13 de agosto, 2012


A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, pelo Decreto “Leiriensis-Fatimensis”, com data de 19 de Junho de 2012, concedeu à igreja da Santíssima Trindade do Santuário de Fátima o título de Basílica menor. A atribuição deste título situa-se no contexto da celebração do Centenário das Aparições e reconhece a importância daquele espaço celebrativo na pastoral do Santuário, mas significa também uma especial ligação e comunhão com o Santo Padre.
O nome “basílica” era dado, em Roma, no tempo da Igreja nascente, aos grandes e amplos edifícios públicos de reunião, que acolhiam os mais diversos eventos. A partir do século IV, as grandes igrejascristã adoptaram esta forma arquitetónica basilical, pois tinha uma enorme vantagem para aquelas gerações cristãs: não estava conotada com o culto aos ídolos. As grandes basílicas, chamadas basílicas maiores, são as mais antigas e importantes, como é o caso das quatro basílicas romanas: São Pedro, no Vaticano, São Paulo Fora de Muros, São João de Latrão, catedral do Papa, e Santa Maria Maior. A partir da segunda metade do século XVIII, os Papas começaram a atribuir o título de “basílicas menores” a outras igrejas, particularmente importantes do ponto de vista histórico e artístico. Actualmente, mais do que o valor histórico ou artístico do edifício, este título é concedido a igrejas às quais se reconhece um especial importância em termos pastorais.
A concessão do título de basílica a uma igreja põe em evidência sobretudo o vínculo de especial comunhão com a Igreja de Roma e com o Papa. O título concedido à igreja da Santíssima Trindade, juntando-se ao título já anteriormente concedido à Basílica menor de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, vem pôr em especial destaque uma dimensão da mensagem de Fátima: a união ao Santo Padre. Os Pastorinhos manifestaram sempre, depois das aparições, uma especial comunhão com o Papa, que se concretizava sobretudo na oração. Desde então, rezar pelo Santo Padre e pelas suas intenções tornou-se parte integrante da própria mensagem e prática habitual no Santuário. Além disso, o Papa ocupa um lugar de grande importância na terceira parte do segredo de Fátima, dada a conhecer em 2000, aqui no Santuário, por ocasião da terceira peregrinação de João Paulo II e por vontade expressa dele.
Por outro lado, a atribuição deste título sublinha o carinho que o Papa nutre por Fátima. Esta é, aliás, uma marca da atitude dos vários Pontífices romanos, desde o tempo das aparições. À medida que foram tomando conhecimento dos acontecimentos sobrenaturais que aqui tinham tido lugar, os vários Pontífices foram manifestando sempre a sua ligação a Fátima, como o demonstram as rosas de ouro oferecidas ao Santuário e, sobretudo, as peregrinações a Fátima de Paulo VI, em 1967, no cinquentenário das aparições, de João Paulo II, por três vezes, e de Bento XVI, em 2010. Por vontade de João Paulo II, a imagem de Nossa Senhora, que está na Capelinha, foi duas vezes à Basílica de São Pedro, no Vaticano. Haveria ainda a lembrar as múltiplas referências feitas pelos vários papas a Fátima em discursos ou saudações, nas mais diversas ocasiões.
A Basílica da Santíssima Trindade responsabiliza-nos, pois será para nós, de agora em diante, uma recordação constante desta comunhão com o Santo Padre, que a atribuição deste título supõe, e um convite a intensificarmos a oração por ele. Ao mesmo tempo, sublinha de forma mais evidente o reconhecimento da profunda e fundamental dimensão trinitária da mensagem de Fátima.
P. Carlos Cabecinhas
Reitor do Santuário de Fátima, diretor do jornal "Voz da Fátima"
Editorial da edição de 13 de agosto de 2012
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