11 de julho, 2017

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Aura Miguel afirmou que “dificilmente se encontra no mundo um silêncio intimo e profundo" como o de Fátima

A mais antiga vaticanista acreditada na Sala de Imprensa da Santa Sé falou da sua experiência na 2.ª edição dos Cursos de Verão do Santuário de Fátima

 

O Centro Pastoral de Paulo VI, em Fátima, acolheu hoje mais um dia da 2.ª edição dos Cursos de Verão do Santuário de Fátima. Os formadores foram a jornalista Aura Miguel e o jornalista Octávio Carmo.

No período da manhã, Aura Miguel, que integra como editora para os assuntos religiosos, a equipa da Rádio Renascença desde 1985 e é a mais antiga vaticanista acreditada na Sala de Imprensa da Santa Sé, tendo acompanhado mais de oito dezenas de viagens apostólicas no âmbito dos pontificados de João Paulo II, Bento XVI e Francisco, falou da sua experiencia aos presentes.

Começando por relembrar a visita de Paulo VI em 1967, a jornalista explicou que um dos principais motivos para esta “viagem relâmpago” foi “honrar Maria Santíssima e invocar a sua interceção na paz na Igreja e no mundo”, uma vez que de Fátima “brota uma retaguarda de oração que ajuda o Papa a ser Papa”.

Por seu turno, João Paulo II “era profundamente mariano mas sem grande conhecimento acerca de Fátima”.

Mas com o atentado tudo mudou, até porque o Papa polaco considerava que o pontificado após este acontecimento era “milagre”.

“Há uma nova vida, uma nova perspetiva após o atentado”, reiterou, até porque é “inexplicável” o facto de João Paulo II ter sobrevivido. No entanto o atentado, segundo o Sumo Pontífice, foi “útil” para “projetar a mensagem de Fátima”.

Quando João Paulo II veio a Fátima pela primeira vez em 1982, “veio para estar com a Mãe numa ligação intima e bonita”.

“Dificilmente se encontra no mundo um silêncio intimo e profundo como este, parece que o Papa fica sozinho na Capelinha das Aparições”, afirmou a jornalista Aura Miguel.

Na segunda visita, em 1991, João Paulo II, veio “num contexto diferente”, pela conjuntura que a Europa atravessava, e “com novos desafios que a liberdade trazia”.

Aura Miguel relembrou que numa das viagens, teve oportunidade de questionar João Paulo II sobre quando voltaria a Fátima, ao que ele respondeu: “Todos os dias vou espiritualmente a Fátima”.

Octávio Carmo é jornalista e chefe de redação da Agência ECCLESIA, com acreditação pela sala de imprensa da Santa Sé, e veio falar aos formandos da sua experiencia com Bento XVI e Francisco.

“Bento XVI escolheu Fátima e a sua centralidade para falar ao mundo sociocaritativo português e para invocar o ano sacerdotal”, explicou, reiterando que já em 1996 quando visitou Fátima ainda enquanto cardeal, Ratzinger falou dos que “não têm voz”, por Fátima ser um “suplemento de esperança” que “desperta o lado positivo”.

O jornalista lembrou que já enquanto Papa emérito, Bento XVI veio a publico dizer que a “terceira parte do segredo está completa”, e pode ter um “cunho apocalítico” mas não “catastrófico”.

“Bento XVI falou de Fátima antes de ser Papa, falou de Fátima durante o Papado e falou de Fátima enquanto Papa Emérito”.

Octávio Carmo afirmou ainda que “Fátima teve a capacidade não só de ser alerta mas sim capacidade de ser sinal de esperança e regresso a Deus, e Bento XVI relembra precisamente que essa missão profética de Deus não está esgotada, não na capacidade catastrófica mas na dimensão do bem - «O Meu Coração Imaculado Triunfará»”.

“Na sua visita em 2010, Bento XVI, veio motivado pelo 10º aniversário da Beatificação de Francisco e Jacinta Marto, e nessa ocasião veio para falar do futuro e não do passado, neste caso para projetar a promessa que continua a ressoar”.

No segundo momento formativo da tarde, o jornalista Octávio Carmo recordou a recente visita do Papa Francisco a Fátima e a sua relação com Nossa Senhora.

Octávio Carmo, de forma cronológica lembrou as várias referências que Francisco tem feito a Nossa Senhora desde o início do seu Pontificado, em 2013.

“Fátima e a sua espiritualidade não são estranhas à forma tão especial de ser e de estar do Papa Francisco. Quando aconteceu esta visita em maio de 2017, já havia uma longa história com Nossa Senhora”, relembrou o jornalista.

O chefe de redação da Agência Ecclesia considera que “passamos de uma teologia a uma pedagogia mariana”, e dessa forma todos os que estavam em Fátima por ocasião da visita “sentiram a proximidade de um Papa peregrino com os outros peregrinos e com Nossa Senhora”.

“As preocupações de Francisco aos pés de Nossa Senhora são atuais. O Papa falou de misericórdia, incitou a superar o mal com o bem, falou dos que não têm voz, das periferias, e da indiferença que se vive num mundo descartável”.

O jornalista lembrou que nos dias 12 e 13 de maio, o clima que se vivia em Fátima era “festival e os oito minutos de silêncio do Papa impuseram um clima de recolhimento contagiante”.

“Fátima é um momento de viragem, muda a forma como um Papa vê a sua função”, e no dia seguinte, Francisco em plena Praça S. Pedro, em Roma, falou da “importância desta peregrinação, do silêncio e da canonização de Francisco e Jacinta Marto”.

O curso, intitulado “Fátima e os Papas”, homenageia Luciano Coelho Cristino, diretor do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Fátima entre 1976 e 2013, figura de grande relevo no desenvolvimento do estudo das temáticas ligadas à História e Mensagem de Fátima. Da sua prolífera obra, destaca-se todo o labor em prol da Documentação Crítica de Fátima.

A 2.ª edição dos Cursos de Verão conta com cerca de 75 formandos oriundos de Portugal, Espanha, Brasil e EUA. A turma é composta por pessoas das mais diversas áreas: arte e património, história, ciências religiosas, economia social, turismo, matemática e física, ciências da comunicação, entre outras.

O primeiro dia desta edição contou com sessões de Ana Maria Jorge, António Matos Ferreira, Pedro Valinho Gomes e Bruno Cardoso Reis. O tema central do primeiro dia foi o Papado, desde da sua origem à Idade Média e também na época moderna e contemporânea. Foram ainda abordados temas sobre Pio XXI e Fátima.

Amanhã, o último dia deste curso de verão conta com os oradores, Sónia Vazão, André Melícias e Marco Daniel Duarte, abordando temas como os legados pontifícios em Fátima, os Papas diante a Imagem da Virgem de Fátima e as ofertas dos Papas ao Santuário de Fátima.

A sessão de encerramento estará ao cargo do Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto. Na ocasião será lançado o livro “As aparições de Fátima: reconstrução a partir dos documentos”, de Luciano Coelho Cristino, cuja apresentação será feita pelo reitor do Santuário de Fátima, Pe. Carlos Cabecinhas.

O programa oferece ainda algumas atividades culturais, como a visita à exposição temporária do Museu do Santuário de Fátima: “As cores do Sol. A luz de Fátima no mundo contemporâneo” e o visionamento do documentário “Fátima e os Papas”.

Todas as sessões decorrem no Centro Pastoral Paulo VI, na sala João Paulo II.

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