17 de abril, 2022
“A ressurreição é explosão de luz, pela qual Cristo ilumina as noites das nossas vidas”, afirma reitor do SantuárioCelebração do anúncio da ressurreição, volta a reunir milhares de fiéis em Fátima, dois anos depois
O reitor do Santuário de Fátima recordou hoje na homilia da Vigília Pascal, “as noites" da vida convidando à esperança a partir da atitude das mulheres que anunciaram a Ressurreição de Jesus. “No Evangelho, escutámos a proclamação da boa nova desta noite pascal: Jesus Cristo está vivo! Está vivo para nunca mais morrer, pois venceu a morte. E porque vivo, está doravante connosco sempre e em todos os lugares e circunstâncias”, disse o padre Carlos Cabecinhas. Lembrando as mulheres que escutaram a notícia da ressurreição de Jesus – “não está aqui” -, o responsável disse que é a nós que é dirigida, hoje, esta mesma interrogação. “Em muitos momentos, não sabemos contar com Cristo vivo, na nossa vida: vivemos como se Ele estivesse morto, como se não tivesse ressuscitado; vivemos como se Ele fosse apenas uma figura interessante do passado, mas que não conta para a nossa vida presente, para as nossas opções e atitudes; vivemos como se Ele não estivesse a nosso lado nas dificuldades, nos momentos de escuridão e de trevas; como se Ele nos abandonasse e nos tivesse deixados sós, com as nossas angústias e desânimos; como se Ele já não iluminasse o nosso caminho com a Luz que é Ele mesmo”, disse o sacerdote. “É a ressurreição de Jesus que faz desta noite uma noite especial, única: uma noite bendita e ditosa”, esclareceu ainda. “A ressurreição é explosão de luz, pela qual Cristo ilumina as noites das nossas vidas” afirmou o padre Carlos Cabecinhas. Na homilia da Vigília Pascal, o reitor pediu ainda coragem para testemunhar a ressurreição de Cristo que “é o fundamento da nossa fé, da nossa esperança e da nossa confiança, mesmo em tempos conturbados, como estes em que vivemos”. O reitor desafiou os peregrinos a levar “Jesus Cristo vivo a outros” para que possam “experimentar a Sua presença nas suas vidas”. “Como as mulheres de que nos falava o Evangelho, que foram levar a notícia aos Apóstolos e a todos os discípulos de Jesus, também nós somos enviados a anunciar esta boa nova da ressurreição, não tanto por palavras, como sobretudo pelo nosso testemunho de alegria por sermos discípulos de Jesus Cristo ressuscitado, por sermos cristãos”, esclareceu. “Um cristianismo vivido tristemente, sem entusiasmo e sem alegria, é a negação da nossa fé na ressurreição de Jesus” afirmou, salientando que “o nosso testemunho e a nossa alegria sejam ao menos capazes de inquietar e levar outros a ir ver, a ir confirmar, como Pedro. Muitas vezes é quanto basta para Deus poder tocar o coração...”. “Caros irmãos e irmãs, celebremos com alegria a Páscoa do Senhor e, com o testemunho da nossa vida, proclamemos que Jesus Cristo está vivo para sempre e enche de sentido as nossas vidas!”, concluiu o reitor. A Vigília Pascal começa com um ritual do fogo e da luz que evoca a ressurreição de Jesus; o círio pascal é abençoado, antes de o presidente da celebração inscrever a primeira e a última letra do alfabeto grego (alfa e ómega), e inserir cinco grãos de incenso, em memória das cinco chagas da crucifixão de Cristo. A inscrição das letras e do ano no círio é acompanhada pela recitação da fórmula Cristo ontem e hoje, princípio e fim, alfa e ómega. Dele são os tempos e os séculos. A Ele a glória e o poder por todos os séculos, eternamente. O Círio Pascal que foi aceso na Vigília do Santuário de Fátima evoca a celebração do centenário da Voz da Fátima. Aos símbolos específicos do Círio Pascal, somou-se o Evangelho da Vigília de Páscoa (Lucas 24, 1-12), distribuído por duas colunas de texto que acompanham a longa haste da cruz, e dois retângulos ilustrativos do texto transcrito em cada uma das colunas, junto ao arranque da cruz. Assim, o registo inferior do retângulo esquerdo evoca as “mulheres que tinham vindo com Jesus da Galileia”, as quais parecem olhar para os “dois homens com vestes resplandecentes” que adornam o texto evangélico e que, segundo o relato bíblico, as mulheres encontraram no sepulcro. O registo inferior do retângulo direito alude ao momento em que as mulheres “foram contar tudo isto aos Onze”, a quem “tais palavras pareciam um desvario”. A cena é, por isso, marcada por uma figura de gesto forte, que segurando na mão direta uma folha marcada por duas colunas de texto, é como que contida por outras duas personagens e acompanhada por uma quarta figura. Por fim, na coluna de texto do lado direito, encontra-se Pedro, que “viu apenas as ligaduras e voltou para casa admirado”, representado por meio de uma figura de gesto incrédulo que olha as ligaduras deixadas no interior do sepulcro. A composição pictórica do Círio torna-se, indissociável do texto bíblico transcrito, repetindo a mancha gráfica típica dos manuscritos medievais, mas também a das colunas de um jornal contemporâneo, sublinhando deste modo como o Evangelho de Cristo é uma Boa Noticia (significado etimológico da palavra Evangelho) para todos os tempos. Tal opção pretendeu, primeiro, sublinhar o círio como sinal de Cristo Ressuscitado que ilumina a Palavra e dela colhe a Sua Luz; segundo, evocar a celebração dos 100 anos do A Voz da Fátima, jornal oficial do Santuário. Por esta razão, as letras Alfa e Ómega tomam inspiração direta no primeiro cabeçalho do jornal cuja tiragem iniciou e 1922. A liturgia da Palavra “percorre a história da Salvação”, propondo sete leituras do Antigo Testamento, que recordam “as maravilhas de Deus na história da salvação” e duas do Novo Testamento: o anúncio da Ressurreição segundo os três Evangelhos sinópticos (Marcos, Mateus e Lucas), e a leitura apostólica sobre o Batismo cristão. A Liturgia Batismal é parte integrante da celebração, pelo que mesmo quando não há qualquer Batismo, se faz a bênção da fonte batismal e a renovação das promessas, sublinhando uma história de salvação “concretizada” na vida da comunidade católica. Do programa ritual consta, ainda, o canto da ladainha dos santos, a bênção da água, a aspersão de toda a assembleia com a água benta e a oração universal. O ‘aleluia’, suprimido no tempo da Quaresma, reaparece em vários momentos da Missa, como sinal de alegria. Em Fátima a celebração da Vigília Pascal termina com uma Procissão com o Santíssimo até à Sua Capela, na Galilé dos Apóstolo, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade.
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