12 de maio, 2021

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Cardeal D. José Tolentino exortou os peregrinos a não transformarem a pandemia numa crise da esperança

"Que todo este sofrimento nos torne melhores" 

 

D. José Tolentino Mendonça, que presidiu esta noite às celebrações da Peregrinação Internacional Aniversária de maio em Fátima, exortou os peregrinos a não transformarem a crise pandémica numa crise de esperança.

“A atual pandemia tem disseminado sofrimento: condicionou sociabilidades, isolou-nos uns dos outros, acentuou solidões”, afirmou o cardeal português aos 7.500 peregrinos que lotaram o Santuário ainda antes das celebrações começarem.

“A crise sanitária ativou outras crises, no campo social, na precarização do trabalho, no agravamento das dificuldades económicas, na pobreza que cresce e não só entre os segmentos considerados mais frágeis, na debilitação do campo escolar, na diminuição de presenças nas comunidades cristãs  e na incerteza que pesa sobre a vida tantos” sublinhou na homilia da Celebração da Palavra que, desde o ano passado, juntamente com a recitação do Rosário e a icónica Procissão das Velas preenche o programa da noite dos dias 12.

“De maio passado a este vivemos um ano difícil. Experimentamos uma vulnerabilidade que desconhecíamos. A pandemia em curso ceifou vidas e alastrou lutos. De repente, sentimo-nos reportados à época dos Santos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, quando a pandemia da febre espanhola fazia milhões de vítimas”, lembrou dirigindo um conjunto de preces a Nossa Senhora de Fátima, “Mãe da consolação”, a quem “colocamos os nossos corações nesta hora”.

“Em especial te rogamos, Senhora de Fátima, para que a crise que vivemos não se torne numa crise da esperança”, invocou ao salientar que a esperança é necessária “para olhar para diante, para ganhar confiança e repartir. Precisamos da esperança para transformar os obstáculos em caminhos e os caminhos em novas oportunidades. Precisamos da esperança para nos unirmos mais, para construirmos sociedades eticamente qualificadas, sociedades que concretizem a justiça social e a fraternidade entre todos os homens”.  

“Queremos hoje pedir, Senhora de Fátima, que ilumines a dor de todos, sem fronteiras nem distinções, que ilumines a dor de próximos e distantes, de crentes e não-crentes, como se fosse uma só. Que escutes no silêncio desta noite a fadiga e o esforço, a solidão e as lágrimas, o cansaço e as necessidades de todos. Que veles pela grande família humana ferida. E nos mobilizes a todos para o desafio urgente de consolar, de cuidar e de reconstruir”, salientou.

“Tu, Mãe da Esperança, fortalece a nossa esperança. Tu que em momentos tão tormentosos da história do século XX foste um pilar de Esperança, ajuda-nos a atravessar este século XXI movidos pela esperança” afirmou ainda ao fazer memória do diálogo entre Lúcia e Nossa Senhora na segunda aparição. 

“Lembra-te, Senhora de Fátima, que hoje especialmente precisamos de encontrar, no teu Imaculado Coração, refúgio e caminho!”, sublinhou.

Por outro lado, destacou que apesar do sofrimento há “histórias para contar e agradecer”, entre elas “histórias de amor, de reencontro, de interajuda e solidariedade e essas histórias constituem um património que não podemos esquecer”. Deixou, também uma palavra para a família, que “foi colocada à prova”, mas que, para muitos, “foi uma oportunidade para redescobrir o que significa estar em família e o tesouro humano insubstituível que a família representa”. E, acrescentou: “não esquecemos o testemunho de quantos colocaram o bem dos outros acima do seu próprio bem. A generosidade de tantos que deram um passo em frente quando era mais cómodo permanecer no seu lugar. É verdade: de quantas histórias de amor cada um de nós tem sido testemunha!”.

O cardeal português, que presidiu pela primeira vez a uma Peregrinação Internacional Aniversária em Fátima, concluíu que apesar das dificuldades estes meses “não foram em vão”.

“A turbulência da pandemia também nos desinstalou e nos ajudou a identificar o essencial com mais clareza”, afirmou.

“Queremos confiar-te, Mãe de Jesus e nossa Mãe, o caminho histórico e interior que estamos a percorrer e pedir-te que esta dor sirva para alguma coisa, que todo este sofrimento nos torne melhores: mais espirituais, mais humanos e mais fraternos”, concluiu.

A Peregrinação Internacional Aniversária de maio é a primeira deste segundo ano de pandemia e volta a ter um número limitado de peregrinos, que foi alcançado, antes ainda do inicio da celebração..

Sob o tema “Louvai o Senhor, que levanta os fracos” esta peregrinação está ainda fortemente condicionada pela pandemia.

Esta quinta-feira, dia 13, o programa começa às 9h00 com a recitação do Rosário, prossegue com a Missa Internacional no Recinto, com a tradicional Palavra ao Doente e termina com a Procissão do Adeus.

No dia em que se faz memória da primeira Aparição e do 40º aniversário do atentado a João Paulo II, na Praça de São Pedro, o Santuário estará unido ao Papa Francisco, a partir das 17h00, com a recitação do Rosário pelo fim da pandemia, com uma intenção especial pelos reclusos que se encontram detidos nas prisões de todo o mundo. Este terço terá transmissão mundial a partir da Cova da Iria, inserindo-se na “maratona” de oração proposta pelo Papa este mês de maio a 30 santuários.

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