02 de outubro, 2015
Foi apresentado, no dia 1 de outubro, em Fátima, o projeto “Caminhos de Fátima”, uma iniciativa que envolve 14 câmaras municipais e que pretende apresentar uma alternativa mais segura para o caminho que milhares de peregrinos fazem a pé, anualmente, até à Cova da Iria. No lançamento oficial, esteve presente o Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, que anunciou a afetação de três milhões e meio de euros para o projeto, através dos Programas Operacionais do Norte e do Centro. A iniciativa conta, desde o início, com a colaboração do Santuário de Fátima. Maio de 2017 é a meta apresentada para a concretização do projeto, altura em que se celebra o Centenário das Aparições de Fátima. A segurança dos peregrinos a pé que, anualmente, vêm ao Santuário de Fátima e a valorizarização do património cultural são os dois objetivos do projeto “Caminhos de Fátima”, que estudou um itinerário alternativo ao atualmente percorrido para retirar das estradas nacionais peregrinos e caminhantes. O primeiro troço, já estudado e delineado, ligará o Porto a Fátima, numa distância de 212 quilómetros, na sua maioria fora das estradas nacionais e com apenas um acréscimo de 8% na distância total do percurso atualmente percorrido, explicou Cristina Azevedo, coordenadora do projeto. “Para além do projeto integrado de sinalização vertical dos “Caminhos de Fátima”, que terá de ser estudado e implementado, foi iniciada, com a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, a análise da possibilidade da criação de condições de proteção aos peões nas vias propostas, com integração no código da estrada e criação de sinalização específica”, adiantou a responsável. O traçado identificado foi testado e consensualizado pelos promotores e permitirá: “recuperar calçadas romanas, atravessar vales agrícolas, aproveitar canais ferroviários desativados, incorporar margens ribeirinhas, integrar caminhos rurais e atravessar povoados, com clara vantagem para o espírito da peregrinação ou da caminhada”, lê-se no comunicado de apresentação da iniciativa. Consenso alargado para um objetivo comum Tudo pronto em maio de 2017 No total, são 14 as autarquias envolvidas neste projeto: Vila Nova de Gaia, Santa Maria da Feira, São João da Madeira, Oliveira de Azeméis, Albergaria a Velha, Águeda, Anadia, Mealhada, Coimbra, Condeixa, Soure, Pombal, Leiria e Ourém. Na organização deste “percurso cultural e religioso alternativo”, estiveram ainda envolvidas as três Comunidades Intermunicipais que envolvem o território (Aveiro, Coimbra e Leiria), as Estradas de Portugal, a Infraestruturas de Portugal, o Instituto para a Mobilidade e os Transportes, a Cruz Vermelha, o Corpo de voluntários da Ordem de Malta, as forças de segurança e, desde o início a colaborar no projeto, o Santuário de Fátima e os guias acreditados junto deste. Devido ao consenso alcançado entre todos os intervenientes e para concretizar com maior celeridade a iniciativa, os referidos municípios têm prevista a constituição da Associação dos Caminhos de Fátima (ACF), que terá por finalidades o fomento e a defesa dos “Caminhos de Fátima”, a ajuda ao peregrino ou caminhante e a defesa e promoção do património cultural destes percursos. Depois desta primeira etapa, os promotores aguardam agora pela atribuição de fundos comunitários através de um pedido já lançado pelos 14 municípios abrangidos, através dos Programas Operacionais do Norte e do Centro. Na sessão de apresentação do projeto, o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Manuel Castro de Almeida, anunciou a resposta positiva Comissão Interministerial de Coordenação para a afetação de três milhões e meio de euros. Este valor viabilizará as intervenções de comunicação e sinalização previstas, num investimento superior a quatro milhões de euros. A menos de dois anos de se assinalar o Centenário das Aparições, maio de 2017 é a data apresentada pelos promotores como meta para a conclusão dos trabalhos. Bem-estar físico e espiritual dos peregrinos é prioridade Num projeto acolhido, desde o início, pelo Santuário de Fátima, o seu reitor, padre Carlos Cabecinhas, reforçou o interesse da instituição em colaborar e apoiar no mesmo, por aquilo que representa para o “bem-estar dos peregrinos” que ali se deslocam. “Fomos, desde o início, os anfitriões destes encontros. Esta iniciativa lançou-se, como primeiro encontro, que reuniu todos os presidentes de câmara envolvidos neste projeto, no Santuário de Fátima. Voltámos a ser o anfitriões, aquando da reunião com o Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional e temos procurado dar toda a facilidade logística para o desenvolvimento deste projeto”, garantiu o reitor do Santuário de Fátima. O Santuário disponibilizou ainda toda a sua rede de orientadores e guias de peregrinos a pé em contacto com o projeto dos “Caminhos de Fátima”, com vista a uma “partilha de experiências para enriquecer a elaboração dos caminhos a pé”, informou o reitor do Santuário de Fátima, que não exclui a possibilidade de um envolvimento mais institucional na futura ACF. Num momento em que se regista um “aumento do interesse pela peregrinação a pé até Fátima”, o reitor prevê um incremento do número de peregrinos, devido às cada vez melhores condições que lhes estão a ser propiciadas. “A nossa expectativa é que grande parte da infraestrutura desta obra possa estar concluída em maio de 2017, para que os peregrinos possam, com mais segurança e com outra comodidade, vir em peregrinação ao Santuário”, referiu o reitor do Santuário de Fátima, recordando o “verdadeiro sentido da peregrinação”. “Com a melhoria das condições para a sua caminhada, espero que os peregrinos possam viver a peregrinação a pé como essa experiência de fé, que permite avançar fisicamente, mas, ao mesmo tempo, progredir espiritualmente. É esse o verdadeiro sentido da peregrinação: o deslocar-se, mas para voltar diferente, para transformar a própria vida e o quotidiano”, concluiu. |