18 de junho, 2021

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“A santidade dos dois pastorinhos é um dos frutos mais belos da mensagem de Fátima sob a guia do Coração Imaculado de Maria e convida-nos a olhar Fátima como escola de santidade na simplicidade do quotidiano”

Simpósio Teológico-Pastoral desafia 220 participantes a refletir a santidade

 

“Fátima, hoje: pensar a Santidade” é o desafio que o Simpósio Teológico-Pastoral, organizado anualmente pelo Santuário, pretende levar por diante, de hoje até domingo,  sobre aquela que é a identidade e o desejo de uma comunidade cristã – a santidade –, e que constitui a sua principal marca ao longo de mais de dois mil anos.

A iniciativa tem transmissão em direto nos meios digitais do Santuário de Fátima. 

Na sessão de abertura, o Cardeal D. António Marto, bispo da diocese de Leiria-Fátima, afirmou que a santidade tem de ser vista à luz dos dias de hoje e não pode ser entendida como "um património do passado".

“O futuro da Igreja é também história da santidade”, disse, lembrando que sem os santos “a sociedade é constrangida a sofrer uma dramática escassez de amizade e harmonia, como também de um excesso de ódio e de contraposição”.

O prelado considera que “confinar Deus na religião e na Igreja é uma tentação forte face ao mundo difícil, contraditório, global e em crise global em que nos toca viver, mas os grandes santos amaram o mundo do seu tempo em crise”.

“Na perspetiva cristã, a santidade mostra uma extraordinária força humanizadora e uma grande oferta de sentido e de esperança”, reiterou, lembrando o Papa Francisco na Exortação Apostólica Exultai e alegrai-vos, que fala do chamamento à santidade no mundo contemporâneo.

A santidade de que fala “é concreta, incarnada, visível, palpável, percetível, por todo o crente que não se contente com uma existência medíocre e não está reservada a quem se afasta das ocupações normais de cada dia”.

“Devemos, pois, aproveitar ao máximo o rico património dos santos da Igreja local e universal, irmãos mais velhos na fé, que nos confirmam que o caminho da santidade não só é possível e praticável, mas dá grande alegria e nesta linha, aqui em Fátima, a santidade dos pastorinhos é inspiradora, memória preciosa a não perder, mas a vivificar”, explicou D. António Marto.

Ao canonizar estas crianças, “a Igreja e o mundo de hoje estavam a receber e a emitir um sinal”.

“A primeira coisa que salta à vista é o valor da vida invisível de Jacinta e de Francisco, pois não foram heróis famosos nem conheceram a popularidade das redes sociais de comunicação, mas sim foi-lhes dado viver intensamente uma experiência de fé que os surpreendeu, na visão que tiveram, para lá da sua competência para a exprimir ou para a compartilhar. Isso é um puro evento da graça divina que atua onde quer e como quer”, disse o bispo de Leiria-Fátima.

“A santidade das crianças é mais gratuita e mais misteriosa do que a dos adultos”, considera, recordando que ao canonizar Jacinta e Francisco, “a Igreja está a receber um claro sinal divino em relação à dignidade das crianças em ordem a assumir um compromisso com o futuro a respeito da compreensão e do tratamento da infância uma vez que não é apenas um período de carência de maturidade, mas é uma idade da vida tão digna como as outras”.

D. António Marto assegurou que infância tem a sua perfeição e a sua santidade mostrando assim que “cada estação da vida tem a sua perfeição e santidade e que o cuidar da dignidade dos outros, sobretudo dos mais frágeis, faz parte da santidade”.

“A santidade de Jacinta e Francisco são um exemplo e apelo para toda a Igreja, uma vez que cada um deles tem um perfil espiritual próprio no caminho da santidade”, lembrou. Francisco “era mais dedicado à contemplação e à adoração enquanto fascinado pela beleza de Deus e do seu amor”.

Jacinta “vivia mais a compaixão da entrega em favor da humanidade pelos sofredores, pelo Santo Padre e pela conversão dos pobres pecadores”.

“A santidade dos dois pastorinhos é um dos frutos mais belos da mensagem de Fátima sob a guia do Coração imaculado de Maria e convida-nos a olhar Fátima como escola de santidade na simplicidade do quotidiano”, reiterou.

Neste pano de fundo podemos ver “a atração da mensagem de Fátima, que congrega multidões e irradia para todo o mundo, como um apelo à santidade de povo, católica e universal – santidade popular, possível e acessível a todos e a cada um”.

“É um dom universal destinado a todos os homens e mulheres que se deixam contagiar pela santidade de Cristo através de Maria e dos pastorinhos e não está reservada a poucos eleitos ou a certas elites em ambientes protegidos. É proposta a todos e está presente no mundo até nas mais impensadas situações. Santidade no mundo, com o mundo e através do mundo como nossa casa comum em que somos todos irmãos chamados a cuidar uns dos outros”, afirmou o prelado.

 

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O reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, deu as boas-vindas aos cerca de 220 participantes, e lembrou que “Fátima é escola de Santidade, quer na mensagem do Anjo e de Nossa Senhora, quer nos seus protagonistas, nomeadamente os Santos Francisco e Jacinta Marto”.

“A mensagem de Fátima apresenta caminhos de santidade e exorta à santidade, por outro lado nos Pastorinhos encontramos rostos concretos dessa santidade a que somos chamados”, disse.

Marco Daniel Duarte, presidente da comissão científica e organizadora do Simpósio, considera que apesar da iniciativa ter sido adiada durante um ano, o “conteúdo não passa de validade e aparece enriquecida com aquilo que este tempo traz”.

“A expressão santidade foi sempre tomada como definidora da própria comunidade cristã, na sua identidade e desejo e também em Fátima faz sentido, hoje, pensar a santidade, pela experiência que o acontecimento e a história da Cova da Iria propõem à humanidade”, reiterou.

No programa de hoje, as comunicações estiveram a cargo de Crispino Valenziano, do Pontificio Colégio de Santo Anselmo; Jerónimo Trigo, teólogo moralista da Universidade Católica; Teresa Messias, da mesma Universidade; Amália Saraiva da Congregação das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima e da investigadora Marta Brites.

 

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A Ir. Amália Saraiva  falou da ação de adoração, vivida de forma particular Fátima, como um “ato de amor gratuito e despojado”.

“No mundo em que vivemos a adoração atesta a primazia de Deus, é o testemunho da vida de Deus no mundo e particularmente na eucaristia”, referiu, lembrando que as palavras proferidas pelo Anjo em 1916, foram um apelo “à adoração continua”.

Assim, “no gesto e nas palavras, Deus revela-se a si mesmo no Seu mistério trinitário suscitando uma resposta generosa de adoração, por parte dos pastorinhos e da nossa parte”.

“O rosário, e a oração dos Pastorinhos, são a expressão e concretização de uma vida em oração e contemplação”, considera a religiosa, membro da congregação que assegura a adoração desde a primeira hora em Fátima.

“A Adoração é ponto de chegada pelo conforto que proporciona, sem tempo, de forma inteira, que acolhemos com gratidão, com tranquilidade, sem questões de agenda e sem compromisso”, concluiu.

Esta noite terá ainda um momento cultural, “Da música Mariana nas Raízes Lusófonas. Recriações etnomusicológicas", pelo trio B’rbicacho, que decorrerá no Foyer do Centro Pastoral de Paulo VI.

O projeto que junta uma viola da gamba, um clarinete, uma guitarra e três vozes femininas, percorrerá a época medieval e viajará até ao presente, passando sobretudo pela música de raiz lusófona.

As comunicações podem ser acompanhadas em direto aqui.

 

(atualizado 18h20)

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