13 de agosto, 2019
Cardeal Marc Ouellet desafia peregrinos a serem “apóstolos ativos” da esperança e da pazPrefeito da Congregação para o Clero presidiu à peregrinação de agosto de olhos postos nos migrantes
O prefeito da Congregação para o Clero desafiou os peregrinos que participaram esta manhã nas celebrações de Fátima a serem “apóstolos ativos ao serviço da Paz” diante “das nuvens carregadas que pairam sobre o planeta”. “A mensagem de Fátima permanece mais atual do que nunca, porque nuvens carregadas pairam sobre o planeta e nós não sabemos o que nos reserva o amanhã. Ainda que o Santo Padre venha multiplicando as iniciativas e assumindo a defesa dos mais vulneráveis na causa da paz, nomeadamente através da promoção de uma ecologia humana integral, muitos são os líderes políticos que se fecham cada vez mais ao diálogo, à compaixão e à paz”, afirmou D. Marc Ouellet. A mensagem de Fátima, apesar de centenária, “é e continua a ser a Paz, a garantia da paz, da oração e da penitência para a paz do mundo”, precisou. “Sentimo-nos totalmente impotentes na conjuntura atual da história, mas estamos certos de que Nosso Senhor opera de forma singular na história desde que Sua mãe pronunciou o Fiat ao anúncio do Anjo”, acrescentou. O cardeal Marc Ouellet, que é também o presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, salientou o drama dos migrantes e, diante dos milhares de peregrinos que participaram nas celebrações desta terça-feira, lembrou que somos todos “peregrinos e mendigos da esperança” mas também “missionários”, “apóstolos ativos”, a quem se exige “uma caridade mais fervorosa, mais paciente e criativa, para que encontremos a nossa alegria e a nossa salvação não apenas quando as nossas preces são atendidas, mas também na alegria de servir os nossos irmãos e irmãs”. “Hoje, pensamos particularmente em todos os migrantes e refugiados que percorrem as estradas do nosso planeta à procura de uma pátria terrestre melhor, mas à procura também da pátria que Deus prepara para nós na Jerusalém Celeste, cujas portas Cristo escancarou a fim de aí acomodar toda a família humana resgatada pelo seu sangue” sublinhou o cardeal canadiano. “O povo de Deus a caminho leva consigo as suas alegrias e as suas tristezas e é solidário com toda a humanidade em Cristo, Príncipe da Paz”, alertou. “O nosso olhar sobre Maria e o olhar de Maria sobre nós, iluminados pelo Espírito Santo, fazem de nós novas criaturas, homens e mulheres de esperança, peregrinos que de repente sentem que o fardo é mais leve, pobres que repentinamente param de se queixar e começam a ter compaixão pelos que são mais vulneráveis e sofredores”, afirmou. O presidente da Peregrinação Internacional Aniversária de agosto, que evoca a quarta aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, a única das seis aparições que não aconteceu no dia 13 nem na Cova da Iria, mas sim a 19 de agosto, nos Valinhos, pediu aos peregrinos que se inspirem no exemplo dos pastorinhos para retomar o caminho “com um espirito novo e novas energias” transformando “os infortúnios numa aventura missionária”, ao jeito de Maria. “Caros amigos peregrinos, migrantes e refugiados, o que levaremos aos nossos irmãos e irmãs quando regressarmos desta peregrinação? Lembranças? Objetos que nos recordem a graça recebida neste lugar? Atitudes novas para com eles que resultam da transformação do nosso olhar através do olhar de Maria? Sim, haverá certamente lugar para tudo isto, mas também para nos decidirmos tornar apóstolos ativos ao serviço do Príncipe da Paz e da sua Mãe, a Rainha da Paz”, afirmou o cardeal durante a homilia. Esta Peregrinação Internacional Aniversária, em Fátima, tem a particularidade de integrar também a Peregrinação Nacional do Migrante e Refugiado, um dos pontos altos do programa da 47.ª Semana Nacional das Migrações, promovida pela Igreja Católica de 11 a 18 de agosto, cujo tema é “Não são apenas migrantes”. Agosto é, de facto, um dos meses em que Fátima recebe mais migrantes, sobretudo da diáspora portuguesa. Além dos peregrinos lusófonos, acorreram este ano à peregrinação de agosto grupos de fiéis de dezenas de países, como Vietname, Síria, Senegal, Suécia, Polónia, Malásia, França, Reino Unido, Sri Lanka, EUA, Malta, Bélgica, Brasil, Alemanha, Itália, Costa do Marfim, Irlanda, Indonésia e Espanha. Esta Eucaristia integrou a tradicional oferta do trigo, pelos peregrinos, no momento da apresentação dos dons. Um ritual que se celebra desde 13 de agosto de 1940, quando um grupo de jovens da Juventude Agrária Católica, de 17 paróquias da diocese de Leiria, ofereceu 30 alqueires de trigo destinados ao fabrico de hóstias para consumo no Santuário de Fátima. No ano passado, o Santuário recolheu 4.685 kg de trigo e 327 kg de farinha, oferecidos pelos peregrinos. Em 2018 foram consumidos no Santuário: 1 220 000 partículas; 11.000 hóstias médias e 400 hóstias grandes. As celebrações desta peregrinação têm transmissão em direto em www.fatima.pt.
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