21 de julho, 2019
“Acolher bem é evangelizar”, afirma cardeal D. António MartoBispo de Leiria-Fátima presidiu à Missa dominical na Cova da Iria, na qual culminou a 42ª Peregrinação Nacional do Movimento da Mensagem de Fátima
A cultura do acolhimento, no sentido cristão, não é apenas um gesto de cortesia ou de simpatia; “acolher é evangelizar”, afirmou esta manhã o cardeal D. António Marto na homilia da Missa dominical a que presidiu em Fátima. A partir do Evangelho proclamado este domingo, evocando as figuras de Marta e Maria, as duas irmãs de Lázaro, e a forma como receberam Jesus Cristo em Betânia, conjugando contemplação e ação, o bispo de Leiria-Fátima sublinhou a importância do sentido do acolhimento e da fraternidade para que todos se façam próximos. “Para nós cristãos o acolhimento não é apenas um gesto de cortesia ou simpatia; acolher bem é evangelizar: ter o sentido da escuta, da compreensão, do cuidado e da atenção, sempre com delicadeza” afirmou o prelado destacando que se trata de “um gesto de amor com o outro que precisa ser acolhido”. “No diálogo com Marta, Jesus não lhe quis dar uma noção de cortesia e de como receber bem; quis antes fazer uma catequese” ressalvou D. António Marto, “chamando a atenção para o que está, e deve estar, no centro da vida de um discípulo. Não quis repreender Marta; quis apenas frisar que a atitude de Maria, que preferiu estar com ele e escutar a sua palavra, é a atitude certa dos cristãos” e “tantas vezes é posta em causa”. “Quantas vezes nos desgastamos à toa, sem ter tempo para parar, para escutar e para olhar? Pára, escuta e olha...”. “Já lemos isso nalgum lado, quando paramos numa passagem de nível... Se tu não tens tempo para parar, para estar com Jesus; se não tens tempo para olhar para a tua vida com calma e serenidade e para analisar como ela está a ser vivida e pode ser renovada, podes perder o melhor- a amizade-, que se cultiva e fortalece no diálogo, na partilha da vida; podes perder a ternura que se exprime em gestos simples e afetuosos de atenção e de ajuda; podes perder a paz do coração que encontrou serenidade, repouso e sossego na luz da sua fé, na confiança da sua esperança, no amor da sua caridade”, afirmou o bispo de Leiria-Fátima em jeito de interpelação aos milhares de peregrinos presentes, na sua maioria mensageiros do Movimento da Mensagem de Fátima, que hoje termina a sua 42ª Peregrinação Nacional. “Esta virtude do acolhimento deve dar origem a uma cultura do acolhimento tão necessária para fazer face à cultura contrária da exclusão, da indiferença da marginalização e do descarte” enfatizou ainda dirigindo uma palavra direta aos milhares de mensageiros, de todas as dioceses do país, incluindo as das regiões Autónomas da Madeira e dos Açores. “Como nos acolhemos uns aos outros, a começar dentro da família, onde muitas vezes vivemos tão dispersos, onde não há capacidade de nos escutarmos uns aos outros pelas distrações provocadas pela televisão, pela internet, pelo facebook, pelo instagram... Tudo tem o seu lugar, mas é preciso saber o que é mais importante”. D. António Marto terminou a homilia pedindo a “Nossa senhora do coração e da escuta que nos ajude a escutar o coração do Seu filho e a estarmos atentos às necessidades dos nosso irmãos”, concluiu. A Missa dominical foi a última `etapa´ para os mensageiros participantes na 42ª Peregrinação Nacional do Movimento da Mensagem de Fátima, uma associação pública de fiéis, com personalidade jurídica, ereta pela Conferência Episcopal Portuguesa, com caráter nacional e que é assitida pelo bispo de Leiria-Fátima. A peregrinação deste ano teve como tema "Consolai a Deus", numa referência à atitude de São Francisco Marto, o pequeno vidente de Fátima que morreu há cem anos. |