de uma mensagem enviada ao bispo de Leiria-Fátima, lida durante a Missa, disse-se “de bom grado unido à Eucaristia de sufrágio pelo benemérito sacerdote da Hungria e de Portugal” e convidou “quantos o conheceram e amaram a seguir o rasto por ele deixado no seu multiforme, jubiloso e incansável serviço à difusão da mensagem de Fátima”.
Sobre o Calvário Húngaro o Papa Francisco refere-o como “um dos sinais salientes do seu profundo amor e gratidão à Mãe do Céu que apareceu em Fátima”.
“Não podemos deixar de fazer memória de quem esteve na origem do Calvário Húngaro: o padre Elias Kardos juntamente com o padre Luís Kondor, no tempo após a II Guerra Mundial, em que a Hungria ficou sob a ditadura do comunismo ateu e perseguidor da Igreja”, recordou D. António Marto durante a Missa.
Ainda durante a manhã realizou-se a inauguração e a bênção de uma estátua ao padre Luís Kondor, na praça Luís Kondor, na Cova da Iria. Sacerdote da congregação dos Missionários do Verbo Divino, húngaro de nascimento e húngaro-português de nacionalidade, o padre Luís Kondor residiu grande parte da sua vida em Fátima e no momento da sua morte (em 2009) era o vice-postulador da Causa de Canonização de Francisco e Jacinta Marto.
Participaram nos vários momentos do programa comemorativo dos 50 anos do Calvário Húngaro e de homenagem ao padre Luís Kondor o Primaz da Hungria, cardeal Péter Erdő; o Núncio Apostólico em Portugal, D. Rino Passigato; vários bispos portugueses; o Reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas; o presidente da República da Hungria, János Áder, e a embaixadora da Hungria em Portugal, Breuer Klára, entre outros representantes de entidades civis e religiosas e muitos fatimenses. 
No seu discurso, no momento de inauguração do monumento ao padre Luís Kondor, János Áder destacou alguns dos principais elementos da vida e da obra do padre Luís Kondor, que disse ser “bom homem e bom pastor, com uma vida que não deixa ninguém indiferente”, um “peregrino eterno de espírito missionário”, “que estabeleceu laços de compreensão e amor dentro das comunidades”. Realçou em especial o trabalho do presbítero em prol da difusão da mensagem de Fátima e a sua dedicação à causa da beatificação, e depois de canonização, de Francisco e Jacinta Marto, da qual foi vice-postulador.
“Nós, húngaros, constatamos, com os nossos corações cheios de gratidão, que o padre Kondor encontrou uma casa aqui em Fátima, onde viveu a sua vida rodeado de respeito, desenvolvendo o seu trabalho naquilo que chamava o secretariado dos pastorinhos", referiu o presidente János Áder.
Calvário Cardeal Mindszenty
O programa estendeu-se para a tarde, com a apresentação da conferência “Calvário Húngaro - Bandeira identitária do sentir político e espiritual dos húngaros da diáspora”, por Marco Daniel Duarte, diretor do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Fátima.
Marco Daniel Duarte destacou que “a documentação que se encontra nos arquivos relativa à construção do Calvário Húngaro não deixa dúvidas de que esta edificação é uma bandeira identitária do sentir político e espiritual dos húngaros da diáspora”, uma obra entendida, “desde a primeira hora, como uma metáfora do ‘Calvário’ que viviam os húngaros que sentiam ser-lhes negada a liberdade, incluindo a liberdade religiosa, no seu país de origem”.
“O projeto, apresentado em 1956 ao bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, ganha, desde o momento inicial, uma forma político-ideológica e espiritual muito grande porquanto se toma como figura patrona daquela construção o cardeal József Mindszenty, importante opositor do regime soviético que ocupava o Leste Europeu, incluindo a Hungria”, sublinha o investigador.
Marco Daniel Duarte revelou ainda que “embora esse nome não tenha auferido tradição na forma popular ou generalizada, o nome oficial que nos documentos aparece é Calvário Cardeal Mindszenty”.
“Esta intenção de construção do Calvário deve-se realmente ao assumir que a mensagem de Fátima, sobretudo a segunda parte do Segredo – sintetizada e formulada na questão da conversão da Rússia – , se relaciona com a libertação dos povos do Leste Europeu que se encontravam governados por regimes ateus, entre eles o povo húngaro”, referiu Marco Daniel Duarte, que apontou vários pormenores que mostram o sentir do povo húngaro em relação a este monumento.
“No dia do lançamento da primeira pedra da capela, em 11 de agosto de 1964, o Padre Kondor, representando a Comissão Central do Calvário Cardeal Mindszenty, leu o pergaminho escrito em língua magiar onde estava escrito que a finalidade daquela construção era, a esperança dos refugiados da Hungria de, através deste ato, alcançarem por intercessão de Nossa Senhora da Fátima a liberdade para a sua Pátria’”, apontou Marco Daniel Duarte.
 
L.S.
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