26 de novembro, 2010
A Igreja encerra cada ano litúrgico com a solenidade de Cristo Rei do Universo. “Depois de termos celebrado e contemplado todo este mistério da vida, morte e ressurreição de Cristo, chegamos ao último dia do ano litúrgico e proclamamos o Senhor Jesus como Rei do Universo”, lembrou o Padre Cristiano Saraiva, capelão e administrador do Santuário de Fátima, durante a homilia da missa celebrada em Fátima a 21 de Novembro. A propósito desta solenidade, que lembra “Cristo como o centro da vida e da história, a coordenada à volta da qual tudo se constrói”, o sacerdote interrogou-se: “Mas será mesmo verdade que Cristo é Rei?” Ao transpor a sua reflexão para a actualidade de Portugal e do Mundo, numa ocasião em que o país acolhia a Cimeira da Nato, o Padre Cristiano disse: “Jesus Rei do Universo? Jesus?! Ainda estes últimos dias estiveram entre nós tantos chefes de Estado, da Europa, da América, da Rússia, da NATO. Assistimos a tanta distinção entre homens e mulheres do nosso tempo, com poder, com importância, com dinheiro e tanta outra riqueza. Esses sim são os reis do universo. São estes que definem o futuro do mundo. Esses sim fazem tratados históricos com decisões importantíssimas e inovadoras que pretendem mostrar e construir um mundo melhor onde se consegue impor a paz e criar todas as condições para a sua concretização, com decisões políticas, económicas e militares”. Então, interrogou, “quando nós os cristãos dizemos que Jesus é Rei e o aclamamos como tal de que reinado estamos a falar?”. “Jesus é Rei. É Rei de um reino cuja lei é o serviço, o amor, o dom da própria vida. A afirmação da sua dignidade real passa pelo sofrimento, pela morte, pela entrega de si próprio. O seu trono, de onde reina, é a cruz, expressão máxima de uma forma de vida feita de amor e de entrega”, esclareceu o Padre Cristiano, que concluiu que celebrar a festa de Cristo Rei, “não é celebrar um Deus forte, dominador que se impõe aos homens do alto da sua omnipotência e que assusta com gestos espectaculares”, mas “celebrar um Deus que serve, que acolhe e que reina nos corações com a força desarmada do amor”. LeopolDina Simões |