07 de fevereiro, 2018

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Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima acolhe IV Concerto Evocativo dos Três Pastorinhos

Momento musical vai ter como protagonistas o Coro Ricercare, com direção de Pedro Teixeira

 

A Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, vai acolher no próximo dia 18 de fevereiro, pelas 15h30, o IV Concerto Evocativo dos Três Pastorinhos de Fátima. O Momento musical vai ter como protagonistas o Coro Ricercare com direção de Pedro Teixeira.

O concerto marca o início da celebração da festa litúrgica dos Santos Francisco e Jacinta Marto, canonizados a 13 de maio de 2017, pelo Papa Francisco em Fátima.

O concerto tem a luz como ponto central, destacando três momentos intensos, e projetando um paralelo com a temática mariana que inspira e ilumina todo o concerto evocativo dos Três Pastorinhos de Fátima.

O japonês Kentaro Sato (1981) conta com um extenso elenco de música coral, e o Kyrie da sua Missa pro Pace fará a ligação com a primeira parte do poema de Marco Daniel Duarte, que Miguel Jesus (1984) transpôs para música em Por entre o saltério, encomenda do Santuário de Fátima e que será apresentado em estreia absoluta. O fio condutor leva ainda a outra primeira audição absoluta, do compositor Carlos Garcia (1983), com Credo dos Apóstolos para coro e órgão.

A peça Antiphonæ, de Alfredo Teixeira (1965), também terá a sua estreia absoluta neste concerto.

O Coro Ricercare é um coro português de referência. Desde a sua fundação, o Coro Ricercare dedica grande parte da sua atividade à interpretação de nova música portuguesa, tendo estreado mais de 60 obras de compositores nacionais desde a primeira edição de “Jovens Compositores Portugueses” em 2006, junto com a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, o outro agrupamento da Ricercare. Foi criado em 1996 pelos maestros Carlos Caires e Paulo Lourenço, e é dirigido desde 2002 por Pedro Teixeira.

O Coro Ricercare tem também uma larga experiência na realização de música a cappella de autores como Arvo Pärt, György Órban, Peter Aston, Morten Lauridsen, Pawel Lukaszewski, Gabriel Jackson, John Tavener e Eric Whitacre, entre outros.

O Coro Ricercare tem-se apresentado em alguns dos mais importantes festivais de música portugueses, como Festival de Música da Costa do Estoril, Festival de Música de São Roque, Festival “A Cidade e a Música”. Em 1997 participou em dois concertos realizados no Grande Auditório do C.C.B. e na Igreja da Lapa (Porto) em conjunto com o Hilliard Ensemble, no qual foi interpretada a Paixão Segundo S. João de Arvo Pärt (primeira audição em Lisboa).

Atuou em Maio de 2014 com os Rolling Stones, performance integrada no Festival Rock in Rio Lisboa. Em Abril de 2017, atuou com Andrea Bocelli no Meo Arena.

Pedro Teixeira tem o grau de mestre em Direcção Coral pela Escola Superior de Música.

Para além do seu interesse na música antiga, Pedro Teixeira dedica-se à música contemporânea e, como maestro do Coro Ricercare (Lisboa), dirige várias primeiras audições absolutas por temporada desde 2001.

Neste momento é professor na Escola Superior de Música de Lisboa, assim como na Escola Superior de Educação de Lisboa.

Pedro teixeira preparou coros profissionais em colaboração com maestros como John Nelson, Joana Carneiro, Víctor Pablo Perez, Riccardo Muti, Paul McCreesh, Lorenzo Viotti e Laurence Foster. Destaques recentes incluem a Criação de Haydn e War Requiem de Britten no Auditorio Nacional de Musica (Madrid), Falstaff de Verdi na Fundação Gulbenkian (Lisboa) e o Requiem de Verdi no Teatro Real de Madrid.

Proximamente, Pedro Teixeira dirigirá o Coro Gulbenkian em Abril 2018 no grande auditório da Fundação Gulbenkian. Em Agosto 2018 dirigirá Officium Ensemble nos festivais de música antiga de Utrecht (Oude Muziek) e Antuérpia (Laus Polyphoniae), entre outros.

Este momento musical assinala o início da celebração da festa litúrgica dos Santos Francisco e Jacinta Marto, a primeira desde que foram proclamados santos da igreja universal.

Segunda-feira, dia 19 de fevereiro, pelas 21h30 o Rosário será recitado na Capelinha das Aparições com os ícones dos Santos Francisco e Jacinta Marto, seguindo-se uma vigília de oração na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

No dia 20 de fevereiro, o dia dos Pastorinhos inicia com o Rosário na Capelinha das Aparições pelas 10h00, seguido da procissão para a Basílica da Santíssima Trindade, onde às 11h00 tem lugar a missa votiva dos Santos Francisco e Jacinta Marto.

Na parte da tarde, está agendado às 14h00 um encontro com crianças na Basílica da Santíssima Trindade, seguido da oração do Rosário. Pelas 16h00 haverá uma visita aos túmulos dos Pastorinhos, na Basílica de Nossa SEnhora do Rosário de Fátima. O momento de veneração será acompanhado musicalmente pela Schola Cantorum Pastorinhos de Fátima, e culmina com as vésperas, marcadas para as 17h30.

A transmissão pode ser acompanhada em direto na página oficial do Santuário de Fátima, em www.fatima.pt.

Das curtas vidas de Francisco e de Jacinta Marto, «as duas candeias que Deus acendeu para iluminar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas», como João Paulo II lhes chamou, há poucos registos biográficos. A mais importante fonte para o conhecimento sobre eles é constituída pelas Memórias de sua prima.

Nascidos ambos em Aljustrel, com menos de dois anos de intervalo, morrem pouco tempo depois das Aparições, tal como Nossa Senhora lhes tinha anunciado: «a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu [Lúcia] ficas cá mais algum tempo» (13 de junho de 1917).

Vidas breves, mas suficientes para que a Igreja Católica reconhecesse, pela primeira vez na sua história de 2000 anos, a “heroicidade das virtudes e a maturidade de fé de crianças não-mártires”, por decreto de João Paulo II, de 13 de maio de 1989, que abriu o precedente para o reconhecimento da sua santidade.

Francisco Marto, cuja iconografia o apresenta de carapuço na cabeça e jaleca curta, com o cajado e o saco do farnel ao pescoço, nasceu em 11 de junho de 1908 e foi batizado em 20 de junho na Igreja Paroquial de Fátima.

Com apenas 8 anos de idade, começou, com a sua irmã Jacinta, a pastorear o rebanho dos seus pais pela zona da Cova da Iria, local onde, juntamente com a prima Lúcia, viriam a testemunhar as Aparições, durante as quais podia apenas ver, sem ouvir ou falar.

Levado pelo desejo íntimo de consolar o coração de Jesus, pois – dizia – queria dar alegria a um Deus que estava triste com os agravos ao Seu coração, Francisco viveu intensamente a oração contemplativa. Para isso, passava horas seguidas em oração em frente ao sacrário, na Igreja Paroquial de Fátima.

Essa vontade de desagravar o coração de Jesus e de se dedicar inteiramente à oração levou-o a desistir de ir à escola, apesar de, nas Aparições, Nossa Senhora de Fátima lhes ter pedido para que aprendessem a ler e a escrever.

A 18 de outubro de 1918, pouco mais de um ano depois da última Aparição, Francisco adoece, vítima da epidemia da gripe pneumónica que assolou o país. Também conhecida por gripe espanhola, a doença chegara a Portugal no meio desse ano e em pouco tempo causou a morte de dezenas de milhares de pessoas.

A 2 de abril do ano seguinte, confessa-se e recebe a comunhão pela última vez «com uma grande lucidez e piedade», como escreve o pároco de Fátima no Livro de Óbitos, ao registar a sua morte, em 4 de abril, acrescentando: «E confirmou que tinha visto uma Senhora na Cova da Iria e Valinho».

Foi sepultado no cemitério de Fátima, de onde os seus restos mortais foram exumados, em 17 de fevereiro de 1952, e trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em 13 de março de 1952, repousando no braço direito do transepto.

Jacinta Marto teve uma vida ainda mais curta do que a do seu irmão Francisco.

Nascida a 11 de março de 1910, também em Aljustrel, não chega a atingir os 10 anos de idade, ao falecer em Lisboa, igualmente vítima da pneumónica, em 20 de fevereiro de 1920, longe da família, “mas consolada com a certeza de ir para o Céu” (Irmã Lúcia).

Nas Aparições, Jacinta via e ouvia, mas não falava. Segundo a prima Lúcia, Jacinta afligia-se com o sofrimento dos pecadores de que se apercebera na visão do Inferno (Aparição de 13 de julho de 1917) e o seu coração encheu-se de compaixão por eles e de devoção ao Imaculado Coração de Maria.

Essa profunda devoção levou-a à oração intensa e a suportar sacrifícios pelos pecadores, relembrou ainda Lúcia nos seus escritos, nos quais recorda que a prima sofria com o afastamento da família, com saudades da mãe, chorando com fome nos períodos em que fazia jejum por compaixão pelos pecadores.

Jacinta disse ter tido várias aparições de Nossa Senhora durante a sua doença, em casa, na Igreja de Fátima, no orfanato onde esteve, em Lisboa, antes de ser internada e, depois, no Hospital de D. Estefânia.

Tal como o irmão, adoece com a pneumónica (gripe espanhola) em outubro de 1918, tendo sido internada pela primeira vez no hospital de Vila Nova de Ourém, de 1 de julho a 31 de agosto de 1919, já depois da morte de Francisco.

No ano seguinte, ano da sua morte, volta a ser internada, desta vez no Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, a 2 de fevereiro. Foi operada, mas acabou por falecer em 20 de fevereiro, «com a maior tranquilidade, sem ter comungado», apesar de ter pedido insistentemente que lhe dessem a comunhão, pois, dizia, iria morrer em breve, segundo o relato do médico que a acompanhou, Eurico Lisboa.

O seu corpo foi levado para Vila Nova de Ourém, em cujo cemitério foi sepultado em 24 de fevereiro, no jazigo dos condes de Alvaiázere.

A 30 de abril de 1951, os seus restos mortais são identificados e trasladados para o braço esquerdo do transepto da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima no dia seguinte, 1 de maio de 1951.

Precisamente um ano depois, a 30 de abril de 1952, o bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, abre os dois processos diocesanos sobre a fama de santidade e as virtudes dos dois irmãos.

Seguindo caminhos paralelos, a fase diocesana do processo de Jacinta é encerrada em 2 de julho de 1979, contendo 77 sessões e 27 testemunhos. O processo de Francisco é encerrado, um mês depois, a 1 de agosto, com 63 sessões e 25 testemunhos.

Dez anos depois, em 13 de maio de 1989, João Paulo II decreta a heroicidade das virtudes de Francisco e de Jacinta e os dois pastorinhos passam a ser considerados veneráveis, o que acontece pela primeira vez na História da Igreja Católica com crianças não-mártires.

O passo seguinte no processo de beatificação de Francisco e de Jacinta ocorre dez anos depois, em 28 de junho de 1999, quando o Papa João Paulo II promulga o decreto sobre o milagre da cura de Emília Santos, obtido por intercessão dos dois pastorinhos, abrindo o caminho à beatificação, cuja celebração veio a acontecer, em Fátima, no ano seguinte, em 13 de maio.

 

A beatificação estava a ser preparada para ter lugar em Roma, mas por vontade do Papa polaco, a celebração foi transferida para Fátima, onde João Paulo II beatifica Francisco e Jacinta Marto, apresentando-os à Igreja e ao mundo como «duas candeias que Deus acendeu para iluminar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas».

O decreto pontifício concede que os veneráveis Francisco e Jacinta sejam considerados beatos, com festa litúrgica a 20 de fevereiro.

A Irmã Lúcia esteve presente na celebração da beatificação dos primos e teve nessa altura o seu último encontro com João Paulo II.

Francisco e Jacinta Marto foram canonizados no Santuário de Fátima, a 13 de maio, durante a Missa da primeira Peregrinação Internacional Aniversária do Centenário das Aparições, presidida pelo Papa Francisco.

Tornaram-se assim nos mais jovens santos não-mártires da história da Igreja Católica.

A decisão sobre o local e data da canonização foi anunciada pelo Papa Francisco na reunião pública do Consistório, de 20 de abril, realizada no Palácio Apostólico do Vaticano.

O Santuário de Fátima voltou assim a ser o palco de uma cerimónia no processo de canonização de Francisco e Jacinta, depois de, a 13 de maio de 2000, João Paulo II ter presidido ali à beatificação dos dois videntes.

A canonização fora aprovada a 23 de março, quando o Vaticano anunciou que o Papa Francisco reconhecera o milagre atribuído a Francisco e Jacinta, última etapa do processo, iniciado há 65 anos.

O reconhecimento de um milagre realizado por sua intercessão depois da beatificação é um processo da competência da Congregação para a Causa dos Santos, regulado pela Constituição Apostólica Divinus Perfectionis Magister , promulgada por João Paulo II em 1983.

No processo de Francisco e Jacinta Marto, foi aceite como milagre a cura milagrosa de Lucas, uma criança brasileira de cinco anos, que tinha caído de uma janela, a uma altura de 6,5 metros no dia 3 de maeço de 2013, ficando em coma, com perda de tecido cerebral no lóbulo frontal direito.

A festa litúrgica de Francisco e Jacinta, até agora apenas a nível diocesano, ocorre a 20 de fevereiro, dia da morte de Santa Jacinta Marto.

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