30 de junho, 2019
Bispo de Beja pede prontidão, liberdade e despojamento para seguir Jesus sem “negócio” prévioD. João Marcos presidiu à Missa dominical em Fátima, no âmbito da peregrinação da sua diocese, na qual se fez presente uma `candeia´ com a Luz de Belém, transportada pelos Caminheiros do CNE
O bispo de Beja, D. João Marcos, pediu aos peregrinos de Fátima, onde se incluíram este domingo os seus diocesanos em peregrinação, para seguirem Jesus sem condições, demonstrando prontidão e despojamento genuínos para a missão de anunciar o reino de Deus, livres de “entusiasmos de momento”. Para o que Jesus nos pede “não basta o entusiasmo do momento, é necessário ser chamado por Ele e dispor-se a segui-Lo no caminho com tudo o que isso implica”, disse D. João Marcos. “Somos cristãos, somos discípulos de Cristo para uma missão que ultrapassa os nossos bons desejos, de realização pessoal. Cristo chamou-nos a sermos seus discípulos, para anunciarmos o reino de Deus” precisou, ressalvando que isso significa “deixar Deus reinar em nós”. “Quando tomamos consciência desta relação sublime, todos os outros relacionamentos ficam relativizados e passam para segundo plano. Quando Jesus nos chama para O seguirmos, para vivermos segundo a vontade do Pai, não sobra espaço para negociar seja o que for: é pegar ou largar”, precisou o prelado. O bispo de Beja invocou a este propósito o exemplo dos pastorinhos, a quem “Nossa Senhora explicou a importância da vontade do Céu”, e que souberam resistir “aos confrontos com a família e com as autoridades para corresponder à vontade e ao amor de Deus”. Como eles, advertiu D. João Marcos, há que ser capaz de superar o “perigo da escravidão afetiva, que sob a roupagem do amor, não nos deixa livres para amarmos a Deus, como Ele nos amou, com a mesma disponibilidade e com a mesma liberdade”. “Só poderemos amar-nos verdadeiramente uns aos outros se tivermos em nós o Espírito Santo de Jesus, se O amamos em Cristo” adiantou ainda frisando que seguir Jesus não passa por “boas vontades ou entusiasmos”. “Quem se propõe segui-Lo, levado por entusiasmos e boa vontade , esses serão os primeiros a abandoná-Lo nos momentos difíceis”. Por isso, interpelou diretamente os peregrinos, em particular os seus diocesanos que se preparam para assinalar no próximo ano o 250º aniversário da restauração da diocese de Beja, questionando-os sobre o verdadeiro sentido da peregrinação. “Porque viemos hoje a Fátima, porque nos sentimos bem aqui, sentimos paz e recuperamos forças ou para seguirmos Jesus?”, alertou. “O seguimento de Jesus não é para nos enchermos a nós mesmos, exige o esvaziamento de nós próprios e dos nossos projetos. Só assim seremos totalmente livres” lembrou. “A liberdade não se reduz a fazermos o que nos apetece; isso leva-nos a fecharmo-nos em nós mesmos, a pecarmos e a deixarmos de ser livres” adiantou ainda lembrando que “Ser livre é ser dócil ao Espírito Santo, deixarmo-nos conduzir por Ele, renunciarmos a viver segundo a carne, isto é, o espírito do mundo , para vivermos segundo o espírito de Jesus”, concluiu. Participaram também nesta celebração vários caminheiros do Corpo Nacional de Escutas que integram o Rayde 100, evento que assinala o centenário dos Caminheiros e Companheiros (os escuteiros dos 18 aos 22 anos), e que consiste numa caminhada, em forma de estafeta, que liga Manteigas a Aveiro, cumprindo todo o perímetro do país, durante a qual transportam a Luz da Paz de Belém. Esta chama foi recolhida em dezembro na Gruta da Natividade, na Palestina e é a primeira vez que passa pelo Santuário de Fátima. Ao trazê-la, a uma celebração no Santuário, os Caminheiros pretendem fazer deste momento uma oportunidade para consagrar o escutismo a Nossa Senhora, a Mãe Caminheira, a Mãe que escuta. De referir que esta chama já esteve em Wiltz, no Luxemburgo, numa peregrinação de Nossa Senhora de Fátima, que reúne mais de 20 mil portugueses e fez também parte da peregrinação similar em Zurique no início do mês de Junho. Estiveram ainda presentes nesta celebração vários grupos de Portugal, Irlanda , Espanha e Itália. |