12 de maio, 2009
Dia 12 de Maio - 18:30 - Capelinha das Aparições
Peregrinação de confiança em momento de crise
1. Cada um de nós é um peregrino. Todos nos sentimos chamados a avançar, com coragem, pelo caminho de Deus, à Sua busca ou ao Seu encontro, e atraídos por Ele, como reza uma bela inscrição na Basílica de S. João de Latrão: “Tu atraíste-nos para Ti, Senhor, e inflamaste os nossos corações”. Foi esta atracção íntima de Deus, através do coração materno de Maria, que nos trouxe em peregrinação a Fátima. Como vosso irmão, bispo desta diocese, saúdo a todos vós aqui presentes com todo o afecto e no amor de Jesus Cristo. Saúdo com particular e fraterno afecto o Senhor Cardeal D. Óscar Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa, nas Honduras, e Presidente da Caritas Internacional, que se dignou aceitar o convite para presidir a esta peregrinação aniversária de 13 de Maio e cuja presença muito nos honra e alegra. Em nome pessoal e de todos os peregrinos dou-lhe as boas vindas e expresso-lhe o nosso profundo reconhecimento. Seja bem vindo, Senhor Cardeal, e muito obrigado! Saúdo também fraternalmente os irmãos no episcopado aqui presentes. 2. O caminho exterior do peregrino torna-se parábola, expressão viva de uma peregrinação interior. Pelo caminho, lançamos um olhar retrospectivo ao percurso da nossa vida: umas vezes, com lágrimas de dor ou de arrependimento, outras com gratidão e alegria. De qualquer modo, seguimos em frente, porventura com inquietação e ansiedade, mas sempre com expectativa e esperança, sabendo que há outros que nos encorajam ao longo do caminho e que, no termo, alguém nos espera e espera por nós. A peregrinação torna-se pois numa viagem espiritual: uma “santa viagem” na fé e na esperança. A fé ajuda-nos a ver um horizonte para além de nós mesmos, com dimensão de eternidade! O amor incondicional de Deus, que dá a vida a cada um, tem um significado e uma meta para cada vida humana. É um Amor salvador, digno de confiança! Jesus indica-nos o caminho a seguir: o caminho da esperança e do amor, que guia cada passo do nosso caminhar, de tal modo que também nos tornemos portadores desta esperança e deste amor para os outros. E Maria, Mãe de Jesus e Mãe nossa, que aqui nos espera, corrobora a indicação de Jesus: “Fazei o que Ele vos disser”! 3. É toda esta riqueza espiritual da peregrinação que Nossa Senhora nos convida a vivenciar aqui em Fátima. Chegados à meta do seu santuário, ecoam em nós as mesmas palavras de alento que Ela dirigiu aos pequenos videntes e, através deles, à humanidade em tremenda provação pelo sofrimento de guerras mundiais: “A graça de Deus será o vosso conforto”; “O meu Coração Imaculado será o teu refúgio e conduzir-te-à até Deus”! Confiantes no poder da Sua intercessão queremos colocar hoje no Seu coração materno todas as intenções que trazemos connosco ou confiaram à nossa oração, mas sobretudo duas muito particulares, de dimensão eclesial e universal. Antes de mais, confiamos à Mãe da Igreja o bom êxito da peregrinação apostólica do Santo Padre, Bento XVI, à Terra Santa – “tão santa como dolorosa” por conflitos e feridas constantes -, onde se encontra como corajoso e intrépido peregrino da paz, do diálogo e da reconciliação. Quando o Papa realiza um gesto tão significativo e solene como é o de uma viagem à Terra Santa, fá-lo em nome e em representação de toda a Igreja, como ele próprio afirmou. Por isso, somos todos nós que o acompanhamos, unidos a ele em oração. Queremos também confiar a Nossa Senhora as ansiedades e preocupações que hoje atormentam tantas pessoas e famílias, sem trabalho ou recursos, vítimas das agravadas dificuldades da actual crise económica mundial. Com todos vós quero renovar a confiança na Mãe da humanidade que não nos abandonará nas nossas necessidades, conscientes de que isto não significa simplesmente pedir-lhe ajuda e consolação. Significa tambémescutar o seu apelo, feito aqui em Fátima, a reparar as injustiças (as estruturas de injustiça) do nosso mundo e a empenharmo-nos a favor dos outros com um grande espírito de solidariedade e um alto sentido de responsabilidade. A nossa confiança não é uma confiança simplista numa solução mágica dos problemas; é antes uma confiança no empenho de solidariedade de todos e na nossa presença ao lado das irmãos em dificuldade. Com grande confiança no poder da Sua intercessão dirigimo-nos pois a Ela com a nossa prece: “À vossa protecção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades; mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita”. Ámen! + António Marto, Bispo de Leiria-Fátima |