14 de junho, 2021

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Centenário da morte de Santa Jacinta Marto inspira Simpósio Teológico-Pastoral

Iniciativa decorre entre 18 e 20 de junho no Centro Pastoral de Paulo VI em Fátima

  

“Fátima, hoje: pensar a Santidade” é o desafio que o Simpósio Teológico-Pastoral, organizado anualmente pelo Santuário, pretende lançar já esta sexta-feira, entre 18 e 20 de junho, depois de no ano passado, em consequência da pandemia, a iniciativa ter sido adiada.

A iniciativa contará com transmissão em direto nos meios digitais do Santuário de Fátima. 

A partir do exemplo dos primeiros dois santos de Fátima, em particular de Jacinta Marto, o Santuário pretende levar por diante três dias de reflexão sobre aquela que é a identidade e o desejo de uma comunidade cristã – a santidade –, e que constitui a sua principal marca ao longo de mais de dois mil anos. O contexto de pandemia que o país e o mundo atravessam dita um “hoje” – tempo favorável no léxico cristão – que é uma oportunidade para refletir sobre as circunstâncias da própria humanidade.

O cardeal filipino Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila, que esteve em Fátima em 2019, será um dos oradores, bem como Crispino Valenziano, do Pontificio Colégio de Santo Anselmo; Jerónimo Trigo, teólogo moralista da Universidade Católica;  Teresa Messias, da mesma Universidade; D. José Ornelas Carvalho, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa ou Fabien Revol, da Universidade Católica de Lyon são alguns dos nomes convidados para este simpósio que terá ainda um momento cultural, “Da música Mariana nas Raízes Lusófonas. Recriações etnomusicológicas “por B’rbicacho, que decorrerá no Foyer do Centro Pastoral de Paulo VI, na primeira noite do simpósio.

O projeto que junta uma viola da gamba, um clarinete, uma guitarra e três vozes femininas, partindo da época medieval e viajando até ao presente, passando sobretudo pela música de raiz lusófona, propõe um baile, onde é possível saborear desde o malhão mais incôndito à mais doce das mazurkas.

Partindo de recolhas de melodias tradicionais portuguesas, as B’rbicacho exploram um universo musical variado dando uma nova roupagem ao tradicional. Os arranjos dos temas sofrem influências de vários géneros musicais sem nunca esquecer a beleza e simplicidade destas melodias. Não se cingindo apenas ao repertório tradicional, as B’rbicacho buscam melodias de outras origens lusófonas assim como temas tradicionais de outros países europeus adaptando às danças tradicionais da Europa e do Mundo, dando ao público a possibilidade de dançar. Todo este repertório transporta o público para universos culturais distintos, tendo sempre o cuidado de cultivar o que é a nossa herança musical tradicional.

“Os simpósios, mais que lugares de formação, são lugares de reflexão que procuram abrir horizontes ao nível do pensamento sobre diferentes aspetos que interessam à Igreja do nosso tempo”, refere o presidente da Comissão Científica e Organizadora do Simpósio, Marco Daniel Duarte.

“Em Fátima faz sentido, hoje, pensar a santidade: pela experiência que o acontecimento e a história da Cova da Iria propõem à humanidade que, século XX fora, olha para si própria na complexa teia do que é ser humanidade. Também Fátima ajudou e continua a ajudar a ler e a viver a santidade que já não é consagrada a uma ‘beata stirps’, mas nessa estirpe inclui ‘os santos de ao pé da porta’”, reconhece o responsável pela organização do Simpósio.

“Uma das grandes preocupações do Santuário de Fátima tem sido levar teólogos e outros investigadores a olharem para Fátima, a partir das fontes primevas respeitantes a este lugar, mas também a partir da sua história centenária, das práticas rituais e espirituais que este lugar inspira. Aquilo que vivem e sentem os milhares de peregrinos de Fátima interessa aos estudiosos e o que os estudiosos refletem interessa aos peregrinos. Esta dialética, mesmo que à primeira vista pareça não ser evidente, tem sido muito desenvolvida por estes simpósios, cuja reflexão se alimenta da práxis dos peregrinos e, ao mesmo tempo, alimenta essa mesma práxis”, esclarece ainda.

A temática deste simpósio foi perspetivada a partir do Centenário da morte de Santa Jacinta Marto, que se assinalou no ano passado. Não tendo havido condições para levar a cabo o simpósio no ano de 2020, o programa, que já olhava para o tempo pandémico, manteve a sua estruturação.

“As alterações que o mundo conheceu levarão os oradores a falarem da Santidade – tema geral do simpósio – no específico contexto em que ela se propõe e vive, no “hoje” – palavra que faz parte do título do Simpósio – que estamos a viver”, justifica Marco Daniel Duarte que sublinha, ainda, o papel mais lato do Santuário no debate e na reflexão teológica dos nossos dias.

“Fátima tem marcado a reflexão teológica internacional, talvez mais do que, ‘a priori’, se possa pensar. Fá-lo através dos grandes desafios que se relacionam com o próprio fenómeno da mariofania e que levou a Igreja a refletir sobre muitos aspetos ao ponto de levar o mais alto magistério a pronunciar-se sobre o acontecimento fundante de Fátima”, clarifica.

“Fá-lo também através destes simpósios, inscrevendo a temática que é específica ao Santuário de Fátima nas agendas de investigação de grandes teólogos de diferentes academias mundiais (importantes lugares de pensamento e de decisão) e de figuras de particular importância na esfera política eclesial (também importantes lugares de pensamento e de decisão)”, esclarece ainda.

Através destes fóruns, e nomeadamente através do seu Departamento de Estudos, o Santuário de Fátima “aproxima-se de muitas academias”, não apenas do ensino da Teologia, mas também de outras áreas, pois “só uma competente interdisciplinaridade poderá concorrer para esse desejável observatório sobre Fátima que beneficiará o pensamento atual”.

“Este é um trabalho sempre a aprofundar. Deu os seus primeiros passados nos anos 40, 50 e 60 do século passado e teve um desenvolvimento muito grande nas décadas seguintes. Os anos 80 trouxeram grandes contributos para a fixação destas temáticas como preocupações permanentes, com congressos importantíssimos sobre os conteúdos de Fátima. O novo milénio, particularmente a dinâmica em torno do centenário das aparições, trouxe uma periodicidade notável a este tipo de fórum”, acrescenta Marco Daniel Duarte.

Os últimos dois simpósios, e agora este que terá lugar em 2021, olharam especificamente para Fátima, a fim de se operarem balanços e descobertas relativas a cem anos de história.

“Se o Santuário de Fátima não continuar a aprofundar estes eixos de reflexão trairá a sua missão, inscrita no mandato que Lúcia testemunha ter recebido da Virgem Maria: aprendam a ler”, refere o também Diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima.

Por outro lado, estes fóruns de reflexão permitem a internacionalização do Santuário, não pela participação de especialistas internacionais, mas também pela sua própria difusão.

“Esta internacionalização, que se encontra já em determinadas esferas do pensamento, terá agora de se disseminar e de formar pensamento sobre Fátima nos diferentes níveis da sua vivência. A continuidade da aposta na investigação é a estratégia certa para o conseguir” perspetiva Marco Daniel Duarte.

A iniciativa conta já com cerca de 175 participantes inscritos, que durante três dias irão refletir sobre as temáticas propostas, no grande auditório do Centro Pastoral de Paulo VI.

As inscrições permanecem abertas.

 

 

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