05 de março, 2021
Santa Jacinta nasceu há 111 anosNeste 5 de março, o Santuário de Fátima evoca o aniversário da mais jovem santa não mártir da Igreja através de um vídeo onde o teólogo Franco Manzi fala do carisma de Santa Jacinta Marto.
A mais nova dos três videntes das Aparições de Fátima nasceu há 111 anos, a 5 de março de 1910, em Aljustrel. Num vídeo que assinala o seu aniversário natalício, publicado hoje nas redes sociais do Santuário de Fátima, o sacerdote e teólogo italiano Franco Manzi fala da vida de Santa Jacinta Marto como uma “oferenda de amor a Deus, sempre com o mesmo objetivo: a intercessão pelos pecadores”. “Jacinta começou a converter muitas das coisas desagradáveis da sua vida em oferendas de amor (…). Fazia tudo isto para a conversão dos pecadores mas, de forma muito peculiar, tomou partido da paixão, da cruz de Cristo vivenciando a sua própria morte com os mesmos sentimentos de Jesus e determinando assim, da sua própria forma, a mensagem de Fátima.”, afirma o teólogo, no vídeo de sete minutos, onde faz uma comparação entre o sofrimento do fim de vida deSanto Jacinta Marto e a Paixão de Cristo. “Os sofrimentos físicos da Jacinta parecem-se, em alguns aspetos, com aqueles de Cristo na cruz. A pleurite purulenta no pulmão esquerdo, razão pela qual Jacinta foi hospitalizada no hospital de Vila Nova, causou-lhe, uma vez regressada em casa, uma ferida no flanco esquerdo. (Esta ferida) faz-nos lembrar da ferida no flanco do Crucifixo, causada por uma lança.” O padre Franco Manzi destaca ainda a “intensa viagem espiritual” que Jacinta Marto iniciou “sob a orientação do mestre interior que é o Espírito Santo, e graças à proximidade do Anjo da Paz e de Nossa Senhora”, num acontecimento que moldou a sua personalidade até à sua santidade, numa vontade em imitar Jesus. “Desde as primeiras visões, a Jacinta deu um salto qualitativo a um nível espiritual, certamente possibilitado pelo seu carisma profético, o dom da profecia, uma vez que para ela foi possível ver o Anjo e Nossa Senhora, mas também ouvi-los e perceber as suas comunicações, mesmo que não falasse diretamente com eles. A sua consciência de fé, chegou ao ponto de querer imitar Jesus. Jesus, acima de tudo, o servo sofredor. Sentindo uma terna afeição por Jesus, Jacinta começou a desejar participar nos Seus sofrimentos em reparação pelos pecados da humanidade”, diz o sacerdote italiano.
Uma vida efémera que é exemplo para a IgrejaA data de nascimento de Jacinta Marto, filha de Manuel Pedro Marto e Olímpia de Jesus, é celebrada hoje, tendo por base o interrogatório que o cónego Manuel Nunes Formigão fez aos Videntes, de outubro de 1917. Embora a data de nascimento que consta no assento de batismo seja o dia 11 de março, é provável que a data de nascimento tenha sido alterada pelos pais, tal como sucedeu com a da Lúcia, uma alteração que vem esclarecida numa nota de rodapé do primeiro volume da Documentação Crítica de Fátima, onde é publicado o interrogatório do cónego Formigão fez aos Pastorinhos. “Provavelmente, a data exata de nascimento seria efetivamente o dia 5 de março de 1910. Como o batismo foi a 19 de março, terá sido indicado o dia 11 como data de nascimento, para evitar a multa aplicável ao adiamento, para além dos oito dias”, lê-se daquela fonte crítica dos acontecimentos de Fátima. Desde muito nova que começou a pastorear o rebanho de seus pais, na companhia do irmão Francisco Marto e da prima Lúcia de Jesus, os dois Videntes mais velhos. Foi na Cova da Iria, local onde se pastoreavam os rebanhos, que os três Pastorinho deram conta da aparição de uma Senhora “mais brilhante que o sol” que lhes diz ser “do Céu”, que lhes pede que ali voltem “seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora”, indicando-lhes que, na aparição final, lhes revelaria quem era e o que queria. Na última aparição, a Senhora viria a apresentar-se aos Videntes como a Senhora do Rosário. Jacinta faleceu aos 9 anos de idade, no Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, onde foi internada depois de adoecer em 1918 com a epidemia da gripe espanhola. O seu corpo foi sepultado no cemitério de Vila Nova de Ourém, tendo sido transladado para o Cemitério de Fátima em 1935 e, dez anos mais tarde, para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. A vidente foi beatificada a 13 de maio de 2000 pelo Papa João Paulo II, em Fátima e canonizada, a 13 de maio de 2017, pelo Papa Francisco, no Santuário de Fátima, em pleno ano jubilar do Centenário das Aparições.
Franco Manzi, um pensador do acontecimento de FátimaO padre Franco Manzi é sacerdote da diocese de Milão e doutorado em estudos bíblicos e em teologia. É professor de Novo Testamento e da Língua Hebraica no Seminário de Milão, professor convidado de Novo e Velho Testamento, na Faculdade Teológica do Norte, no Instituto Superior de Ciências Religiosas de Milão e na Faculdade de Teologia de LuganoColabora com muitas outras revistas de exegese bíblica, teologia, liturgia e pastoral. Em 2014 participou no segundo número da revista Fátima XXI com o artigo “As Crianças-Profetas de Fátima. Discernimento eclesial sobre a visão de 13 de outubro de 1917”. Em 2015, apresentou a reflexão “O mistério do amor de Deus pelo mundo na mensagem de Fátima” no âmbito do Simpósio Teológico-pastoral Envolvidos no amor de Deus pelo mundo e, em 2016, foi orador no 24º Congresso Mariológico Mariano Internacional, realizado em Fátima, onde falou sobre “O conteúdo teológico da mensagem de Fátima e sua interpretação”.
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