27 de dezembro, 2024

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Apocalypse now ou “Para vinho novo, odres novos”

Irmã Sandra Bartolomeu*

 

O momento presente da História mundial, marcado por extremismos políticos, guerras, uma ameaça nuclear e por grave crise climática, talvez evoque uma certa ideia de Apocalipse. Estará próximo o fim?

O que sabemos é que se avizinha o fim de mais um ano civil. Ao aproximar-se este término, a liturgia da Igreja deu-nos a escutar trechos deste livro, o do Apocalipse, último do cânone bíblico cristão. De comum entre o Apocalipse e o panorama mundial atual, talvez não seja o fim do mundo, mas o contexto de crise e o despojamento e refundamento que ele pede. O texto do Apocalipse (nome derivado do grego apokalypsis) ou da Revelação (do termo latim revelationem, por sua vez derivado de revelare) foi escrito precisamente em tempos de crise, nomeadamente, de feroz perseguição aos cristãos durante o Império Romano, tendo, por finalidade ‘des-velar’, ‘des-cobrir’ e ‘re-afirmar’ para a comunidade crente que o triunfo acontecido na história do Filho de Deus — da ressurreição sobre a sua morte — acontecerá também na vida daqueles que o seguem e Lhe permanecem fiéis, pondo n’Ele toda a fé, esperança e amor, mesmo “contra toda a esperança” (Rm 4,18). Este texto não é, portanto, sobre desgraça, mas sobre o anúncio da vitória definitiva de Deus — absoluto — sobre os impérios dos homens e mulheres. Apesar de poderem deixar marcas profundas, estes não têm a última palavra, nem sobre as consciências, nem sobre o fim da História, porque a última palavra é a da Verdade. Para isso, Deus quer fazer conta, ao menos, com alguns fiéis (cf. Ap 3,4).

Este parece um cenário pouco natalício. Mas o que é, afinal, preparar e acolher o nascimento de Deus na História? Que bom seria que as crises nos levassem a “levantar a cabeça” e a refundar a nossa esperança naquele e naquilo que não passa, criando em nós e nas nossas opções lugar para Deus ser Deus. É com os olhos postos no fim, isto é, no horizonte último da nossa esperança — Cristo e a sua Páscoa salvífica — que se está pronto para começar. O nosso fim sem fim é o princípio da vida nova e definitiva, a do próprio Deus que quer fazer em nós a sua morada. Preparar o acolhimento e a gestação da vida de Deus em nós, da nossa vida n’Ele, implica deixar-se renovar a partir do fim. “Para vinho novo, odres novos” (cf. Mc 2,22).


* A irmã Sandra Bartolomeu é religiosa das Servas de Nossa Senhora de Fátima.

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