18 de setembro, 2016

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Bispo das Forças Armadas denuncia quem se aproveita da crise para empobrecer os que já são pobres e enriquecer “os que já são donos de tudo”

D. Manuel Linda presidiu à missa dominical no Recinto de Oração do Santuário de Fátima


O bispo da diocese das Forças Armadas e de Segurança disse esta manhã, em Fátima, que enquanto a prioridade for o dinheiro e os bens materiais haverá cada vez mais pobres e excluídos e menos solidariedade.

D. Manuel Linda presidiu à missa dominical no Santuário de Fátima e insurgiu-se contra o individualismo “que fecha as pessoas sobre si mesmas, as deixa isoladas de Deus e dos outros e empedernece o coração”.

Partindo da liturgia deste domingo o prelado da diocese das Forças Armadas e Segurança lembrou o que ela denuncia:  “aqueles que se aproveitam da crise para empobrecer os que já eram pobres e consequentemente, porventura,  ainda enriquecer aqueles que já eram ricos; aqueles que se aproveitam da fragilidade para fazer mais frágeis e um grupo minoritário daqueles que já eram poderosos para se tornarem mais donos de tudo”.

Para D. Manuel Linda “mudou muito o contexto daquela altura mas, porventura, não mudou muita coisa na nossa ação”.

“Hoje fazemos as mesmas coisas e cientificamente, estudando nalgumas faculdades a forma de fazer enriquecer os ricos e empobrecer os pobres e fazemo-lo legalmente a coberto da lei”, disse o prelado.

“Quando se passa muito tempo a pensar no material quase sempre temos pouco tempo para atender à dimensão espiritual privilegiando o essencial que é a pessoa”, precisou ainda.

D. Manuel Linda lembrou alguns números já citados pelo Papa:  1 em cada 100 pessoas do nosso mundo pode dispor de 40% da riqueza mundial; 10% das pessoas do nosso mundo possui 85% da riqueza ou seja 90% da população tem de viver com os 10% do que sobra e 1,400 milhões de pessoas vivem com menos de um dólar por dia.

“Será possível continuarmos com este egoísmo?” questionou o prelado invocando dois exemplos que mostram que há um caminho alternativo: Nossa Senhora, “que abriu o seu coração completamente a Deus e ao seu plano salvador” e os missionários que “deixam o conforto pessoal para levar dignidade aos outros”.

“O dinheiro para eles não representou a sua razão de viver e em nome da fé e em nome do humanismo partiram para levar dignidade e esperança aos que nada têm”, afirmou D. Manuel Linda.

“Não são heróis, não os vou chamar assim,  mas que o são,  são e não vão apenas propagar a fé, anunciando a Santissima Trindade: a sua referência é Deus,  mas começam com a promoção humana”, disse ainda.

Como eles “não podemos continuar a deter-nos apenas nas coisas materiais” e não “sejamos injustos e insensíveis para com quem tem menos,  lá fora e aqui porque estes números mostram uma sociedade desigual, também aqui, ao nosso lado”, concluiu o prelado.

Na missa deste domingo na Cova da Iria, concelebrada por inúmeros sacerdotes e pelo bispo missionário na República Centro Africana, D. José Aguirre, participaram três peregrinações nacionais: a da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre que em setembro assinala sempre a consagração da AIS a Nossa Senhora em 1967; a das Jornadas Missionárias 2016 que integra as Obras Missionárias Pontifícias em Portugal e a da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue.

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