02 de janeiro, 2014
Entre a surpresa e a esperança D. António dos Santos Marto presidiu no Santuário de Fátima às celebrações de final de ano/início de novo ano, marcadas por momentos de celebração, oração e convívio e coroadas pela consagração ao Imaculado Coração de Maria, na Capelinha das Aparições, ao toque do carrilhão, às 00:00 do dia 1 de janeiro de 2014. Na homilia da Missa com Te Deum de Ação de Graças, celebrada às 22:00 de 31 de dezembro na Basílica da Santíssima Trindade, o bispo de Leiria-Fátima recordou os principais acontecimentos que marcaram o ano que findava e exortou a “entrar com confiança e esperança” no novo ano. “Como quer que tenha sido o andamento do ano, fácil ou difícil, damos graças a Deus. Na fé recebemos uma luz que nos faz ver e permite dizer que, apesar de tudo, há muito bem no mundo, na nossa vida e na Igreja: o bem que mantém de pé o mundo e está destinado a vencer com a ajuda de Deus”, começou por afirmar D. António Marto, admitindo a dificuldade em captar esta realidade “profunda do bem”, “porque o mal faz mais barulho do que o bem”. Ao percorrer o ano de 2013, na homilia que intitulou de “Entre a surpresa e a esperança”, D. António Marto destacou a “verdadeira surpresa de Deus” que foi a renúncia de Bento XVI ao ministério petrino, ato que considerou “de grande humildade e inusitada coragem”. “Trata-se de uma opção que inaugura uma nova época. Não esteve ligada apenas ao estado de saúde do Santo Padre, mas também à situação da Igreja neste tempo com a aceleração e acumulação dos problemas e desafios a exigir uma nova guia com novo vigor físico e anímico”, disse. Ainda nas palavras do bispo de Leiria-Fátima, a subsequente eleição do Papa Francisco, “trouxe um ar novo de frescura e esperança à Igreja e à humanidade”. “As palavras e os gestos do Papa Francisco tocam as cordas mais profundas da sensibilidade e da personalidade humana porque respondem às expectativas profundas da humanidade ferida, confusa, dividida, desejosa e necessitada de perdão, de uma relação sincera e próxima que leve conforto, misericórdia, encorajamento, cura, reconciliação, paz – a alegria do Evangelho”, frisou D. António Marto. Neste percurso de “memória grata dos dons de Deus à sua Igreja”, o bispo de Leiria-Fátima lembrou que ao longo de 2013 a Igreja viveu o Ano da Fé e que também a sua diocese de Leiria-Fátima aderiu a esta “grande graça”, com várias iniciativas: “a descoberta e o aprofundamento do Concílio Vaticano II como bússola para viver a fé hoje, catequeses sobre a fé na base do Catecismo da Igreja Católica, celebrações várias para as várias idades, testemunhos de caridade, atividades culturais de diverso género, iniciativas que culminaram e tiveram expressão na Festa da fé que ficará inesquecível”. “O Ano da Fé terminou, mas continua o desejo de manter viva toda a riqueza que recebemos ao longo dos seus dias e meses”, concluiu D. António Marto reiterando que “o Santo Padre convida-nos para uma nova etapa evangelizadora, recordando-nos a doce e reconfortante alegria de evangelizar”. De entre as várias iniciativas do Ano da Fé, D. António Marto destacou que “não podemos esquecer a presença em Roma e na Praça de S. Pedro, nos dias 12 e 13 de outubro, da imagem original de Nossa Senhora de Fátima diante da qual o Santo Padre realizou a consagração do Mundo à Virgem Mãe, durante a Jornada Mariana do Ano da Fé”, acontecimento, lembrou, realizado em simultâneo com a peregrinação aniversária internacional, presidida, em Fátima, pelo cardeal Secretário de Estado, D. Tarcisio Bertone. Só sairemos da crise todos juntos e solidários De olhos postos no novo ano, D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, na mesma homilia da Missa celebrada na noite do dia 31 de dezembro de 2013 no Santuário de Fátima, quis deixar uma palavra de confiança e de esperança no meio da crise: “Confiança e solidariedade são as palavras em que desejaria traduzir a esperança do Natal hoje, no sexto ano dos primeiros indícios da crise económica mundial. Confiança é talvez aquilo de que temos mais necessidade”. “Reencontrar as razões da esperança” e “redescobrir as razões da solidariedade” através da corresponsabilidade é o apelo do Bispo de Leiria-Fátima, isto porque, a seu ver “só sairemos da crise todos juntos e solidários”. A exigência de corresponsabilidade terá de se exprimir, nas palavras de D. António Marto, a vários níveis. A nível global, afirmou o prelado, “é urgente o crescimento da consciência coletiva inspirada e educada por personalidades carismáticas que recordam a todos o primado do bem comum”; a nível local “é necessário um novo modelo de política com homens e mulheres testemunhas de esperança possível, com alto sentido de responsabilidade, com espírito de serviço, de humildade, de diálogo, de solidariedade, para construir algo novo, diverso de uma luta de poderes e de jogos de interesses”. D. António Marto refletiu também sobre o papel das instituições e agências que atuam na sociedade. Pediu “a escola animada por uma verdadeira paixão educativa; os bancos que não se fechem na defesa do maior lucro possível e concedam crédito a quem tem necessidade de ajuda para recomeçar; a sociedade civil e a Igreja como portadoras de esperança para todos através de gestos e iniciativas credíveis de solidariedade vivida, de partilha ativa, de diálogo sem muros”. LeopolDina Reis Simões |