12 de maio, 2019

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Cardeal D. Antonio Tagle caracterizou Santuário de Fátima como lugar de paz e de encontro

No encontro com os jornalistas, o presidente da Peregrinação Internacional de maio olhou para Fátima como um espaço de diálogo inter-religioso e cultural

 

Na conferência de imprensa que marcou o início da Peregrinação Internacional Aniversária, o cardeal D. Antonio Tagle, arcebispo de Manila, que preside às celebrações, começou por agradecer a ênfase que tem sido dada pelo Santuário de Fátima ao aumento  de peregrinos provenientes da Ásia – onde “as diferentes religiões valorizam a peregrinação como expressão de espiritualidade” –, e apontou Fátima como lugar de paz e de encontro inter-religioso, através do diálogo.

“Fátima, como um dos centros de peregrinação internacional, que também é visitado por não cristãos, é um lugar de paz universal e pode ser um dos centros de diálogo inter-religioso e inter-cultural,”, afirmou, concretizando, depois, dois níveis em que este diálogo pode ocorrer: um mais informal, num acolhimento dedicado aos que não são cristãos, por forma a despertar o desejo de conhecer a religião cristã através do acontecimento de Fátima; outro, mais formal, ao disponibilizar-se um lugar onde quem se sinta interpelado possa esclarecer dúvidas e aprofundar conhecimento sobre a da fé cristã.

Interpelado sobre as intenções que traz a Fátima, o arcebispo de Manila revelou, emocionado, que, a par das várias intenções de âmbito pessoal, traz também à Cova da Iria uma intenção pela “conversão universal à humanidade, que permita olhar para as pessoas como seres humanos e não como objetos”. Ao referir esta intenção mais global, o presidente da Cáritas Internacional quis mostrar a sua consternação pelo fato de, em países em conflito, “se impedir ou limitar a entrada de ajuda humanitária e permitir a entrada de armamento”.

Por fim, e assumindo a sua presença na Peregrinação Internacional também como responsável pela Cáritas Internacional – federação que reúne as Cáritas nacionais –, D. Antonio Tagle elogiou o trabalho que a Cáritas Portuguesa tem desenvolvido em prol da fraternidade e da dignidade humanas.

D. António marto apela à mobilização de todos na construção de uma “nova narrativa de esperança para a Europa" 

D. António Marto, que abriu a conferência de imprensa, alertou para a ameaça dos conflitos armados e o “risco de um holocausto nuclear”, apelando à “responsabilidade pela paz”. O bispo de Leiria-Fátima lembrou também os “desafios de caráter mundial” levantados pelos fluxos migratórios, nomeadamente no surgimento de um “discurso e ambiente xenófobos, que levam à intolerância, em vez de levarem à solidariedade”.

Ao evocar a matriz cristã que fundou a Europa e que a “ajudou a ultrapassar inúmeras crises”, D. António Marto apontou uma “decisão política sustentável” como solução para os desafios atuais; e, referindo-se às eleições europeias que se aproximam, o prelado pediu uma mobilização de todos na construção de uma “nova narrativa de esperança para a Europa, que vença os diversos medos que a assaltam”, ao condenar os movimentos nacionalistas que “destabilizam as democracias”.

O cardeal português lembrou ainda o clima de “guerra civil” que se vive na Venezuela, que “tem causado sofrimento sobretudo aos mais pobres”, e enviou uma palavra de solidariedade a todos os que sofrem com esta situação, particularmente os portugueses que lá vivem. D. António Marto revelou também a sua “oração solidária” para com as vítimas dos atentados no Sri Lanka.

O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa fez também referência à Jornada Mundial da Juventude de 2022, em Lisboa, como “uma oportunidade única para mobilizar a Igreja e quebrar o distanciamento em relação aos jovens”.

Ainda ao nível da Igreja, o prelado fez eco de dois documentos pontifícios, saudando a carta apostólica, sob a forma de moto próprio, “Vós sois a luz de Cristo”, que oferece uma normativa para erradicar os abusos sexuais sobre menores e vulneráveis, e sobre adultos que possam sofrer abuso de poder, considerando-a “um passo importante”, após a reunião dos presidentes das Conferências Episcopais, em Roma, que debateu este assunto; e  destacando a carta do Santo Padre aos economistas e jovens empresários e empresárias, que convoca para uma encontro, de 26 a 28 de março, em ordem a um pacto para dar uma alma à economia de amanhã, tornando-a solidária, inclusiva e justa.

Reitor mostra um Santuário em saída

O reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas, também usou da palavra na conferência de imprensa, para revelar os números parciais de peregrinos na Cova da Iria nos primeiros meses de 2019, dando conta que da presença de mais de 740 mil participantes em cerca de 2.500 celebrações.

O sacerdote referiu-se ainda à difusão e estudo de Fátima através das viagens da Virgem Peregrina e das iniciativas do âmbito do estudo e aprofundamento do acontecimento Fátima eu têm “levado Fátima para além do espaço do Santuário”, nomeadamente o Colóquio “A poética de Fátima”, que decorre a 18 de maio, no Porto; o Seminário “Caminho de Peregrinações”, nos dias 6 e 7 de junho, na Sociedade de Geografia de Lisboa; e o Simpósio Teológico-Pastoral que, entre 21 e 23 de junho se propõe refletir sobre o sentido de peregrinar.

A peregrinação prossegue agora com a Saudação a Nossa Senhora, na Capelinha das aparições.

Até às 16h30, estavam inscritos nos Serviços do Santuário cerca de 196 grupos, oriundos de 40 países para participar na Peregrinação Internacional Aniversária de maio.

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