02 de março, 2011

O Papa Bento XVI e Fátima: a acção
13 de Outubro de 1996 | Enquanto cardeal, Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o futuro Papa Bento XVI preside à peregrinação aniversária de Outubro.
26 de Junho de 2000 | data do comentário teológico ao Segredo de Fátima pelo cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
19 de Abril de 2005 | No final do Conclave que elege Bento XVI, no momento de receber do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, os cumprimentos e o juramento de comunhão e obediência, Bento XVI fala-lhe de Fátima.
22 de Abril de 2006 | Bento XVI nomeia D. António Augusto dos Santos Marto como bispo da diocese de Leiria-Fátima.
13 de Maio de 2006 | Bento XVI, através de mensagem, une-se aos fiéis que se reuniram «na Praça de S. Pedro em redor da imagem de Nossa Senhora de Fátima, para confiar à intercessão de Maria as grandes intenções da Igreja e do mundo», recordando o atentado à vida de João Paulo II, no dia 13 de Maio de 1981. 
13 de Junho de 2006 | D. Josef Clemens, secretário do Conselho Pontifício para os Leigos, ao presidir à peregrinação de Junho, informa os peregrinos que o Papa Bento XVI lhe pedira que saudasse, em seu nome «todos os peregrinos de todos os países»: «Peça-lhe uma oração pelo Papa, para que possa realizar a sua missão de dirigir a Igreja. Peça-lhe que estejam com o Papa».
13 de Abril de 2007 | Bento XVI nomeia o Cardeal Ângelo Sodano como Legado Pontifício para a Peregrinação Internacional de Maio, na Cova da Iria, que celebra os 90 anos da primeira aparição mariana.
13 de Maio de 2007 | na oração do Regina Caeli, Bento XVI, em visita apostólica ao Brasil, recorda o 90.º aniversário das Aparições de Fátima: «Decorre hoje o nonagésimo aniversário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima. Com o seu veemente apelo à conversão e à penitência é, sem dúvida, a mais profética das aparições modernas. Vamos pedir à Mãe da Igreja, Ela que conhece os sofrimentos e as esperanças da humanidade, que proteja nossos lares e nossas comunidades».
16 de Setembro de 2007 | Bento XVI nomeia o cardeal Tarcisio Bertone como legado pontifício para presidir à celebração dos 90 anos da última Aparição de Fátima e dedicar a igreja da Santíssima Trindade no Santuário de Fátima.
14 de Outubro de 2007 | Depois da recitação do ‘Angelus’, Bento XVI dirige-se aos peregrinos do Santuário de Fátima reunidos na recém-dedicada Igreja da Santíssima Trindade, lembrando que no Santuário de Fátima, «desde há noventa anos, continuam a ecoar os apelos da Virgem Mãe que chama os seus filhos a viverem a própria consagração baptismal em todos os momentos da existência». Termina o seu discurso com a exclamação: «Nunca esqueçais o Papa!»
10 de Novembro de 2007 | No discurso aos bispos portugueses em visita “Ad Limina Apostolorum”, Bento XVI termina com uma referência a «Fátima como escola de fé».
13 de Maio de 2009 | Em peregrinação à Terra Santa, na cidade de Belém, Bento XVI recordou as aparições de Fátima.
24 de Setembro de 2009 | Comunicado da Secretaria de Estado do Vaticano, informando que a 13 de Maio de 2010 Bento XVI presidirá à celebração aniversária da primeira aparição mariana em Fátima.
12 e 13 de Maio de 2010 | Bento XVI preside à peregrinação aniversária de Maio, na Cova da Iria. À chegada à Capelinha das Aparições, ora diante da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, junto da qual depõe a Rosa de Ouro. Nesse mesmo dia, depois de celebrar Vésperas com presbíteros, diáconos, religiosos, religiosas e seminaristas, preside à recitação do Rosário. No dia 13, Bento XVI preside à Missa no recinto de oração do Santuário de Fátima, dirige-se aos agentes da Pastoral Social e reúne com os bispos da Conferência Episcopal Portuguesa. Despede-se do Santuário de Fátima na manhã do dia 14. Já em Roma, recorda por várias vezes a visita pastoral a Portugal, nomeadamente na audiência geral e na oração do Regina Caeli. Nesta última ocasião, afirma, sobre a celebração de Fátima: «O que viveu, de facto, aquela imensa multidão, na esplanada do Santuário, onde todos éramos realmente um só coração e uma só alma? Foi um renovado Pentecostes».
O Papa e Fátima: a palavra
Queria, no fim, tomar uma vez mais outra palavra-chave do «segredo» que justamente se tornou famosa: «O meu Imaculado Coração triunfará». Que significa isto? Significa que este Coração aberto a Deus, purificado pela contemplação de Deus, é mais forte que as pistolas ou outras armas de qualquer espécie. O ‘fiat’ de Maria, a palavra do seu Coração, mudou a história do mundo, porque introduziu neste mundo o Salvador: graças àquele «Sim», Deus pôde fazer-Se homem no nosso meio e tal permanece para sempre. Que o maligno tem poder neste mundo, vemo-lo e experimentamo-lo continuamente; tem poder, porque a nossa liberdade se deixa continuamente desviar de Deus. Mas, desde que Deus passou a ter um coração humano e deste modo orientou a liberdade do homem para o bem, para Deus, a liberdade para o mal deixou de ter a última palavra. O que vale desde então, está expresso nesta frase: «No mundo tereis aflições, mas tende confiança! Eu venci o mundo» (Jo 16, 33). A mensagem de Fátima convida a confiar nesta promessa.
Cardeal Joseph Ratzinger, comentário teológico ao segredo de Fátima, 26 de Junho de 2000
Apraz-me pensar em Fátima como escola de fé com a Virgem Maria por Mestra; lá ergueu Ela a sua cátedra para ensinar aos pequenos Videntes e depois às multidões as verdades eternas e a arte de orar, crer e amar. Na atitude humilde de alunos que necessitam de aprender a lição, confiem-se diariamente, a Mestra tão insigne e Mãe do Cristo total, todos e cada um de vós e os sacerdotes vossos directos colaboradores na condução do rebanho, os consagrados e consagradas que antecipam o Céu na terra e os fiéis leigos que moldam a terra à imagem do Céu.
Bento XVI, 10 de Novembro de 2007
Todos juntos, com a vela acesa na mão, lembrais um mar de luz à volta desta singela capelinha, amorosamente erguida em honra da Mãe de Deus e nossa Mãe, cujo caminho da terra ao céu foi visto pelos pastorinhos como um rasto de luz. Contudo nem Ela nem nós gozamos de luz própria: recebemo-la de Jesus. A sua presença em nós renova o mistério e o apelo da sarça ardente, o mesmo que outrora atraiu Moisés no monte Sinai e não cessa de fascinar a quantos se dão conta duma luz particular em nós que arde sem nos consumir (cf. Ex 3, 2-5). Por nós, não passamos de mísero silvado, sobre o qual pousou a glória de Deus. A Ele toda a glória, a nós a humilde confissão do próprio nada e a submissa adoração dos desígnios divinos que estarão cumpridos quando «Deus for tudo em todos» (cf. 1 Cor 15, 28). Serva incomparável de tais desígnios é a Virgem cheia de graça: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38).
Sinto que me acompanham a devoção e o afecto dos fiéis aqui reunidos e do mundo inteiro. Trago comigo as preocupações e as esperanças deste nosso tempo e as dores da humanidade ferida, os problemas do mundo e venho colocá-los aos pés de Nossa Senhora de Fátima.
Bento XVI, 12 de Maio de 2010
Irmãs e irmãos muito amados, também eu vim como peregrino a Fátima, a esta «casa» que Maria escolheu para nos falar nos tempos modernos. Vim a Fátima para rejubilar com a presença de Maria e sua materna protecção. Vim a Fátima, porque hoje converge para aqui a Igreja peregrina, querida pelo seu Filho como instrumento de evangelização e sacramento de salvação. Vim a Fátima para rezar, com Maria e tantos peregrinos, pela nossa humanidade acabrunhada por misérias e sofrimentos. Enfim, com os mesmos sentimentos dos Beatos Francisco e Jacinta e da Serva de Deus Lúcia, vim a Fátima para confiar a Nossa Senhora a confissão íntima de que «amo», de que a Igreja, de que os sacerdotes «amam» Jesus e n’Ele desejam manter fixos os olhos ao terminar este Ano Sacerdotal, e para confiar à protecção materna de Maria os sacerdotes, os consagrados e consagradas, os missionários e todos os obreiros do bem que tornam acolhedora e benfazeja a Casa de Deus.
Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída. […] Na Sagrada Escritura, é frequente aparecer Deus à procura de justos para salvar a cidade humana e o mesmo faz aqui, em Fátima, quando Nossa Senhora pergunta: «Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele mesmo é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?» (Memórias da Irmã Lúcia, I, 162).
[…] Então eram só três, cujo exemplo de vida irradiou e se multiplicou em grupos sem conta por toda a superfície da terra, nomeadamente à passagem da Virgem Peregrina, que se votaram à causa da solidariedade fraterna. Possam os sete anos que nos separam do centenário das Aparições apressar o anunciado triunfo do Coração Imaculado de Maria para glória da Santíssima Trindade.
Bento XVI, 13 de Maio de 2010
 
Organização do texto: Marco Daniel Duarte
Revisão: Luciano Coelho Cristino
Pesquisa: Marco Daniel Duarte e Ana Rita Santos
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