02 de julho, 2020
Cardeal D. António Marto conduziu primeira visita temática à exposição temporária Vestida de Branco“Tota pulchra”: a beleza de Maria, foi o tema apresentado pelo bispo da diocese de Leiria Fátima
O Santuário de Fátima levou a cabo a primeira visita temática à exposição temporária comemorativa do centenário da primeira escultura de Nossa Senhora de Fátima - Vestida de Branco-, esta quarta-feira à noite. Esta visita temática teve como orador o Cardeal D. António Marto, bispo da diocese de Leiria-Fátima, que levou os participantes a refletir sobre “Tota pulchra”: a beleza de Maria — a propósito da temática da exposição. Com uma configuração diferente, adaptada às circunstâncias vigentes, que preservam a segurança e o distanciamento social, a conferência da visita decorreu na Galilé dos Apóstolos, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade. D. António Marto começou a sua reflexão a partir do posicionamento do Papa Paulo VI, no final do Concílio Vaticano II, a 8 dezembro 1965, que convidou os fiéis a “fixar o olhar nesta mulher humilde, nossa Mãe”, cuja “ beleza de Maria Imaculada, se torna para nós um modelo inspirador”. “Como propor hoje de novo, e de maneira adequada, Maria ao povo de Deus e de maneira a despertar um fervor de renovada piedade?”, questionou o prelado, apresentando a “Via da verdade e a via da Beleza”, como caminho. O bispo da diocese de Leiria-Fátima, considera que a “beleza de Cristo se reflete na santidade dos seus discípulos”. “Maria, é um milagre de beleza, que ao longo dos séculos os artistas tentaram representar e imortalizar, inumeráveis poetas procuraram cantar, incontáveis santos quiseram celebrar”, disse. Com Maria “é eficaz sobretudo a linguagem da beleza, concretamente da arte e da poesia”. “Em Cristo, Deus escolheu-nos, por um amor de eleição e predileção, e chega a nós de forma humana através de Jesus Cristo, e Deus realizou isto de forma singular, em Maria, criatura mais bela do universo, e neste desígnio está a raiz da beleza de Maria”, explicou D. António Marto. O prelado, recordou as palavras do Anjo a Maria, referindo que não é uma mera saudação, “é um dom, através de Maria para a humanidade”, e deste modo “Maria está cheia da presença de Deus, habitada pelo próprio Deus no seu amor”. “Nela estão todas as virtudes que tornam bela a existência humana: fé, esperança e caridade”, considera, lembrando que na esperança de Maria “encontramos a fé de todos os que querem encontrar Cristo”, afirmou. O bispo da diocese de Leiria-Fátima disse que “tudo em Maria vive de fé, graça, caridade e dom do espírito, silêncio, contemplação, mansidão, generosidade, paz, e assim a beleza de Maria acompanha todos os mistérios de Cristo”. “Maria Imaculada é o rosto onde se configura Cristo e é graças à sua intimidade com Cristo que ela é profundamente santificada”, explicou D. António Marto. “Está unida a Cristo como nenhuma outra criatura”, considera, lembrando que “o amor que nos une a Cristo transforma-nos; só o amor vê e descobre a beleza do que está escondido”. D. António Augusto dos Santos Marto nasceu a 5 de maio de 1947, em Tronco, concelho de Chaves. Estudou nos Seminários de Vila Real e do Porto, sendo ordenado padre em Roma no ano de 1971, como presbítero da Diocese de Vila Real. Estudou Teologia Sistemática na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, onde fez o doutoramento. Desde 1977 exerceu atividade docente em diversos âmbitos. Foi professor de diversas áreas da teologia no Instituto de Ciências Humanas e Teológicas (Porto), no Centro de Cultura Católica (Porto), na Faculdade de Teologia e na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa (Porto). É membro da Sociedade Científica da Universidade Católica. A 10 de novembro de 2000 foi nomeado bispo, tendo escolhido o seguinte lema episcopal: “Servidores da vossa alegria” (2Cor 1,24). Foi bispo auxiliar de Braga de 2001 a 2004 e Bispo de Viseu desde então até 22 de abril de 2006, data em que recebeu a nomeação para Bispo de Leiria-Fátima. Entrou nesta diocese no dia 25 de junho de 2006. De abril de 2014 até junho de 2020 foi Vice-Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. Função que também exerceu durante o triénio 2008-2011. Desde junho de 2020 é vogal do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa. A 20 de maio de 2018 foi nomeado Cardeal pelo Santo Padre, Papa Francisco, tendo sido elevado ao cardinalato a 28 de junho de 2018, na Basílica de São Pedro, em Roma. A primeira visita deveria ter sido realizada na primeira quarta-feira do mês de maio, mas devido às circunstâncias que o país atravessa, na sequência da pandemia provocada pela Covid-19, só agora teve lugar. Esta iniciativa cumpre os requisitos de segurança exigidos para os espaços museológicos. Estão agendadas, entretanto, mais três visitas temáticas, sempre na primeira quarta-feira de cada mês: a 5 de agosto, "Singularidades das representações da Virgem Maria nas diferentes épocas históricas — a propósito do Núcleo I da Exposição" por Marco Daniel Duarte, Diretor do Museu do Santuário de Fátima; a 2 de setembro, "Desafios à conservação da Imagem de Nossa Senhora de Fátima — a propósito do Núcleo VII da Exposição", por Ana Rita Santos, Coordenadora do Serviço de Conservação e Restauro do Património do Santuário de Fátima; a 7 de outubro, "A Imagem de Nossa Senhora de Fátima: da criação à difusão de uma nova forma de representar a Virgem Maria — a propósito Núcleo V da Exposição", por Marco Daniel Duarte, Diretor do Museu do Santuário de Fátima. Até ao dia 13 de março, data em que começou o confinamento, esta exposição tinha sido visitada por 58.219 pessoas. Após um período encerrada, voltou a reabrir a 19 maio. Neste novo período já passaram por este espaço 7.979 visitantes. A exposição temporária comemorativa do centenário da primeira escultura de Nossa Senhora de Fátima - Vestida de Branco, ao longo de sete núcleos, convida a refletir sobre a relação entre arte e devoção, num diálogo permanente entre arte antiga e arte contemporânea, tradição e inovação. Recorrendo a peças de valor histórico e artístico do espólio do Museu do Santuário de Fátima, como de outras instituições museológicas e diferentes organismos eclesiais, através da linguagem da museologia é dado ao visitante conhecer o processo histórico e artístico de criação e fixação do modelo oficial da Imagem que se venera na Capelinha das Aparições, as interpretações devocionais e artísticas que lhe são devedoras, assim como os mitos, desafios e herança de um dos símbolos maiores da iconografia mariana, numa experiência simultaneamente formativa e de fruição estética das múltiplas formas com as quais as diferentes épocas históricas vestiram a Virgem Maria.
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