13 de outubro, 2016
Cardeal Pietro Parolin apresenta Nossa Senhora como exemplo a seguir nos momentos de “dúvida e de dor”Secretário de Estado do Vaticano preside à Missa que encerra celebrações do 99.º aniversário das Aparições na Cova da IriaO secretário de Estado do Vaticano desafiou hoje os peregrinos presentes em Fátima a imitar a atitude da Virgem Maria nos momentos de “dúvida” e de “dor” nas suas vidas. “Para muitos de nós, estes são momentos mais do que justificados em que o coração se comprime, se fecha, se aniquila, rompe qualquer comunicação com tudo e com todos; mas não sucedeu assim com Maria”, declarou o cardeal Pietro Parolin, na homilia da Missa que encerrou a Peregrinação Internacional Aniversária de outubro, a última grande peregrinação antes do ano jubilar do Centenário. Perante mais de 80 mil peregrinos na Cova da Iria, o número dois da Santa Sé apresentou a Virgem Maria como alguém que “sabe estar ao pé da Cruz” e, por isso mesmo, tem uma “missão materna” na Igreja. “Ao pé do Crucificado, o próximo são todos os discípulos e discípulas que Jesus ama; todos, sem excluir ninguém. Assim, ao pé do Crucificado, são próximo os discípulos e discípulas que fugiram”, acrescentou. O cardeal italiano recordou as várias situações em que os crentes colocam “em dúvida a fidelidade de Deus” perante os “inimigos”, os “lados obscuros da vida”, contrapondo a esta atitude o compromisso e a convicção da fé de Maria. “Na verdade, pode-se estar ao pé do Crucificado como mero espectador, movido apenas pelo desejo de ver o que sucederá” disse o cardeal enumerando outras situações idênticas como “estar ao pé do Crucificado como contestador, movido pela recusa de tudo o que provocou aquela cruz. Pode-se estar ao pé do Crucificado como desiludido, sem esperança, convencido de que nunca vai mudar nada e de que a própria mudança é uma trágica ilusão. Pode-se estar ao pé do Crucificado como ressentido, com a sensação de ter sido traído por Aquele em quem se depôs confiança. Como se pode também decidir não estar ao pé do Crucificado, fugindo e escondendo-se à espera de tempos melhores. Por isso não basta estar; temos de aprender a estar lá como se deve” e Maria “dá-nos o exemplo”. "Ao pé do Crucificado, está disposta a atravessar uma das contradições mais dolorosas que uma mulher possa viver: a morte do seu próprio Filho; uma morte ainda mais gravosa, porque resultante da maldade dos outros”, observou. “Devemos aprender a saber estar ao pé do Crucificado. Não é a experiência apenas de um momento; saber estar ao pé do Crucificado é a sabedoria sobre a qual se constrói a Igreja”. O cardeal italiano, responsável pela diplomacia do vaticano, que veio a Fátima não apenas nessa condição mas “como um filho que vem ao encontro da mãe”, sublinhou que quem ama “verdadeiramente” o próximo rejeita as “regras, as ideias e os comportamentos dos fortes”. “Os «fortes» e os «poderosos» amam os «fortes» e os «poderosos»”, precisou. “Ao pé do Crucificado, Maria é mulher corajosa, porque recusa submeter-Se às regras dos «fortes» e dos «poderosos». Naquele tempo, os parentes e conhecidos dos condenados à crucifixão não podiam aproximar-se destes últimos. Mas, corajosamente, Maria quebra esta regra; e, neste gesto, arrasta consigo Maria de Magdala e o discípulo amado”, disse ainda. O secretário de Estado do Vaticano terminou a homilia pedindo aos peregrinos presentes em Fátima que saibam ser “construtores pacientes duma Igreja que anuncia o Evangelho não obstante as contradições e os lados obscuros da vida”. Esta foi a última grande peregrinação antes do ano jubilar do Centenário, e assinala o final do 99.º aniversário das Aparições aos pastorinhos na Cova da Iria. A Missa internacional foi concelebrada pelo cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, 24 bispos e 270 sacerdotes. Antes da celebração, D. Pietro Parolin fez uma visita à Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e deteve-se uns instantes ao pé dos túmulos dos pastorinhos em recolhimento e oração.
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