07 de outubro, 2021
As celebrações e as assembleias orantes “são um dos rostos mais visíveis e icónicos” de Fátima, afirma padre Carlos CabecinhasReitor do Santuário orientou a última visita temática à exposição temporária Rostos de Fátima, neste ano pastoral
A comunidade orante que se reúne em Fátima, para celebrar comunitariamente a fé, é um dos rostos mais “visível e icónico” de Fátima, afirmou esta noite o padre Carlos Cabecinhas que orientou a última visita temática do ano pastoral à exposição temporária “Rostos de Fátima- fisionomias de uma paisagem espiritual”, sobre o tema “As celebrações de Fátima: rosto visível da comunidade orante”. “Ocupar-se das celebrações de Fátima é ocupar-se do rosto mais visível de Fátima. Depois da Imagem de Nossa Senhora, não há elemento mais icónico de Fátima do que as celebrações, sobretudo as das grandes peregrinações”, afirmou o reitor do Santuário. O sacerdote, doutor em Liturgia, traçou um roteiro histórico das celebrações na Cova da Iria, desde as aparições até aos dias de hoje, sublinhando que a “paisagem celebrativa de Fátima foi sendo modelada progressivamente, quer pelos peregrinos, quer pelas decisões das autoridades eclesiásticas, quer pela própria evolução eclesial”. A este propósito recordou que mesmo quando não havia um espaço próprio para acolher as celebrações já a multidão se reunia em Fátima, como que obrigando as autoridades a desenhar um esquema celebrativo que acabou por modelar o ritmo quotidiano da vida do Santuário. As “Peregrinações Internacionais Aniversárias continuam a ser os mais representativos momentos de celebração no Santuário de Fátima e aqueles que mais profundamente marcam a ritualidade do Santuário de Fátima e o imaginário dos peregrinos da Cova da Iria”, mas não esgotam os momentos da celebração comunitária da fé. E, deu como exemplo algumas das celebrações que marcam o ritmo da vida do Santuário, corporizando a essência e a espiritualidade do acontecimento de Fátima.. Em virtude da crescente presença de peregrinos, ao longo de todo o ano, a procissão das velas faz-se diariamente, da Páscoa ao início do Advento e, a partir daí, aos sábados. “Esta procissão remete os peregrinos para o tema da luz, elemento comum que une todas as aparições de Fátima, enquanto expressão da presença divina por excelência”, afirmou o sacerdote. A procissão do adeus, que se estendeu a todos os domingos, da Páscoa ao fim de outubro, sendo um rito de despedida dos peregrinos a Nossa Senhora, caracterizado pela emotividade, é igualmente modelar. Além disso, há as missas (sete diariamente); 4 momentos diários de oração do terço, na Capelinha, número que aumenta aos Domingos e, ligada ao terço das 21:30, a procissão de velas com a imagem de Nossa Senhora; a celebração do sacramento da reconciliação durante todo o dia; a adoração permanente na Capela do Santíssimo Sacramento; a Via-sacra que o Santuário propõe na Quaresma, ou a Via Sacra durante todo o ano, por iniciativa dos grupos de peregrinos, sobretudo no chamado “caminho dos Pastorinhos”, em direção ao Calvário Húngaro; as procissões eucarísticas às quintas-feiras e aos domingos; a oração de Laudes ou Vésperas em alguns momentos específicos e a celebração da Unção dos Enfermos e de outros Sacramentos, que constiuem, também, marcas deste rosto celebrativo de Fátima. “O elenco poderia continuar, mas o que é importante reter é que as celebrações do Santuário são muito mais do que as peregrinações internacionais e estão intimamente ligadas ao âmago da própria mensagem de Fátima”, disse ainda o padre Carlos Cabecinhas ao lembrar os apelos de Nossa Senhora e do Anjo a rezar, a oração do terço, como forma de conversão e, sobretudo, como o caminho de encontro com Deus. Por outro lado, sublinhou a centralidade eucarística da mensagem de Fátima que se concretiza diariamente na celebração diária da Eucaristia, que se oferece em sete momentos diferentes no Santuário. “O relevo e a importância que a celebração diária da Eucaristia tem no Santuário de Fátima liga-se à própria mensagem de Fátima, caracterizada por uma dimensão profundamente eucarística. Sendo esta dimensão eucarística constitutiva da mensagem de Fátima, não admira que a Eucaristia tenha ocupado sempre um lugar central na vida do Santuário”, afirmou. “O programa diário da Santuário é ritmado pela celebração da Eucaristia, em diversos horários, para permitir aos peregrinos abundantes possibilidades de participação”, esclareceu. “Encontramos em Fátima algumas das mais típicas e universais manifestações da piedade popular: as procissões com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, de velas, ou eucarísticas; o rosário; a Via Sacra; a oferta de velas; a veneração da imagem de Nossa Senhora de Fátima… Nestas diversas manifestações devocionais exprime-se quer a sensibilidade do povo cristão, na sua relação com Deus, quer algumas das dimensões da própria mensagem de Fátima”, afirmou por outro lado. “Estas práticas têm um carácter universal, entre o povo cristão. Contudo, algumas delas tornaram-se características do Santuário de Fátima”, disse. “Os santuários, de um modo geral, são lugares excecionais para a oração” lembrou e daqui emergem novos rostos orantes que se assumem como rostos visíveis de uma determinada paisagem. “As assembleias de Fátima são o rosto visível da comunidade orante que é a Igreja”, destacou ao salientar que as assembleias de Fátima “revelam o rosto dessa comunidade orante caracterizado pela fé”. “São assembleias crentes, que se reúnem para celebrar a fé e que, pela participação na celebração ou no momento de oração, querem também alimentar a sua fé e aumentá-la” disse o sacerdote enfatizando que mau grado alguma “ atitude crítica em relação à forma de vivência e expressão de fé de alguns peregrinos”, Fátima “proporciona-nos sobretudo o contacto com testemunhos incríveis de fé e confiança”. “As assembleias de Fátima revelam uma profunda devoção mariana; manifestam o rosto mariano da Igreja. O Papa S. Paulo VI, em 24 de abril de 1970, numa alocução no Santuário de Nossa Senhora de Bonaria (Itália), afirmava: “Não se pode ser cristão se não se é mariano”. É isso que apreendemos nas assembleias de Fátima”, concluiu o reitor destacando alguns atributos destas assembleias. “São assembleias participativas, que não assistem ao que se está a passar diante dos seus olhos, mas celebram ativamente a fé: rezam, cantam, fazem silêncio, aclamam, aplaudem... e fazem-no frequentemente com uma persistência comovente: sem comodidades e, por vezes, enfrentando corajosamente condições meteorológicas adversas”, afirmou. “As assembleias de Fátima revelam um rosto universal da Igreja, mostram-na verdadeiramente “católica”. São assembleias abertas a todos, marcadas pela diversidade de idades, sensibilidades, caminhadas de fé... e proveniências” enfatizou. O sacerdote, que é reitor desde 2011, concluiu que “as celebrações de Fátima são o rosto de uma comunidade de filhos da luz, iluminados pela luz de Cristo e guiados por Ele, através da luz que a Sua Mãe veio revelar neste lugar”. A exposição que já registou mais de 58 mil visitas prossegue aberta até 15 de outubro de 2022. As visitas temáticas regressam a 4 de maio de 2022 e prolongam-se até outubro.Para já estão a ser gradualmente retomadas as visitas guiadas diariamente de manhã e de tarde. A exposição "Rostos de Fátima- fisionomias de uma paisagem espiritual" está patente ao público no Convivio de Santo Agostinho, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade. |